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UMA PROPOSTA DE RECONFIGURAÇÃO DA DOCÊNCIA

Por:   •  13/6/2016  •  Artigo  •  4.230 Palavras (17 Páginas)  •  490 Visualizações

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Paradigmas educacionais e a prática pedagógica: UMA PROPOSTA DE RECONFIGURAÇÃO DA DOCÊNCIA

Estela Endlich[1] - UFPR/PUCPR

Paulo Henrique Mueller[2] - UFPR/ PUCPR

Viviane Cristina Carmo Maciel [3] - UFPR/ PUCPR

Grupo de Trabalho - Disciplina: Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica/ PUCPR

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Este trabalho trata-se de um relato de experiência de uma pesquisa-ação focada na temática sobre o conceito de paradigma na ciência e sua influência na prática pedagógica, culminando em um pensar e fazer educação de forma complexa e sistêmica. Busca compreender como a aplicação de uma metodologia que prioriza os princípios do paradigma da complexidade pode oportunizar uma prática pedagógica mais contextualizada, reflexiva e autônoma na formação continuada de professores da Educação Básica. Este artigo foi elaborado como resultado parcial de uma análise qualitativa por meio de uma pesquisa-ação participativa, por meio da experiência de um grupo de trabalho formado por vinte e cinco integrantes entre professores, mestrandos e doutorandos, num grupo que investiga sobre Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Apresentam-se aqui os paradigmas educacionais conservadores que geralmente apenas reproduzem o conhecimento formal e sistematizado e os paradigmas inovadores, que favorecem a produção do conhecimento pela construção dialética entre os saberes do educando e o conhecimento cientificamente organizado, com referência principalmente em Behrens (2012; 2013) e Moraes (2012). As conclusões revelam que a utilização da metodologia proposta, pautadas nas abordagens sistêmica, progressista e de ensino pela pesquisa, promove a vivência do paradigma da complexidade na prática pedagógica dos alunos e professores envolvidos. A partir disso, propõe-se inserir esta visão complexa em um curso de formação de professores da educação básica, utilizando-se as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na prática pedagógica, embasada no paradigma da complexidade. Nesta proposta, integra-se a inserção da história e da cultura afro-brasileira e indígena na educação básica, requisito fundamental e obrigatório segundo a lei nº 11.645/2008, e uma visão sistêmica de educação que extrapola o ensino conteúdista, fragmentado e compartimentalizado.

 

Palavras-chave: Paradigmas educacionais. Paradigma da complexidade. História e cultura afro-brasileira e indígena. TIC. Tecnologias na educação.

Introdução

O conceito de paradigma é tratado por Thomas Khun em sua obra As estruturas das revoluções científicas, interpretado por Moraes (2012, p. 31): “Paradigma na ótica de Khun, é uma realização científica de grande envergadura, de base teórica e metodológica convincente e sedutora, e que passa a ser aceita pela maioria dos cientistas integrantes de uma comunidade”. Ampliando este conceito para uma visão mais relacional, que admite o diálogo entre teorias opostas, Moraes (2012, p. 31) apoia-se em Edgar Morin (2011) para definir o conceito de paradigma: “um paradigma significa um tipo de relação muito forte, que pode ser de conjunção ou disjunção, que possui uma natureza lógica entre um conjunto de conceitos-mestres”.

Com base na ideia de que um paradigma é um modelo para a compreensão da realidade torna-se importante entender no âmbito educacional o que levou muitos professores a realizar em sua prática pedagógica uma ação de reprodução, uma visão fragmentada do conhecimento, bem como compreender o que é um paradigma inovador que leve à superação das deficiências do modelo anterior. Para tanto, contextualiza-se historicamente os paradigmas que caracterizaram a ciência e a educação e verifica-se quais paradigmas conservadores e inovadores influenciam a prática pedagógica.

No estudo dos paradigmas no ambiente educacional, Behrens (2013) em seu livro O paradigma emergente e a prática pedagógica categoriza-os em conservadores e inovadores, cada um apresentando subtipos denominados abordagens.

A pesquisa-ação descrita integra as investigações na linha Teoria e Prática Pedagógica na Formação de Professores da PUCPR, particularmente no grupo de pesquisa Paradigmas Educacionais e Formação de Professores – PEFOP, com investigação temática sobre Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica, coordenado por uma doutora em educação. Do universo investigado participaram 25 estudantes em nível Stricto Sensu envolvidos no processo investigativo de variadas áreas do conhecimento que atuam ou gostariam de atuar como docentes universitários. Procurou-se discutir e analisar uma prática pedagógica que possa propiciar uma aprendizagem transformadora e crítica, baseada em paradigmas inovadores.

Partindo desta pesquisa-ação propõe-se uma prática inovadora por meio de um curso de formação de professores da educação básica, utilizando como ferramenta as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), mostrando as possibilidades existentes nestas ferramentas para o desenvolver de uma prática pedagógica que contemple o paradigma da complexidade na formação continuada do professor (CAMAS, 2013).

Problematização

Estamos vivendo uma época de desestabilidade econômica, de vulnerabilidade social e de desequilíbrio da vida natural no planeta, resultante do grande desenvolvimento técnico-científico dos dois últimos séculos, o qual, paradoxalmente, permitiu grandes avanços em todas as áreas que constituem a vida humana. Esta crise antropológica de natureza paradigmática é vastamente discutida nas obras de Edgar Morin (2011), Fritijof Capra (1997; 2002) e, no Brasil, por Maria Cândida Moraes, Izabel Petraglia, Edgar de Assis Carvalho, Maria da Conceição Xavier de Almeida, Marilda Aparecida Behrens (2013), Núria Pons Villardel Camas (2013), dentre outros pesquisadores.

Destaca-se, como importante para a educação a ruptura do paradigma newtoniano-cartesiano e seus efeitos na sociedade, ao demonstrar que as relações sociais e da construção do conhecimento envolvem múltiplos fatores, muitos deles independentes e não mensuráveis, indicando uma complexidade na sua constituição. Esta complexidade exige que a educação seja vista hoje em dia com uma abordagem mais global, sistêmica e transdisciplinar em oposição à visão comportamentalizada, compartimentalizada e disciplinar (BEHRENS, 2013).

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