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GEOGRAFIA EM FOCO: UMA ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO SOB UMA PERSPECTIVA CRÍTICA

Por:   •  28/2/2020  •  Trabalho acadêmico  •  5.386 Palavras (22 Páginas)  •  239 Visualizações

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GEOGRAFIA EM FOCO: UMA ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO SOB UMA PERSPECTIVA CRÍTICA

Denise Mendes da Cunha

Edna de Souza Santos

Júlia Vieira

Maria do Carmo Cardoso dos Santos

Tairine Cardoso Dias[1]

Introdução

A Geografia, como ciência, avançou em seus vários ramos, e deveria ter havido uma contribuição maior para seu ensino e aprendizagem (PONTUSCHKA; PAGANELLI; CACETE, 2009). Com isso, Straforini (2016) destaca que, vários documentos curriculares sempre se apresentam como inovadores e antídotos finais para uma Geografia desinteressante aos olhos de quem aprende e, também de quem ensina, porém, mesmo diante das transformações metodológicas implantadas a partir dos avanços tecnológicos, vivenciados na atualidade, o livro escolar continua a ser o material didático mais utilizado nas salas de aula do Brasil (OLIVEIRA, 2014).

Dessa forma, se faz necessário analisar o livro didático que está sendo escolhido para o ensino de Geografia, pois, os novos manuais didáticos conservam, ainda, algumas características da Geografia Clássica, ao mesmo tempo em que buscam renovar métodos e conceitos e ou apresentar uma reorganização ou reordenação das temáticas (AZAMBUJA, 2014). Mas, de acordo com Santos e Albuquerque (2014) ensinar e compreender Geografia deve possuir significado prazeroso e funcional, a qual deve ser explorada em todos os campos. Para isso, é preciso superar a aprendizagem com base apenas na descrição de informações e fatos do dia a dia, cujo significado restringe-se apenas ao contexto imediato da vida dos sujeitos (BNCC, 2017, p. 361).

Tendo como objetivo a análise do livro do Componente Curricular: Geografia. Este que será analisado integra o Programa Nacional do Livro e material Didático (PNLD). E faz parte da coleção Buriti Mais Geografia, sendo a primeira edição, datado do ano de 2017, apontado para o terceiro ano do Ensino Fundamental dos anos iniciais. Tendo como editora responsável: Lina YoussefJomaa. Sendo uma obra coletiva que foi concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna.


Uma breve contextualização do livro didático e suas implicações

        O livro didático surgiu em meados de 1820, de acordo com Zacheu e Castro (2015) há registros do uso de livros didáticos no Brasil no período imperial desde 1820, quando houve a criação das primeiras escolas públicas no país. Livros esses que tinham como intuito de se criar um espírito nacionalista, de maneira ideológica. Os escritores dos livros didáticos e livros de leitura para os ensinos dos níveis primários e secundários da época do período imperial e início da Primeira República escreveram obras movidos por interesses do Estado (ZACHEU; CASTRO, 2015). Em 1938 o livro didático foi pensado pelo do governo quando foi instituída por meio do Decreto-Lei nº 1.006, de 30/12/38 a Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD) assim surge à primeira política de legislação para tratar da produção, e da vigilância desses livros, lembrando que seu intuito era mais político e ideológico do que pedagógico didático (FREITAS; RODRIGUES, 2007). Assim, concordam Zacheu e Castro (2015) “Considerando a importância dos livros didáticos para a formação de professores e alunos durante o século XIX, sua elaboração deveria ser feita de maneira cuidadosa, articulada aos interesses do Estado (P.9).” É importante enfatizar também quede início as obras didáticas tinham a intuito de instrumento didático ao professor, tentando remediar as defasagens em relação à sua formação (ZACHEU; CASTRO, 2015). Décadas mais tarde as obras foram pensadas especificamente para os alunos, sempre detalhando os cuidados com produção, destacando o contexto da escrita, a política ideológica já vinha de maneira disfarçada, dessa maneira os intelectuais eram encarregados da produção (ZACHEU; CASTRO, 2015).

        Anos mais tarde, cria-se o decreto nº 91.542, de 19 de agosto de 1985, surge o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), algumas mudanças foram feitas a partir daquele momento, dentre elas a participação de professores na indicação e análise do livro para a escolha deles nas instituições, assim os livros são selecionados de três em três anos, os docentes recebem o guia do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para escolher dentre os 19 (dezenove) exemplares apresentados. (MAYNARD; GRAÇA, 2015). Nessa perspectiva, antes de chegarem às escolas para serem selecionados pelos professores, é feita diante de um processo criterioso uma seleção dos livros que são considerados bons para ensino de determinada instituição de forma que possam ser indicados para fazerem parte de um Guia de Livros Didáticos, a partir daí serão apresentados aos professores e estes, por sua vez, assumem o papel de escolher aqueles que mais se aproximem da realidade dos seus alunos e apropriado ao propósito de suas práticas pedagógicas (SANTOS; MARTINHS, 2011). Assim, o livro didático é visto como instrumentos de trabalho do professor e que está diariamente presente em todas as escolas de todos os níveis, presume que a tarefa de escolha do livro didático se reveste de importância (SALES, 2008). Nesse viés, ele continua sendo em sala de aula um dos materiais mais frequentemente utilizados, isso pela grande coletânea textual, as atividades propostas e sugeridas, as sugestões de projetos de didáticos e os demais recursos que podem facilitar o trabalho docente (CAVALCANTI, 2016).

        Cavalcanti (2016) analisa que em sua pesquisa aponta que, supostamente, havia uma relação entre o processo de escolha e a organização escolar, de maneira que as escolas que demostraram maior organização pedagógica fizeram a escolha por livros mais qualificados. Dessa forma é explicita a importância de estar preparado para a escolha do livro didático, de maneira que este seja um instrumento em sala de aula, lembrando que não o único, para que professores e alunos possam se debruçar de maneira correta diante dele. Por ventura, Sales (2008) faz uma inquietação sobre para quem realmente é direcionado o livro didático: “O livro didático é um instrumento de trabalho do professor ou é uma ferramenta para o aluno? Ao assumir o papel de avaliar o livro didático e distribuí-lo, quais os interesses que norteiam essa ação do governo? (p.45)”. Essa é uma grande reflexão na qual devemos sempre estar atentos nas formações de currículos que são impostos, os possíveis currículos ocultos. Esses são práxis configurada por diversos tipos de ações e a sua formação se constrói a partir de condições separadas, é fato que requer atenção aos elementos que fazem parte dele (SALES, 2008). Quando compreendemos a escola como instrumento de produção do saber, próprio da cultura escolar, o currículo da escola muitas vezes, mesmo fazendo parte desse saber, tem sido construído por pessoas fora do contexto escolar e, por isso mesmo, tem ignorado esse saberes específicos a cada realidade escolar (SAMPAIO, 2019). É importante dizer que nesse viés, os livros didáticos de geografia especificamente sofrem lacunas, porém ele ainda é o principal recurso teórico tido pelos professores. Assim Sampaio (2019) cita que, a geografia da mesma forma as disciplinas escolares, o livro didático tem sido utilizado como instrumento de ensino aprendizagem, ajudando em todo o contexto escolar, tanto na prática, no planejamento, nos conteúdos e como também no currículo. A representação de imagens é crucial também, e atualmente os livros trazem cada vez mais ilustrações.

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