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RESUMO ESCOLA CONSERVADORA DIÁRIO DE LEITURA

Por:   •  6/6/2022  •  Relatório de pesquisa  •  1.469 Palavras (6 Páginas)  •  315 Visualizações

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Diário de Leitura – Pierre Bourdieu

Viktor Wadames Procópio, escrevo sobre os dias que li e estudei o livro.

O livro que estudei foi o de Pierre Bourdieu, mais especificamente o Capítulo II – Escola Conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. Da primeira vez que li o título confesso que não entendi muito a parte de “Escola conservadora”, mas, pressupus que o autor faria uma crítica à escola como um lugar de desigualdades (como o subtítulo aponta).

Após ter terminado a leitura do primeiro parágrafo, fiquei meio confuso com as palavras que o autor usou. Porém, mesmo sem entender com clareza, foi um soco no estômago. Esse primeiro parágrafo é muito forte: “É provavelmente por um efeito de inércia cultural que continuamos tomando o sistema escolar como um fator de mobilidade social, segundo a ideologia da 'escola libertadora', quando, ao contrário, tudo tende a mostrar que ele é um dos fatores mais eficazes de conservação social, pois fornece a aparência de legitimidade as desigualdades sociais, e sanciona a herança cultural e o dom social tratado como dom natural”. Para mim, a escola sempre foi um lugar onde as diferentes ideias se encontravam, um lugar onde a desigualdade social não estava (na escola pública, é claro, porque só pelo fato de terem escolas particulares, já é uma desigualdade, mas, no ensino, e não dentro de uma instituição). Então, esse início foi o que me fez sentir mais interesse pelo texto.

A conversas sobre a leitura do texto nas aulas do professor Maurício foram cruciais para que eu pudesse entender melhor do que o autor queria dizer e transmitir sua ideia/crítica. Ainda nesse primeiro parágrafo, discutimos que a escola faz com que a desigualdade (conservação social) seja “aceita”. Não é simples de entender de como a escola faz isso, mas é uma coisa que está desde o princípio. Nessa parte da discussão eu pensei muito no papel do professor em sala de aula, porque ele está ali para fazer efeito sobre a vida dos alunos. Só que se eles forem parar para analisar a reprodução, vão descobrir que o efeito que causam é mínimo ou pior, porque o docente pode estar contribuindo para manter as relações de dominação social.

Um parêntese aqui. A dominação social é um tópico que abrange muita coisa. Busquei entender de como ela agia sobre os alunos, especialmente, na época que Bourdieu escreveu a obra. Vale ressaltar, que até os anos de 1960, existia uma concepção pela comunidade acadêmica, que chegava ao senso comum, de que a escola pública, de forma direta, seria o agente transformador que erradicaria as desigualdades sociais, pois funcionaria de forma neutra, permitindo o acesso de todos, independentemente do meio de ingresso. Logo, bastaria construir mais escolas e oferecer mais vagas para solucionar as mazelas sociais.

Analisando principalmente a situação da conjuntura francesa da década de 1960, Bourdieu notou, através de levantamento de estudos e dados, que o desempenho dentro da escola, variava de estudante para estudante, de acordo com a situação social. Ou seja, a origem social e familiar era um ponto importante que resultava não na erradicação das desigualdades na Escola, mas aprofundava tais mazelas.

Para Bourdieu, há um descompasso entre o currículo escolar, ou a linguagem culta que é aprendida nas escolas e a cultura das famílias mais humildes, que tem acúmulos e necessidades diferentes. Nem melhor, nem pior, diferentes. Assim, a educação nas escolas para crianças socialmente favorecidas, acaba sendo uma continuidade da educação familiar, pois na escola se cobra uma linguagem culta, tanto na fala, quanto na escrita, além de esperar dessas crianças uma etiqueta comportamental padronizada pelos bons costumes. Mas, para as crianças de origens mais humildes, há praticamente um rompimento dessa relação, pois quando o estudante está na escola, acaba tendo de lidar com questões que muitas vezes não fazem parte de seu cotidiano familiar e social. Isso acontece porque as escolas são únicas para atender várias classes sociais. Assim, a escola não vai fazer um ensino aprendizagem, um método diferente para cada aluno. Portanto, cobrará uma etiqueta comportamental padronizada pelos “bons costumes”.

Desse modo, ao procurar democratizar a escola apenas pelo acesso, não levando em consideração o Capital Cultural, o sistema educacional estaria praticando a violência simbólica. Ou seja, uma violência sem coação física, que causa constrangimentos, danos morais e psicológicos ao aluno.

Esse tal de Capital Cultural que mencionei agora pouco, é diferente da Cultura em si. Demorei um pouco para assimilar essa ideia. Mas, basicamente o Capital Cultural é visto como um trunfo, um instrumento de dominação que está relacionado à superioridade, prestígio que se dá a quem tem, tornando-se melhor que o outro indivíduo; gera desigualdade. Em síntese, o Capital Cultural é uma metáfora para explicar como a cultura em uma sociedade dividida em classes, se transforma numa espécie de moeda que as classes dominantes usam para acentuar as diferenças. Pierre batizou essa ideia, de uma cultura de impor sobre a outra, de “Arbitrário Cultural Dominante”.

A escola contribui para que essa cultura dominante continue sendo transmitida como tal, e dessa forma, acaba favorecendo uns alunos e dando prejuízos a outros. Os desfavorecidos são justamente aqueles alunos que não tiveram contato através da família, com o Capital Cultural, seja na forma de livros, coisas concretas, seja por não terem tido acesso a lugares e informações facilmente acessíveis para os estudantes mais ricos. Eles não conseguem dominar os mesmos códigos culturais que a escola valoriza. O aprendizado para eles se torna muito difícil.

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