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A VIDA DE FRANÇOISE DOLTO

Por:   •  8/5/2019  •  Ensaio  •  1.531 Palavras (7 Páginas)  •  173 Visualizações

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VIDA DE FRANÇOISE DOLTO

 

Dolto afirma: "Para 'fazer o bem que se deseja’, é necessário poder falar de seu desejo de mal. Aliás, é isso que a cultura faz, em seu conjunto. Ela permite satisfações imaginárias (arte, literatura, esporte, ciência) e dá apaziguamento aos desejos, ao mesmo tempo que permite um enriquecimento de trocas na sociedade. Há no ser humano contradições, e todo desejo precisa poder ser falado. Há a realidade, há o imaginário, e também há essa vida simbólica que é o encontro de um outro com quem nos compreendemos, e com quem não estamos mais totalmente sozinhos diante de nossas contradições internas. "A teoria da “imagem inconsciente do corpo”, que explicou detalhadamente em toda sua complexidade em 1984, é uma das mais importantes ideias de Dolto. A originalidade desta teoria se baseia na idéia de que, ao contrario do que se produz no caso de nosso esquema corporal, desde o estagio fetal se estrutura inconscientemente uma imagem do corpo, que é “a encarnação simbólica inconsciente do sujeito desejante” (Dolto, 1984).Entenda-se assim: Simbolização das sensações corporais, com respeito a vários aspectos (osque conformam a imagem do corpo) e se si chama inconsciente é porque simplesmente com o passar do tempo fica reprimida, em particular a partir do estádio do espelho (antes não era consciente) e definitivamente logo depois da resolução Edípica. Daí a idéia de organizar o melhor possível esta evolução da imagem inconsciente do corpo por meio de uma educação, uma humanização, o que ela chamou de “as castrações simbolígenas”.Françoise Dolto desenvolveu o conceito de Imagem Corporal para falar de uma dimensão corporal – não a realidade carnal do contato com o mundo físico, que para a autora seria o Esquema Corporal – mas de uma dimensão que é animada pela comunicação relacional com os outros, as trocas linguageiras de sujeito para sujeito (Dolto). É certo que esse Esquema Corporal, do qual fala Dolto, é o meio para o sujeito objetivar sua imagem corporal, entretanto, a estruturação da imagem corporal se dá pela historicidade de cada sujeito, nas suas relações com os outros: "A Imagem Corporal é a síntese viva de nossas experiências emocionais: inter-humanas, repetitivamente vividas através das sensações erógenas eletivas, arcaicas e atuais. É a cada momento, memória inconsciente de todo o vivido relacional, ao mesmo tempo, ela é atual, viva, em situação dinâmica, simultaneamente narcísica e inter-relacional: camuflável ou atualizável na relação aqui e agora" (Françoise Dolto).“O nosso Esquema Corporal é uma realidade de fato, sendo de certa forma nosso viver carnal no contato com o mundo físico" (Françoise Dolto).”O Esquema Corporal é, em princípio, o mesmo para todos os indivíduos (aproximadamente de mesma idade, sob um mesmo clima); a Imagem Corporal, em contra partida, é peculiar a cada um: está ligada ao sujeito e a sua história. Ela é especifica de uma libido, em situação de um tipo de relação libidinal” (Françoise Dolto).“Daí, resulta que o Esquema Corporal é, em parte, inconsciente, mas também pré-consciente e consciente, enquanto a Imagem do Corpo é eminentemente inconsciente”. (Françoise Dolto) A imagem do corpo seria a marca ou o vestígio, de uma modalidade particular de satisfação do desejo, de uma linguagem em particular, em distintas etapas do desenvolvimento. Estas marcas continuariam ativas durante toda nossa vida e nos permitiriam satisfazer nossos desejos dentro do contexto cultural.

 

O princípio do prazer pelo qual se guia a criança, se sustenta no apaziguamento das tensões internas e ao mesmo tempo que na elaboração de uma rede imaginária de comunicação. Esta rede é o que constituiria a imagem do corpo. Estas imagens do corpo se manifestam permanentemente em todas as expressões do corpo, determina nossos comportamentos involuntários, sintomas, gostos, atrações, repulsões, formas de falar e de dizer, etc.Com efeito, esta imagem inconsciente do corpo não é única nem estática, senão que se compõe de vários elementos:- uma imagem de base; corresponde a uma noção de existir, de ser. Integra a noção de que seu corpo e seu ser estão unidos, que são o mesmo.- uma imagem funcional; é uma imagem ativa, é a imagem das pulsões em busca de objetos simbólicos para a satisfação do desejo.- uma imagem das zonas erógenas; é a imagem de um corpo sentido como orifício palpitante de prazer ou satisfação. Integra a relação com alguém em quanto é prazeroso ou desprazeroso.- uma imagem dinâmica; busca articular e unir as três imagens anteriores de maneira coerente. Não tem imagem que lhe seja própria, sua representação seria a palavra desejo, é o sujeito com direito a desejar. A idéia essencial é que existe uma vivência relacional arcaica que marca nossa memória a medida que nos estruturamos. Dolto coincide com Lacan, quando afirma que esta estruturação só é possível a partir do momento no qual todas estas experiências arcaicas se verbalizam, quer dizer, se simbolizam. Dolto afirma que“... o esquema corporal especifica o indivíduo enquanto representante da espécie, quaisquer que sejam o lugar, a época ou as condições nas quais ele vive. É ele, o esquema corporal, que será o intérprete ativo ou passivo da imagem do corpo, no sentido de que ele permite a objetivação de uma intersubjetividade, de uma relação libidinal linguageira com os outros que, sem ele, sem o suporte que ele representa, permaneceria para sempre um fantasma não-comunicável”.

AS CASAS VERDES

Dolto não ficou popular apenas por suas participações em programas de rádio, mas também por que criou as “Casas Verdes”. Essas casas de acolhimento a crianças de 0 a 3 anos de idade –sempre acompanhadas de um adulto responsável por elas - remontam a uma Paris de 1978 –sendo um período pois de recente memória. O objetivo é uma profilaxia precoce, nunca deixando que as crianças experenciem a solidão evitável. Entretanto essas Casas Verdes são um lugar marcado pelo tempo de transição – antes da criança entrar em programas de educação infantil. Os sentimentos de abandono são prevenidos e ao vivê-los prepara-la para essa existência...As Casas Verdes acolhiam crianças e adultos e mostravam a importância dessa troca de experiências, da importância dessa relação, dessa colaboração e da separação progressiva inevitável. Ensinava a separar-se. “O grupo social coopera muito melhor na medida em que ha significado, nas palavras, das diferenças. A diversidade obriga a uns e outros a colaborar entre todos no respeito a cada um”(Dolto, 1985).Este passo dado pelo núcleo familiar – levando a criança para a sociedade – impregna a Casa

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