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ENVELHECIMENTO NA CONTEMPORANEIDADE

Por:   •  5/5/2018  •  Abstract  •  953 Palavras (4 Páginas)  •  126 Visualizações

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ENVELHECIMENTO NA CONTEMPORANEIDADE

RESUMO

Ao longo das duas últimas décadas, no Brasil, temas relativos ao envelhecimento passaram a ser tratados em investigações das Ciências Sociais. A constituição de um campo de pesquisa que contempla relações geracionais e velhice está associada ao crescimento da população idosa em âmbito mundial. O deslanchar dessa área de estudo, por sua vez, é propiciado pelo impacto decorrente do aumento populacional, observado mais visivelmente em diferentes espaços públicos e domínios da vida privada, tanto no funcionamento dos sistemas de aposentadoria quanto na família.

Os textos reunidos em Família e envelhecimento, cuja organização esteve a cargo de Clarice Ehlers Peixoto (2004), abordam as interfaces entre formas materiais e simbólicas no envelhecimento – a exemplo das clivagens de posição social e de gênero, instâncias da sociedade que também caracterizam outras etapas do ciclo de vida. O livro compõe a série Família, Geração & Cultura, editada pela Fundação Getúlio Vargas em 2004, cujo escopo visou à divulgação de estudos socioantropológicos pautados no debate sobre o surgimento de novos modelos familiares no Brasil.

O artigo de Barros, intitulado “Velhice na contemporaneidade”, relaciona representações da velhice e modernidade. Desenvolve argumentos assentados na idéia de velhice como momento específico da existência humana, que expressa uma construção social forjada pela sociedade moderna no decorrer dos séculos XIX e XX, quando saberes e instituições (pedagogia, psiquiatria, geriatria, escola, hospital, asilo entre outros) produziram entendimentos e demarcaram disciplina, gerência e controle sobre as classificações etárias (infância, adolescência, maturidade, velhice e terceira idade) e sobre as diferenças de gênero. Ao decorrer do referido processo histórico, o indivíduo passou a ser considerado como valor social, uma vez que a sociedade moderna também produziu o que se pode designar por ideologia individualista. Conceber o indivíduo ancorado na percepção de si mesmo como ser singular é tornar pertinentes as idéias de trajetória de vida, ciclo de vida, projeto de vida e percepção de uma memória individual. Para a autora, no envelhecimento, percebe-se a tendência de se exacerbarem princípios básicos da ideologia individualista, através do processo da responsabilização do velho por cuidados com sua saúde física e psí- quica, o que envolve atividades de lazer, cuidados corporais, busca de sociabilidade e de soluções individuais para seu conforto financeiro, como previdências privadas. Ressalta que o termo terceira idade preconiza a necessidade de o indivíduo viver essa fase do ciclo de vida de forma dinâmica e traduz a reprivatização da velhice (Debert, 1999). Barros recapitula concisamente concepções sobre velhice formuladas por autores nacionais e estrangeiros traçando um estado da arte dos estudos sobre envelhecimento na área da antropologia. Cita Feathrstone (1998) para quem, através dos olhos da juventude, é possível perceber a velhice como um declínio e, sobretudo, como impossível de ser positivamente valorizada, na medida em que o velho já ultrapassou o ponto máximo do ciclo de vida em relação à capacidade física e psíquica e à perda gradativa da capacidade de controle do corpo e da mente.  Lins de Barros toca em um ponto muito discutido nos trabalhos sobre velhice: a adequação do idoso ao modelo de envelhecimento ativo, o que evidencia a vigilância social exercida sobre esses sujeitos.

 Refere-se também a Peixoto (2000), cujas análises se subsidiam em Goffman (1978), por sua compreensão de que a velhice como um estigma e como exclusão social se dá paralelamente ao advento da aposentadoria para a população trabalhadora, associando-a, então, à idéia de pobreza. Por isso, entende que o termo terceira idade se opõe à concepção de velhice, considerada como decadência. A recorrência ao saber antropológico pode ser identificada em formulações e ensejos da investigação de Barros, que realizou doutoramento em Antropologia Social no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A autora demarca que a heterogeneidade de valores, comportamentos e estilos de vida, caracterizadores da velhice, desperta a curiosidade da Antropologia, motivada em relacionar particularidades das experiências socioculturais com a universalidade da vida social. Ainda em seu entender, a contemporaneidade de temas suscitados pelo envelhecer – por exemplo, as relações geracionais – perpassa a compreensão da diversidade cultural, incluindo as variadas formas de interpretar os ciclos de vida e os usos intelectuais e políticos sobre esse conhecimento, no sentido de indicar respeito às diferenças. Refere-se às constatações obtidas no estudo que desenvolveu em camadas médias do Rio de Janeiro nos anos 1977 e 1978, enfocando mudança e permanência de valores na família brasileira. : “Os espaços de sociabilidade para a terceira idade e a descoberta da velhice como uma questão social cumprem a função de definir identidades na velhice e de socializar indivíduos para uma velhice ativa que privilegia os espaços de encontros” (Lins de Barros, 2011, p. 57

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