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A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-aprendizagem

Por:   •  8/4/2021  •  Trabalho acadêmico  •  4.136 Palavras (17 Páginas)  •  541 Visualizações

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A interdisciplinaridade como um movimento

articulador no processo ensino-aprendizagem

Juares da Silva Thiesen

Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Educação

Centro Universitário de São José, Departamento de Educação

RBE 39.indd 545 10/12/2008 14:17:05546

Juares da Silva Thiesen

Revista Brasileira de Educação v. 13 n. 39 set./dez. 2008

no caráter dialético da realidade social, pautada pelo

princípio dos conflitos e das contradições, movimentos

complexos pelos quais a realidade pode ser percebida

como una e diversa ao mesmo tempo, algo que nos

impõe delimitar os objetos de estudo demarcando

seus campos sem, contudo, fragmentá-los. Significa

que, embora delimitado o problema a ser estudado,

não podemos abandonar as múltiplas determinações

e mediações históricas que o constituem.

Dadas a natureza e a especificidade deste artigo,

tomar-se-á como principal ponto de reflexão o papel

da interdisciplinaridade no processo de ensinar e de

aprender na escolarização formal, buscando-se articular as abordagens pedagógica e epistemológica, com

seus avanços, limitações, conflitos e consensos.

Edgar Morin (2005), um dos teóricos desse movimento, entende que só o pensamento complexo sobre

uma realidade também complexa pode fazer avançar

a reforma do pensamento na direção da contextualização, da articulação e da interdisciplinarização do

conhecimento produzido pela humanidade. Para ele:

[...] a reforma necessária do pensamento é aquela que gera

um pensamento do contexto e do complexo. O pensamento

contextual busca sempre a relação de inseparabilidade e as

inter-retroações entre qualquer fenômeno e seu contexto,

e deste com o contexto planetário. O complexo requer um

pensamento que capte relações, inter-relações, implicações

mútuas, fenômenos multidimensionais, realidades que são

simultaneamente solidárias e conflitivas (como a própria

democracia, que é o sistema que se nutre de antagonismos

e que, simultaneamente, os regula), que respeite a diversidade, ao mesmo tempo que a unidade, um pensamento

organizador que conceba a relação recíproca entre todas

as partes. (p. 23)

Nesse sentido, a interdisciplinaridade será articuladora do processo de ensino e de aprendizagem na

medida em que se produzir como atitude (Fazenda,

1979), como modo de pensar (Morin, 2005), como

pressuposto na organização curricular (Japiassu,

1976), como fundamento para as opções metodológicas do ensinar (Gadotti, 2004), ou ainda como

elemento orientador na formação dos profissionais

da educação.

Origem e conceitos de interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade, como um enfoque teórico-metodológico ou gnosiológico, como a denomina

Gadotti (2004), surge na segunda metade do século

passado, em resposta a uma necessidade verificada

principalmente nos campos das ciências humanas e

da educação: superar a fragmentação e o caráter de

especialização do conhecimento, causados por uma

epistemologia de tendência positivista em cujas raízes

estão o empirismo, o naturalismo e o mecanicismo

científico do início da modernidade.

Sobretudo pela influência dos trabalhos de

grandes pensadores modernos como Galileu, Bacon,

Descartes, Newton, Darwin e outros, as ciências foram

sendo divididas e, por isso, especializando-se. Organizadas, de modo geral, sob a influência das correntes

de pensamento naturalista e mecanicista, buscavam,

já a partir da Renascença, construir uma concepção

mais científica de mundo. A interdisciplinaridade,

como um movimento contemporâneo que emerge na

perspectiva da dialogicidade e da integração das ciências e do conhecimento, vem buscando romper com o

caráter de hiperespecialização e com a fragmentação

dos saberes.

Para Goldman (1979, p. 3-25), um olhar interdisciplinar sobre a realidade permite que entendamos

melhor a relação entre seu todo e as partes que a constituem. Para ele, apenas o modo dialético de pensar,

fundado na historicidade, poderia favorecer maior integração entre as ciências. Nesse sentido, o materialismo

histórico e dialético resolveu em parte o problema

da fragmentação do conhecimento quando colocou

a historicidade e as leis do movimento dialético da

realidade como fundamentos para todas as ciências.

Desde

...

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