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A Escola e Família

Por:   •  10/7/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.014 Palavras (9 Páginas)  •  346 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Através de pesquisas da história da educação Brasil, é possível constatar a relação família-escola não é recente. Desde o início do século XX, já se pensava na aproximação da família e instituição escolar. Ela aparece principalmente com o discurso escolanovista, com o movimento higienista e com algumas práticas empreendidas por alguns intelectuais.

De acordo com Cunha (2000) incialmente, no século XVII, os valores e os conhecimentos relacionados às práticas profissionais e morais eram apreendidas, em sua maioria, no seio dos grupos familiares.

Mas com o início da revolução industrial e com a divisão social do trabalho advinda do capitalismo, esse modelo de educação familiar passa a ser insuficiente para atender ao ideal de uma sociedade moderna e civilizada que acreditava que os conhecimentos deveriam ser aprimorados e especificados para atender às novas demandas desse novo sistema. A partir disso é que a instituição escolar ganhou importância e passou a ser vista como uma continuação da educação familiar.

No momento em que a família deixou de ser a única responsável pela educação dos filhos, a escola assumiu a responsabilidade pelos conhecimentos técnicos e científicos.

Com a transferência da educação familiar para a escolar, os discursos educacionais se ampliaram e progressivamente novas temáticas e políticas foram adotadas. A família perdeu a sua função de educar, mas, com as ideias de uma escola e uma pedagogia renovadas, a família reapareceu com o intuito de colaborar com a educação dos filhos. Para que realmente o lema de “instruir e civilizar” por meio da educação se efetivasse, a família não poderia ficar isolada do processo educativo. Foi por intermédio do movimento escolanovista e higienista que a aproximação da escola com a família se destacou. (Silva, 2008)

Foi com a criação da Associação Brasileira de Educação (ABE) que, segundo Silva (2008) surgiu a Seção de Cooperação da Família, tendo como presidente Armanda Álvaro Alberto, tal associação tinha o objetivo de organizar atividades, cursos, palestras e exposições, entre outros eventos, que incentivassem a aproximação das famílias dos alunos com a escola. Nesse sentido, foi criado o Círculo de Pais e Professores em escolas públicas e particulares, que visava à colaboração entre familiares e educadores para atuarem em conjunto no processo educativo.

Para que as ideias da Escola Nova fossem propagadas nos diferentes setores educativos e aceitas nas práticas escolares, as famílias dos alunos se apresentavam como facilitadoras desse novo processo educativo. Na medida em que as famílias reconhecessem que essas práticas e métodos contribuiriam para a formação e o desenvolvimento de seus filhos, esse novo ideal de educação seria visto como positivo e adequado. Cabia à Seção de Cooperação da Família propiciar a participação e a aproximação dos pais com a instituição escolar; caso contrário, o objetivo de “instruir e civilizar” a população por meio da educação não se implementaria. (Resende, 2010)

FAMILIA E ESCOLA

O conceito de família segundo Reis (2004), se constitui de uma mediadora entre indivíduo e sociedade, onde este aprenderá a perceber o mundo e a se situar nele, criando a primeira identidade social do indivíduo. Diante disso, é possível realizar algumas considerações sobre o conceito de família, inicialmente é necessário considerar o fato de que família não é algo natural ou biológico, mas uma instituição criada pelos homens para responder as necessidades sociais (REIS, 2004). Dentre essas necessidades sociais encontra-se a econômica, em que se refere à reprodução de mão-de-obra, e ideológica no sentido de reprodução de uma ideologia dominante.

As funções econômicas da família são visíveis, de forma que as famílias se constituem como uma unidade de produção econômica, de forma que o trabalho familiar é mais viável que contratar empregados.

Na função ideológica, isso se apresenta pelos pais sendo os principais agentes da educação. Mesmo com outras formas de obter ideologia, como escola e outros vínculos, a família não perde a importância no processo de imposição de ideologia dominante, de forma que apesar das outras formas de ideologia serem mais organizadas e mais racionais, a família prepara anteriormente seus membros para reconhecer e respeitar figuras de autoridade. Ou seja, as outras bases ideológicas conseguem ser eficazes pela intervenção inicial da família.

 “A atuação familiar é vivida intensamente pelos indivíduos, agindo poderosamente no exercício da subordinação ideológica, pois está presente desde o início da vida e é marcada por fortes componentes emocionais que estruturaram de forma profunda a personalidade de seus membros. ” (REIS, 2004).

Diante do conceito de família resumindo-se em preparar o indivíduo para agir em sociedade com normas, ideologias e morais passadas pelos pais, a escola é considerada uma “continuação” desse modo de construção do indivíduo para a socialização. Na educação escolar, podemos distinguir duas concepções distintas de criança na pedagogia tradicional e nova, todas com o intuito de conservar a natureza da criança ou adolescente (MIRANDA, 2004). Para a pedagogia tradicional, ocorre a ideia de que a criança deverá ser adequadamente educada, ou seja, também ensinar o indivíduo a lidar com as outras pessoas, contrariando um comportamento “selvagem”. Já a pedagogia nova, segundo Miranda (2004), busca favorecer o desenvolvimento do indivíduo, para que este se autorrealize.

A psicologia junto com a pedagogia, trata a escola como um processo de integração da criança à sociedade. Tanto na pedagogia tradicional, quanto a nova, se preocupam em fazer da escola uma passagem para o mundo adulto, fazendo dos jovens estudantes o que a sociedade espera que eles sejam.  Assim, a escola atua como um instrumento de dominação, funcionando como uma forma de reproduzir classes sociais, com processos de seleções e exclusão dos mais pobres em comparação a classe popular (MIRANDA, 2004).

Segundo Miranda (2004), a escola se constitui de três tarefas básicas para desempenhar a favor dos interesses da classe popular. A primeira função é facilitar a apropriação e a valorização das características socioculturais das próprias classes populares. Sua segunda função é consequência da primeira, e de certa forma, é a escola propriamente dita e função mais conhecida, em que a escola deve garantir a aprendizagem de certos conteúdos essenciais da cultura pertencente, ou seja, as ciências humanas, da natureza, cálculos entre outros. Como terceira função, a escola possibilita uma crítica dos conteúdos ideológicos propostos pela cultura dominante e a reapropriação do saber que já foi alienado das classes populares pela dominação.  No entanto, essas funções não constituem hoje de uma prática concreta nas escolas, mas há a uma possibilidade dessa realidade pode vir-a-ser dentro da escola.

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