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PROCEDIMENTOS DE ENSINO: ESCOLHER E DECIDIR

Por:   •  20/6/2016  •  Trabalho acadêmico  •  13.504 Palavras (55 Páginas)  •  2.135 Visualizações

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SCARPATO, Marta (org). Os procedimentos de ensino fazem a aula acontecer. São Paulo: Avercamp, 2004.

CAPÍTULO 2 – PROCEDIMENTOS DE ENSINO: ESCOLHER E DECIDIR

Alda Luiza Carlini

2.1 ALGUMAS IDEIAS INICIAIS...

Você deve ter respondido muitas vezes para si mesmo e outras tantas para aqueles com quem convive à clássica pergunta: “Professor de quê?” ou “Professor de quem?”. De modo geral, não parece suficiente que você declare a profissão de professor. E necessário explicitar em que conteúdo, serie ou nível de ensino você atua como professor.

Nesse caso, como em muitos outros, há uma fração de sabedoria no senso comum, Na verdade, um professor é alguém que se encontra[1] com seus alunos com uma finalidade específica. É um profissional que atua em Educação de modo intencional, isto é, orientado por objetivos de ensino, quer seja para trabalhar um conteúdo específico ao longo de uma série ou de um nível de ensino, no caso de professores especialistas (professores de matemática, de história), ou para trabalhar com vários e diferentes conteúdos em urna única série, como os professores generalistas, das séries iniciais do processo educativo.

Objetivos de ensino – expressam as transformações que o professor pretende realizar em e com seus alunos.

Ei que faz um professor? Ensina (alguma coisa), diriam os mais apressados. Promove a aprendizagem (de alguma coisa), responderiam outros. De um modo ou de outro, a preocupação com os conteúdos a serem ensinados ou aprendidos está implícita nessas respostas. E ela não é infundada, quando se considera que historicamente a escola e o professor, por decorrência, têm sido responsáveis pela transmissão de informações, saberes sistematizados — conteúdos de ensino — às novas gerações.

E agora seria a vez de indagar: “Que são conteúdos de ensino? O que é conteúdo e o que não é conteúdo de ensino? Será conteúdo apenas aquilo que está comido em um livro didático, aquilo que está escrito e documentado, que deve ser memorizado e compreendido?’’. Também neste caso o saber popular pode auxiliar a reflexão, quando lembra que “frequentar a escola prepara para a vida, prepara para o mundo”, entendendo a aprendizagem do modo mais amplo. Não se considera apenas o conteúdo de ensino escrito em livros, mas as vivências, as experiências dc relações interpessoais, as situações práticas de relacionamento entre seres humanos, para além dos limites da família.

Conteúdos de ensino – correspondem ao conjunto de fatos, informações, experiências, regras, princípios generalizações produzidos e acumulados pela humanidade. Numa palavra, conhecimentos.

Desse modo, a noção de conteúdos de ensino, rompendo os limites estritos do texto didático, ganha uma conotação muito mais ampla incluindo, ao lado dos saberes sistematizados e de igual importância, os saberes relativos às necessidades humanas, à vida em sociedade, à convivência harmoniosa, ao respeito à diversidade, ao exercício da cidadania. Conteúdos de ensino atravessados por necessidades humanas, que respondem antes mesmo de serem interrogados e sem vacilar à clássica pergunta dos alunos “professor, porque eu tenho que aprender isso?”

E como trabalhar com esses conteúdos em sala de aula presencial ou virtual, considerando que não basta que professores e alunos estejam reunidos em torno de textos ou livros? Como promover situações que viabilizem o ensino e a aprendizagem de conteúdos de ensino tão amplos e diversificados? Procurar e encontrar respostas adequadas para essas questões tem sido a preocupação de inúmeros educadores. E verdade que em muitos casos essas respostas foram construídas em diferentes tempos, espaços e contextos socioeconômicos, dirigidas a grupos de alunos específicos, e não podem ser transpostas do modo linear para outras realidades e situações.

Observando diferentes professores, nossos professores, aqueles de quem fomos alunos, podemos registrar, ainda que apoiados apenas na memória, variadas formas de trabalhar em sala de aula. Quando esses professores se tornavam mais constantes em nossa vida escolar, atuando ao longo de uma ou mais séries, podíamos fazer previsões, com grandes chances de acerto, sobre as atividades que proporiam em sala de aula, os exercícios que seriam executados, a forma de avaliação a ser utilizada, entre outros. De certo modo, conhecíamos nossos professores... e aprendemos a ser professores, em larga medida, com eles.

E foi assim que eles trabalharam conosco, provavelmente no século passado... E nós, como vamos trabalhar com nossos alunos? Como pretendemos responder ou estamos respondendo à necessidade de trabalhar conteúdos de ensino muito mais amplos que os livros didáticos, em ambientes de aprendizagem muito maiores que a sala de aula, conteúdos de ensino que “preparam para a vida, preparam para o mundo...”? É no intuito de responder a essas questões que se organiza este texto.

Considerando que já não basta apenas repetir as fórmulas educativas utilizadas quando ainda éramos educandos, que os alunos revelam habilidades novas — que ainda procuramos desenvolver em nós —, que por decorrência demonstram novos interesses e múltiplos estímulos para aprender, que os espaços de aprendizagem vêm se multiplicando e se diversificando..,, será preciso descobrir e/ou reinventar formas de ensinar, de promover a aprendizagem, garantindo que se realizem as transformações pretendidas, na direção do domínio dos conteúdos de ensino e da formação mais ampla, e qualificada do profissional e do cidadão.

Será necessário conhecer com segurança e profundidade procedimentos de ensino que possibilitem o aprofundamento da relação professor aluno, mediada pelo conhecimento que, por sua vez, não está pronto e acabado, mas em contínua reconstrução, que se fundamenta no trânsito entre a teoria c a prática, nas situações de ensino e de pesquisa.

Procedimentos de ensino – são as ações do professor e do aluno, no processo e ensino-aprendizagem. São os “que fazer" pedagógicos, no sentido de provocar, estimular, desencadear a ação do aluno no processo de construção do conhecimento.

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