UM NOVO OLHAR SOBRE A PRÁTICA DOCENTE

UM NOVO OLHAR SOBRE A PRÁTICA DOCENTE

Márcia Regina Silva Rodrigues^[1]

Maria Salete F. Azevedo^[2]

Nilton Gonsalves Júnior^[3]

Rosana Gondim^[4]

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma releitura dos caminhos da profissão docente e sua influência na participação do ofício de ensinar na contemporaneidade, bem como abordar a formação do educador com um olhar para as mudanças no contexto educacional e a inserção das novas tecnologias de informação e comunicação. Inicialmente faz-se um breve percurso histórico sobre a profissão docente no Brasil, em seguida, mostra-se a emergência de uma transformação na prática pedagógica docente, tendo em vista as transformações sociais, políticas e culturais na contemporaneidade. Para tanto, busca-se uma releitura de pesquisas sobre a temática da prática docente, seus saberes e seus fazeres num intuito de continuar as discussões sobre esta questão, haja vista que atualmente têm surgido trabalhos relevantes sobre o assunto, os quais trazem como referência a formação teórico-prático como abordagem pedagógica.

Palavras-chave: Educação; formação docente, prática pedagógica.

1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos tempos a profissão docente passou por inúmeras transformações que influenciaram sobremaneira os saberes e fazeres da sua prática pedagógica.

Em tempos remotos, no Egito Antigo, o trabalho do docente estava ligado ao discurso, assim sendo, o objetivo e conteúdo do ensino consistiam em “falar bem”, enquanto na Grécia Antiga a educação enfatizava a formação do homem culto.

Hoje, em meio a tantas tecnologias digitais e novas formas de comunicação emerge a necessidade de um docente antenado com esse novo contexto social, cultural e político, no sentido de adaptar a prática antiga docente com um novo paradigma emergente, que é a do docente pesquisador e conectado com o novo modelo de aprendizagem que é a aprendizagem colaborativa.

Nessa toada, este trabalho propõe apresentar uma releitura dos caminhos da profissão docente e sua influência na participação do ofício de ensinar na contemporaneidade. Busca também abordar a formação do educador com um olhar para as transformações sociais e culturais. Esta discussão teórica será embasada nas pesquisas de Nunes (2001), Tardif (2002), Freire (1996), Nóvoa (1992 e 1995) e Couto Júnior (2013).

2 UM BREVE HISTÓRICO DA PROFISSÃO DOCENTE NO BRASIL

Como assevera Nunes (2001), no Brasil, a partir da década de 1990 iniciaram as buscas por novos enfoques e paradigmas a fim de compreender a prática pedagógica e os saberes pedagógicos. Neste período, surge o desenvolvimento de pesquisas que procuravam o resgate do papel do professor, destacando a importância de se pensar em uma formação com abordagem além da acadêmica e que envolvesse o desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional da profissão docente.

Com estas discussões sobre a formação dos professores surgiu uma nova abordagem teórico-metodológica que Nóvoa (1995) descreve como sendo a oposição aos estudos anteriores que acabavam por reduzir a profissão docente a um conjunto de competências e técnicas, que geraram uma crise de identidade dos professores em decorrência de uma separação entre o eu profissional e o eu pessoal.

Em defesa do mesmo ponto de vista Tardif (2002) faz uma distinção entre os saberes que são adquiridos na prática da profissão, que ele chama de saberes experienciais, e aqueles saberes adquiridos no âmbito da formação de professores, que descreve como sendo os saberes profissionais.

Destarte, observando a história da Educação brasileira, percebe-se a necessidade de uma formação consistente para a profissão docente, uma vez que a formação do professor outrora não era considerada vital para o exercício do magistério, tanto que as Escolas Normais eram consideradas mal sucedidas e com poucos resultados, pois a forma de ingresso nestas instituições passaram a ser através de pessoas de prestigio na sociedade que nomeavam os seus apadrinhados que, muitas vezes, não possuíam formação regular. Assim, o exercício da atividade docente dos professores consistia na conclusão de tarefas propostas pelo livro didático e as aulas eram rotineiras, pré-determinadas, fragmentadas e descontextualizadas.

3 A EMERGÊNCIA DE UMA TRANSFORMAÇÃO NA PRÁTICA DOCENTE

A sociedade contemporânea caracterizada pelas transformações no mundo do trabalho, pelo avanço da ciência e da tecnologia e pela ampliação do acesso à comunicação que interfere no ensino realizado na escola necessita de mudanças no ofício do professor. Tais mudanças envolvem a sua formação continuada, com uma atualização constante dos seus saberes.

Neste novo cenário se reelabora a ação da docência e o saber docente, de modo que o seu novo perfil deve contemplar a ação reflexiva, em que o seu saber não se constitui puramente em um amontoado de cursos, mas também a uma prática pedagógica voltada para o constante questionamento e o professor como participante do processo de implementação de políticas educativas.  Nesse sentido,  Nóvoa (1992), assevera que “A formação docente não se constitui por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de efetividade crítica sobre as práticas e de re(construção) permanente de uma identidade pessoal.”

Assim, a acumulação de cursos só se faz significativa se estes forem concernentes com um perfil de um docente pesquisador e reflexivo que ressignifica as suas práticas pedagógicas através de estratégias de ação que proporcione ao aprendente a resolução de problemas, bem como o desenvolvimento dos seu saber crítico. Acerca da importância da pesquisa em educação  Freire (1996, p. 32), pontua que

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.

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