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A Violência em Escolar

Por:   •  15/4/2015  •  Resenha  •  2.197 Palavras (9 Páginas)  •  159 Visualizações

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PEREIRA,Maria Auxiliadora. Violência nas Escolas: Visão de Professores do Ensino Fundamental Sobre esta Questão. 2003. 128 f. Dissertação (Mestrado em enfermagem psiquiátrica). Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto - SP, 2003.

Em sua dissertação, Pereira (2003) levanta uma série de questões a fim de estabelecer os reais motivos para a violência na vivência escolar, ocupando-se ainda de classificar as diversas modalidades de violência. Para o estudo prático foram entrevistados professores do ensino fundamental, de mo que fosse possível estabelecer possíveis alternativas para minimizar os efeitos desse fenômeno. Para a realização prática do estudo, foram aplicadas entrevistas individuais a 20 professores de ambos os sexos, sendo predominante a presença de pessoas do sexo feminino acima dos 40 anos de idade.

De acordo com Pereira (2003) o mundo vem passando por transformações contínuas e aceleradas, assim, o desenfreado progresso que define a atualidade e seus reflexos é responsável por influenciar uma enxurrada de problemas que permeiam relações do ser humano com a natureza, consigo mesmo e com seus semelhantes. Isso porque, essas tantas mudanças que ocasionaram a globalização inviabilizam a visão sistêmica do indivíduo sobre o mundo, essa visão foi prejudicada por sua fragmentação. Nesse cenário, uma série de problemas tais como a violência instituída, a negligência aos direitos humanos, a degradação e assimetria das relações sociais, o racismo, a miséria, entre outros fazem parte de um quadro que por si só é altamente perturbador e atua como inviabilizador de fuga, resignação, etc.

O equilíbrio nas relações humanas é responsabilidade exclusiva dos seres humanos, mais que isso, é uma dúvida e uma capacidade cognitiva que é característica apenas dos indivíduos. Porém, a dificuldade na aceitação dessa responsabilidade, bem como, na visão de que ser um humano é ser parte que integra a sociedade para fins reversivos aos caos em que vivemos hoje, isso contraria o modelo ideal para o estabelecimento de relações saudáveis consigo, com o outro e com a natureza, Pereira (2003, p. 18) explica essa questão do seguinte modo

Enquanto seres humanos, representamos uma parte importante para o equilíbrio necessário à preservação da vida. Entretanto, o equilíbrio do ser humano em diferentes aspectos, vem sendo prejudicado pela dificuldade do próprio homem se perceber como parte integrante e responsável deste todo e, como um ser útil e capaz de estabelecer relações saudáveis consigo e com o seu meio. Assim, em vez de paz, emerge a violência, a guerra, o vandalismo, o crime e a marginalidade, surgindo em

massa a delinqüência e a exclusão social.

O explanado acima é claramente refletido nas escolas, conforme experiência do estudo prático realizado por Pereira (2003) toda a estrutura física da escola estava mal cuidada, "com infiltrações, sujeiras, gotas, pichações, falta de ventilação (...) presença de rato e acúmulo de lixo, vidraças quebradas, carteiras arrebentadas, etc. " É quase impossível acreditar na ideia de que existam prédios públicos como no caso de uma instituição escolar que estejam com traços tão degradantes e impróprios para o ser humano, mas na verdade, é a grande realidade de muitas escolas públicas ao redor do Brasil. Não bastasse toda essa situação, a poluição sonora também penetrava o lugar, tanto por conta de veículos que passam o tempo inteiro frente à escola como também por causa dos gritos constantes dos alunos. Porém, por mais que muitas vezes os alunos sejam julgados pela degradação dos prédios e barulho, é dever do Estado garantir as condições adequadas para que o aluno aprenda.

Por meio de entrevistas informais, muitos alunos declararam que a realidade estabelecida era insuportável, mas por outro lado, se sentiam impotentes quanto a qualquer ato de mudança, ou seja, não creem que são capazes de algo para mudar a situação, por tamanho desânimo e descrença na direção da escola e demais funcionários que não se mobilizam para resignificar o ambiente escolar. Ainda assim, não é interessante para nossa luta procurar e apontar culpados, visto que todos sofrem , o descaso por parte do Estado, a questão cultural, econômica e a ausência de fé no sistema que tornaram qualquer resquício de esperança um movimento inexistente que passa a ideia de acomodação no problema, sendo que atualmente, os gestores, os professores e demais funcionários não têm muita saída pelos sérios conflitos sociais que adentram os muros da escola. Perceba que segundo Pereira (2003, p. 23).

A existência de um círculo vicioso, do qual emerge a violência, apresenta-se em proporções gigantescas, mergulha a todos numa onda imensa e profunda, ocorrendo sob diversas formas: física, verbal, sexual entre outras; até mesmo a violência implícita, que não é percebida por muitos, possivelmente, por fazer parte do modo de conviver e ser no mundo de hoje (p. 23).

Isto é, como dito os problemas existentes são tantos e a ineficácia ou ausência no tratamento de um problema leva a outro afundando a sociedade cada vez mais nas formas mais variadas da violência, inclusive, a naturalização de algumas violências se tornou imperceptível o que impede que esta receba tratamento adequado, visto que, socialmente foi construída uma cultura que pratica o livre exercício da violência e por outro lado não percebe que essa mesma violência tem sido exercida nas relações humanas, nas relações com a

natureza, e nas relações consigo mesmo.

Perceba que, nas palavras de Pereira (2003, p. 27) a violência foi generalizada em nossa sociedade, ou seja, não ocorre apenas em grupos segregados, mas na verdade, contempla todas as classes sociais, espaços e etnias, etc. :

A violência generalizada é um dos fenômenos que acometem o mundo contemporâneo em todas as suas instâncias e se manifesta de variadas formas. Ela está presente em toda sociedade e não se restringe a determinados espaços, a determinadas classes sociais, determinadas faixas etárias ou a determinadas épocas (p. 27, grifo nosso).

É importante afirmar que a Psiquiatria considera que algumas psicopatologia sejam validadas para o exercício de condutas violentas, ou seja, funcionam agentes a desencadear comportamentos agressivos. No entanto, esses comportamentos não podem ser compreendidos isoladamente, ou seja, não pode ser visto apenas sob a subjetividade de um indivíduo. Isso porque, conforme todo indivíduo está inserido em determinado contexto social, sua formação e comportamentos sofrem influências do meio que estão e interferem

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