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ANÁLISE DO FILME BICHO DE SETE CABEÇAS

Por:   •  1/1/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.272 Palavras (14 Páginas)  •  3.591 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO[pic 1]

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA: PSICOFARMACOLOGIA

FRANCISCO DE ASSIS SILVA LIMA

GABRIELLE DE OLIVEIRA FREITAS

JOSANE SILVA LIMA

YASMIN COSTA BARROS RIBEIRO

ANÁLISE DO FILME BICHO DE SETE CABEÇAS

São Luís

2017


FRANCISCO DE ASSIS SILVA LIMA

GABRIELLE DE OLIVEIRA FREITAS

JOSANE SILVA LIMA

YASMIN COSTA BARROS RIBEIRO

ANÁLISE DO FILME BICHO DE SETE CABEÇAS

Análise apresentada como requisito para obtenção de nota referente à disciplina Psicofarmacologia, ministrada pela professora Maria Luiza Cruz no 2º semestre de 2017 do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Maranhão.

São Luís

2017


ANÁLISE DO FILME BICHO DE SETE CABEÇAS

Direção: Laís Bodanzky.

Filme/ano: Bicho de Sete Cabeças, 2000.

Elenco Principal: Rodrigo Santoro (Neto); Othon Bastos (Sr. Wilson); Cássia Kis (Meire, mãe de Neto); Daniela Nefussi (irmã de Neto).

Sinopse: O relacionamento entre Wilson e seu filho Neto está cada vez pior. A situação entre os dois chega ao seu limite, até que o pai decide internar o filho em um manicômio, onde o rapaz enfrenta condições terríveis de tratamento.

Palavras-chave: Análise de Filme; Bicho de Sete Cabeças; Manicômio;

PERGUNTAS

1. Qual o contexto social de inserção do relato?

O relato/filme se dá em um período de intensidade da atuação de manicômios, que serviam não apenas para pacientes depressivos ou ansiosos, por exemplo, mas para todo aquele que desviasse seu comportamento do que se considerava padronizado ou modelo social. Neste aspecto, qualquer desvio de conduta era passível de internação, já que a luta anti-manicomial, na época, ainda estava em efervescência, e tais instituições recebiam prostitutas, viciados e até pessoas estressadas. Essa forma de atuação da sociedade ganhava força com o discurso médico-psiquiátrico, uma vez que a crença na medicina sustentava todo comportamento de "limpeza" social contra os que não se encaixavam em padrões de saúde do momento discutido; especialmente, por se ter como técnicas à época, apoiadas na ciência, utilizações do considerado eficaz eletrochoque.

2. O que leva os profissionais a prescreverem medicamentos que inutilizam os doentes?

O interesse pela utilização destes tipos de medicamentos, observado no filme, era garantir um maior controle e poder sobre os pacientes, levando-os a um estado de sedação, em que comportamentos, por exemplo, de agressividade ficariam praticamente inviáveis. A chefia médica orientava os enfermeiros a fazerem isso pela necessidade de mantê-los na instituição, a fim de que o contingente de pacientes fosse mantido e não perdessem o repasse de verbas por parte do Governo, que possivelmente seriam desviadas para outros fins.

3. Se a situação ocorresse nos dias atuais, quais poderiam ser os medicamentos prescritos, com base no binômio risco/benefício?

A partir do exposto no filme, em que o protagonista Neto costumava usar maconha em alguns momentos de descontração ou estresse, considera-se interessante em uma situação como essa na atualidade fazer uso de medicamentos benzodiazepínicos. Isso porque o Neto, principalmente após sair do manicômio, entrou em estado de estresse profundo, situação em que a pessoa pode receber prescrição de calmantes que atenuem o estresse; além da fissura por ele apresentada no período de abstinência e vontade de usar a droga, também evitando possíveis convulsões.

Um medicamento que costuma ser utilizado nesse tipo de situação, considerando o risco-benefício, é o Diazepam, que funciona como calmante, um ansiolítico, que inibe o sistema límbico (AZEVEDO et al, 2016); ideal para o que se passa no filme. Obviamente, seria interessante a interação com a psicoterapia, o que, talvez, pudesse até descartar a necessidade de utilização de psicofármacos.

4. Como analisar a relação de/entre risco-benefício no contexto desse filme?

Com base no observado no filme, pode-se depreender que o tratamento oferecido pelos hospitais psiquiátricos apresentados proporcionava muito mais perdas que ganhos aos seus pacientes.

A começar pelo ambiente, isento de atividades distrativas ou estimulantes de funções motoras ou cognitivas - em que não se pensava alternativas outras de tratamento, como a Arteterapia, a Terapia Assistida por animais, a Psicoterapia etc., - que estimulava a regressão dos pacientes; a elevada dosagem dos medicamentos - de modo que a letargia, a avolia, a anedonia e as alucinações se tornaram uma constante - gerando um quadro de dependência e, portanto, sujeito a crises de abstinência; a eletroconvulsoterapia, à época, ainda não desenvolvida como método terapêutico, sem o uso de anestesia e, portanto, agressivo, funcionava como punição aos pacientes com mau comportamento, instalando um repertório comportamental de medo, retração e, por vezes, em reação, agressividade.

A despeito do ganho de peso e da extinção dos comportamentos indesejados, no caso, o uso da maconha e do álcool, entende-se que a falta de respeito com a individualidade humana notada no espaço manicomial em que não se via sinais de humanização, desenvolveu muito mais padrões patológicos do que os que se propôs a tratar, pois o contato com a radical alteridade (LEVINAS, 2000 apud JUNIOR, 2008) do paciente, em lugar de proporcionar transformação e aumentar possibilidades de atuação profissional, fora excluído pelos métodos e filosofias de tratamento vigentes.        

5. Fale sobre os momentos em que fica clara a sobredose medicamentosa e como isso se manifesta?

Cabe destacar, primeiramente, que durante o enredo da obra cinematográfica não foi realizado nenhum tipo de exame, consulta, escuta, nem foram verificadas as condições de saúde do personagem protagonista antes de medicá-lo (os nomes dos medicamentos não foram citados).

Após ingerir diversas doses inadequadas de medicamentos, houve momentos nos quais o protagonista movia-se com dificuldade, como se houvesse um peso sobre suas costas, aparentando estar entrando em um estado catatônico, perdendo o controle do próprio corpo e, às vezes, tendo alucinações auditivas com diversas falas do pai. Ele passou também a apresentar um comportamento como de “zumbi”, com olhar fixo e movimentos lentos, e isso se deu, tanto pelo estado de exaustão mental e física por tentar livrar-se daquela situação de sofrimento, quanto pelos efeitos das altas doses de medicamentos, possivelmente sedativos, hipnóticos e antipsicóticos.

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