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A Tribo Urbana

Por:   •  3/3/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.293 Palavras (6 Páginas)  •  308 Visualizações

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Introdução

O termo tribo urbana surgiu em 1985 quando o sociólogo francês Michel Maffesoli estudava e publicava artigos sobre os grupos que se formam com base nas afinidades e nos interesses em comum (ideais, sentimentos, hábitos, formas de se vestir, visual, gosto musical, pensamentos, ideologias politicas, etc.).

Anos depois ele publicou “O Tempo das Tribos – O declínio do individualismo nas sociedades de massa” e assim a expressão ganhou força, pois o livro analisa que a organização, principalmente dos jovens, na sociedade pós-moderna mudou, passando a existir um anseio de se diferenciar da sociedade em questão e, ao mesmo tempo, eles tinham a necessidade de se identificar com um determinado grupo. A obra não trata a cultura como a consequência da sociedade, mas sim como uma de suas características mais importantes, pois é através dela que podemos nos posicionar socialmente.

Segundo Maffesoli, as tribos urbanas são instáveis e abertas, pois são compostas por pessoas que, naturalmente, mudam com o passar do tempo, por isso se um individuo pertence a algum grupo, ele pode deixá-lo, passando de uma tribo para outra. Um bom exemplo dessa mobilidade é a tribo dos Emos que, normalmente, é composta por adolescentes emotivos que, nesta fase de muitos conflitos da vida, se julgam incompreendidos, rejeitados, melancólicos, etc. A adesão acontece na maioria das vezes porque eles buscam a construção da sua identidade e autoafirmação. Porém, ao entrar na fase adulta boa parte dos integrantes desta tribo migra para outras, nas quais eles passam a ter uma nova identificação.

Outro fato interessante é que alguns membros da “Tribo A” podem não gostar dos integrantes da “Tribo B” (por exemplo: os góticos não gostam dos clubbers), mas se eles lutam pelo direito de ser diferente e, principalmente, que essas diferenças sejam respeitadas, por que eles mesmos não gostam e têm preconceito com quem é diferente deles? Uma teoria sobre isso foi dada pela antropóloga Silvia Borelli, no programa A Liga (TV Bandeirantes), segundo ela para que uma determinada tribo se auto-afirme é preciso deixar claro as diferenças, isso é fundamental no processo de identificação e reconhecimento.  

As tribos urbanas se enquadram no conceito de subcultura, termo bastante utilizado na sociologia e na antropologia. Faz referência a um grupo minoritário que tem um conjunto de características semelhantes no modo de pensar e agir, coexistindo dentro de uma cultura dominante.

Temos muitos exemplos: Hippies, geeks, hooligans, emos, nerds, patricinhas, playboys, góticos, surfistas, indies, roqueiros, clubbers, punks e hip hop. Sendo esta última a minha escolha de pesquisa para este trabalho.

Tribo urbana - Movimento contracultural do hip hop

Na organização das sociedades capitalistas, ocorreu um processo de homogeneização das formas de pensar, consumir, agir e sentir da população. Basicamente, este é o conceito de cultura de massa, que é um produto da indústria cultural. Os conflitos e protestos contra os padrões sociais estabelecidos e contra os pressupostos culturais compartilhados pela maioria da sociedade deram origem ao conceito de contracultura, que rejeita, critica, questiona e debate o que é tido como vigente em uma determinada cultura dominante, da qual faz parte. Uma grande manifestação contracultural se deu, e se mantem até hoje, através do hip hop.

O hip hop nasceu nos anos 70 no bairro do Bronx, cidade de Nova York (EUA). Este bairro sofreu muitas mudanças durante os anos 60, devido ao crescimento sem um planejamento adequado (uma via expressa e complexos de apartamentos foram construídos), isso fez com que a área fosse desvalorizada e a classe média branca (italianos, alemães, irlandeses e judeus) se mudou de lá e, então, os afro-americanos pobres e os hispânicos se estabeleceram no bairro. A crescente pobreza fez com que os problemas relacionados com o crime e as drogas aumentassem.

O movimento contracultural do hip hop foi uma reação ao etnocentrismo branco, racismo, conflitos sociais e à violência, assim eles encontraram meios de reivindicar espaço e voz, usando como instrumento a dança (break), as músicas com ritmo forte e letras questionadoras (rap) e a arte (grafite). Estes elementos se tornaram os símbolos do hip hop e surgiram a partir da intenção de conter as brigas entre as gangues nas ruas.

Os jovens do Bronx organizavam bailes e eram realizadas as disputas de break, uma maneira de canalizar a violência em que viviam, passando a competir com passos de dança e não mais com armas. Eram incentivados a “grafitar” como forma de arte, ao invés de pichar os muros para demarcar territórios. Aos poucos, algumas gangues se transformaram em grupos de dança e grafitagem.

Afrika Bambaataa (pseudônimo de Kevin Donovan) é conhecido como um dos principais criadores do hip hop, por ter sido o primeiro a utilizar este termo e estabelecer as bases culturais, técnicas e artísticas (rap, break, grafite, dj), ou seja, os símbolos do movimento.

O contexto social, no surgimento do hip hop, era de uma sociedade onde a etnia e a cultura branca eram mais valorizadas, sendo assim o movimento foi criado pelo fato dos negros serem excluídos e terem suas raízes subjugadas e renegadas. Porém, para eles as questões não eram apenas sociais e raciais, eles queriam, através do movimento, ir de encontro aos ideais impostos que privilegiavam o etnocentrismo branco, que não respeitava as diferenças e colocava os negros a margem da sociedade.

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