Social e Ação Pedagógica

MEKSENAS, P. Pesquisa Social e Ação Pedagógica. Conceitos, Métodos e Práticas. São Paulo: Loyola, 2002.

        Paulo Meksenas é Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1984), mestre em Didática pela Universidade de São Paulo (1993) e doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (2001). É professor adjunto IV da Universidade Federal de Santa Catarina e atua no Programa de Pós-Graduação em Educação onde, entre outras atividades, ministra a disciplina obrigatória de Educação e Epistemologia. Publicou vários livros, sendo alguns deles: Educação e Sociedade (2005); Cidadania, Poder e Comunicação (2002) e Pesquisa Social e Ação Pedagógica (2002).

        A presente resenha tem por objetivo enfatizar os seis capítulos do livro “Pesquisa Social e Ação Pedagógica” de Paulo Meksenas, informando aos leitores que a partir do primeiro capítulo são dadas as bases para uma melhor compreensão dos capítulos seguintes, pois ambos se complementam. O autor aborda em seu livro teorias, concepções e também reflexões.

        O primeiro capítulo é destacado sobre a importância da educação na formação social e a pedagogia como ciência. No próximo capítulo sobre pesquisa e conhecimento, nele são destacadas as concepções de Platão, Locke, Kant e Marx, cada um acerca do conhecimento, no capítulo três discorre sobre os contextos de ciência e pesquisa, que diz basicamente n sobre as pesquisas e a ciência, a quem serve e qual a finalidade e também nos mostra como foi sendo banalizada, servindo apenas o interesse capitalista muitas vezes, o capítulo seguinte é sobre os tipos de conhecimento, que para muitos só são válidos os conhecimentos científicos, mas Meksenas nos prova o contrário que o conhecimento da religião e do senso comum também são considerados conhecimento. No capítulo cinco são feitas considerações a respeito dos métodos para se realizar uma pesquisa, pois, o pesquisador para iniciar sua pesquisa deve partir de um método e por fim, o ultimo capítulo que é sobre a pesquisa empírica.

Uma atividade importante para a formação social é a educação, que surge junto com o trabalho, ela transforma a natureza por meio do trabalho, o ser humano amplia seus conhecimentos com o todo, a partir disso, vemos a educação como função central. O ser humano, no decorrer do civilizar, traz consigo um processo de transmitir, todo seu conhecimento adquirido para seus descendentes. A pedagogia tem papel de entender a educação, dando mais atenção às escolas, além de ser uma ciência, pois possui seu próprio objeto de estudo, e esse objeto é a escola. A autora Pimenta comenta sobre o instrumento pedagógico na escola dizendo que na situação escolar, o irredutível pedagógico é o aluno, sendo que ele aprende e ao mesmo tempo ensina. Diz ainda que o irredutível pedagógico está ligado à maneira de a ciência pedagógica analisar a educação. Na formação do pedagogo, a pesquisa é fundamental, ela é a capacidade de elaborar conhecimentos que possa ser compreendido, podendo ser sobre realidade, fatos, relações sociais, etc. Na educação nas escolas, seu papel é criar interações que envolvam tanto quem ensina, quanto quem aprende. Para um pedagogo trabalhar diferente de outros, precisa de certo domínio sobre ciência humana, para que assim possa lidar com os desafios que possivelmente vai passar, tanto com o aluno, como com a comunidade e outros profissionais. Para se trabalhar em uma escola como pedagogo, este deve aprender a trabalhar em locais sem estruturas e também aceitar que o profissional pedagogo não é reconhecido socialmente em sua remuneração, estar por dentro de acontecimentos sociais e econômicos, dentre outros requisitos. Com isso, o pedagogo deve saber lidar com situações tanto que venham superestimar ou subestimar a educação. O positivismo educacional formula um ensino com um método de educação apenas, criando assim a educação autoritária, por que não abre portas para outras maneiras de ensino do professor para o aluno. Se tentarmos fazer pesquisa e educação escolar, devemos ir contra o trabalho manual e intelectual, contra a educação autoritária, ou seja, não ser a favor da pedagogia única, e sim ir contra esse método de ensino.

A pesquisa é uma pratica feita com uma finalidade, e também escrita para trazer conhecimento. Vários pensadores, como Platão, Locke, Kant e Marx, tentavam explicar como se produz o conhecimento. Para Platão o conhecimento esta acima do ser humano, mas que esta também no seu espirito, ou seja, todo conhecimento se dava no espirito de cada indivíduo, em sua alma. Divide mundo sensível e mundo das ideias, o sensível é aquele que percebemos por meio do tato, audição, visão, paladar, e são fatos que ocorrem fora da consciência, é o mundo real. Já o mundo das ideias “é perfeito por que é eterno”, é o mundo da imaginação, e é lá que se dá a produção do conhecimento já Locke acreditava que o conhecimento sobre algo só seria possível se passasse pelo mundo dos sentidos, somente pelo contato com algo que você adquiria o conhecimento, ou seja, primeiro pelo sensorial para depois se chegar ao mundo das ideias. Para Kant o conhecimento é a priori e a posteriori, advindos da experiência vivida, pois não adianta alguém contar sobre determinada experiência sem que a pessoa tenha passado pela mesma, ela só irá entender quando passar pela mesma situação e por último Marx como no texto diz ele revolucionou dizendo que nós somos historicamente construídos, não posso ignorar esse conhecimento e sim me apropriar dele, ou seja, é a vida, trabalho, homem e a cultura que determina o que somos. Através desses pensadores que percebemos que é por meio da pesquisa que nos aperfeiçoamos, pois para que chegassem a certa definição de como se chega ao conhecimento houve por traz uma pesquisa.

Além dos tipos de conhecimentos que foram citados acima, também possui vários modos de fazer ciência e pesquisa, essa que pode servir a diferentes contextos assim como a ciência na qual constatamos no livro que perdeu a sua finalidade, pois, atualmente ela está voltada apenas ara uma única classe, são compradas a fim de servir os interesses de poucos, cabe aos professores desenvolverem uma ciência anti instrumental, na qual sua pesquisa esteja voltada ao bem da humanidade e não somente a uma única classe, pois a pesquisa visa beneficiar uma classe estando à outra classe em suas mãos na qual se torna uma ciência sem ética, pois não visa o bem de todos. O professor tem que adotar critérios em suas pesquisas sendo esses embasados na ética, a fim de possibilitar uma educação transformadora e não uma educação que visa formar somente trabalhadores manuais, mas sim formar seres intelectuais. É sob esse aspecto que percebemos o quanto é importante a pesquisa para formação de pedagogos, pois por meio dela adquirimos um novo olhar sobre a educação. Atualmente se encontram profissionais que apenas executam o que é imposto pelos detentores do capital na qual suas pesquisas acabam se tornando sem ética e fundamentos, pois, também estão presas a alienação e as pesquisas que realizam passam a ser dos financiadores e não deles mesmos, pois, precisa vender sua pesquisa para sobreviver, e o que que deveria na verdade ser para o bem da humanidade, passa a ser benefício de apenas alguns. A ciência não está diferente da pesquisa, se tornou um comércio, e é uma atividade de classes, quando pensamos em fazer ciência temos que ter um ponto de partida, a primeira questão a ser levantada deve ser é saber o que quer com a pesquisa a ser realizada, essa pesquisa voltada apenas para algumas classes ajuda a vender estilos de vida, como citado no livro, manipulam comportamentos, roupas, saúde, eles estão interessados apenas em vender e com o capital e não com o bem estar da sociedade. Como citado acima, devemos fazer a ciência anti instrumental, e não a instrumental que serve apenas de instrumento para a desigualdade social, pois, a ciência deve ser feita para o bem comum de todos e não apenas para alguns.