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Limites e Possibilidades da EJA

Por:   •  10/6/2018  •  Artigo  •  6.151 Palavras (25 Páginas)  •  291 Visualizações

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LIMITES E POSSIBILIDADES DA EJA NO CONTEXTO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE TERESINA-PI

                                                                                                    Regina Lucia dos Reis e Silva

                                                                                                             Adriana Lélis Coutinho

RESUMO

O presente artigo objetiva analisar a Educação de Jovens e Adultos - EJA do município de Teresina, que, no cenário educacional, inclui os estudantes que não tiveram passagens anteriores pela escola, ou que não conseguiram acompanhar o ensino fundamental no período regular. Busca-se investigar as dificuldades vivenciadas por esses sujeitos no cotidiano escolar, dadas as especificidades da modalidade. O trabalho apresenta o percurso histórico da EJA no Brasil e no município de Teresina, as especificidades do sujeito da EJA, os limites e possibilidades no contexto da sala de aula. Em uma abordagem qualitativa, o estudo analisa dados fornecidos pela Divisão de Educação de Jovens e Adultos (DEJA) da Secretaria Municipal de Educação (SEMEC) de Teresina, além de dados coletados em observação em sala de aula e questionários respondidos por professores e alunos do município. Como embasamento teórico, recorremos a autores como: Arroyo (2005), Carrano (2007) e Calado (2008), entre outros. O estudo aponta como limites da modalidade a heterogeneidade das turmas, a infrequência e a evasão dos discentes, o não acesso aos recursos de multimídia e demais recursos pedagógicos e ausência dos gestores nas escolas. Considera-se como possibilidades a realização de Fóruns a partir das demandas dos alunos e professores, a utilização dos recursos de multimídia e demais recursos disponíveis na escola, bem como o fortalecimento da formação continuada para os docentes. Consideramos necessário um processo educacional que garanta ao aluno da EJA educação de qualidade, no atendimento de suas necessidades cognitivas, afetivas e sociais.

Palavras chave: EJA. Limites e possibilidades da EJA. Contexto escolar de Teresina-PI

1 INTRODUÇÃO

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) apresenta uma identidade que a diferencia da escolarização regular, e essa diferenciação não remete apenas à questão de especificidade etária, mas, primordialmente, a uma questão de especificidade sócio-histórica e social. Os novos rumos da educação brasileira enfatizam a difusão dos valores de justiça social e dos pressupostos da democracia e do respeito à pluralidade, fundados na crença da capacidade de cada cidadão ler e interpretar a realidade, conforme sua própria experiência, o que exige reorientar o olhar para propostas educativas que incluam o desenvolvimento da pessoa humana de forma integrada e completa, no atendimento de suas necessidades cognitivas, afetivas, e sociais.

No cenário educacional, os discentes da EJA caracterizam-se, conforme Silva (2014), como aqueles que não tiveram passagens anteriores pela escola ou que não concluíram o ensino fundamental, pela necessidade do trabalho ou por histórias marcadas pela exclusão. Diante disso, esta pesquisa intenta compreender que desafios esses sujeitos enfrentam e como trabalham para superá-los, tendo em vista esse estigma de exclusão a que estão submetidos.

Desse modo, este trabalho descreve o percurso histórico da EJA no Brasil e no município de Teresina e discute as especificidades dos sujeitos, os limites e as possibilidades dessa modalidade no contexto escolar da capital piauiense. Trata-se de uma abordagem qualitativa, com análise de dados fornecidos pela Divisão de Educação de Jovens e Adultos (DEJA) da Secretaria Municipal de Educação (SEMEC) do município de Teresina, de informações coletadas por meio de intervenção realizada por esta pesquisadora junto às escolas do município que ofertam essa modalidade de ensino, observação em sala de aula e análise de questionários aplicados a professores e alunos de quatro escolas da rede. Para uma melhor compreensão e embasamento teórico, recorre-se à contribuição de autores como Arroyo(2005), Carrano (2007) e Calado (2008), entre outros.  

Nessa perspectiva, a educação é compreendida como processo de formação humana plena que, embora instalado no contexto escolar, deve levar em conta as formas de vida, o trabalho e a sobrevivência dos jovens e adultos que se colocam como principais destinatários dessa modalidade de ensino. O estudo aponta como limites da modalidade a heterogeneidade das turmas, a infrequência e a evasão dos discentes, o acesso limitado aos recursos de multimídia e demais recursos pedagógicos da escola, a ausência dos gestores nas escolas e o  distanciamento entre a escola e o mundo dos alunos, além da falta de articulação entre as disciplinas básicas e a formação profissional.  Considera-se como possibilidade de sucesso e visibilidade da modalidade a realização de Fóruns a partir das demandas dos alunos e professores, realização de gincanas e feiras de conhecimento, entre outras estratégias de fortalecimento dos vínculos entre os sujeitos, planejamento de ações para oportunizar a utilização dos recursos de multimídia e demais recursos disponíveis na escola, bem como a garantia da manutenção da formação continuada para os docentes da EJA, de forma a garantir práticas educativas específicas para esse público.

Consideramos ser necessário um processo educacional que garanta ao aluno da EJA, uma educação de qualidade de forma integrada e completa, no atendimento de suas necessidades cognitivas, afetivas e sociais.

2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

A Educação de Jovens e Adultos vem sendo reconhecida como um direito daqueles que, por algum motivo, não tiveram acesso ao ensino regular. Nasceu da educação popular, depois de muitas lutas e movimentos. Por essa razão, nos discursos legais, vem sendo reconhecida como direito desde 1930. Ganhou relevância com as campanhas nas décadas de 1940 a 1950 e com os movimentos de cultura popular, nos anos 60.

Os movimentos de educação e cultura popular nas décadas de 50 e 60, em sua grande maioria, foram inspirados em Paulo Freire e em seu método, que propunha uma educação dialógica, que valorizasse a cultura popular e a utilização de temas geradores oriundos do contexto real do cidadão. Esses movimentos procuravam a conscientização, participação e transformação social, por entenderem que o analfabetismo é gerado por uma sociedade injusta e não igualitária.

Em 1963, Paulo Freire integrou o grupo para a elaboração do Plano Nacional de Alfabetização junto ao Ministério da Educação, processo interrompido pelo Golpe Militar, que reduziu a alfabetização ao processo de aprender a desenhar o nome. O Governo importou um modelo de alfabetização de adultos dos Estados Unidos, a Cruzada de Ação Básica Cristã (Cruzada ABC). De caráter evangélico e semioficial, esse modelo funcionou em boa parte do país, dirigido por evangélicos norte-americanos, como pontuam Haddad e Di Pierro (2000). A Cruzada, no entanto, não conseguiu acabar com o analfabetismo e melhorar os baixos níveis educacionais do país. Tal modelo apresentava um conteúdo acrítico e material padronizado.

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