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Estudo de Caso – “Aprisionado pelos ponteiros de um relógio: o caso de um transtorno mental desencadeado no trabalho”

Por:   •  19/11/2021  •  Trabalho acadêmico  •  635 Palavras (3 Páginas)  •  318 Visualizações

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Estudo de Caso – “Aprisionado pelos ponteiros de um relógio: o caso de um transtorno mental desencadeado no trabalho”

O caso tem como objetivo reunir elementos para compreender e investigar se o trabalho provoca ou precipita transtornos mentais. Para isso, é analisada a história de Carlos - 48 anos - que foi atendido no Ambulatório de Doenças Profissionais (ADP) do Hospital das Clínicas (UFMG) pela primeira vez em 1998 com o diagnóstico de Transtorno de Adaptação (CID XX – 4322).

A escola da Psicopatologia do Trabalho na França apresenta vários estudos que relacionam as formas de organização do trabalho a certos transtornos mentais, a partir destes conclui-se que o trabalho pode conter alto poder patogênico. Para evidenciar essa tese é apresentado um caso clínico, no caso específico o do Carlos, analisando toda sua história de vida, de ocupação e de seu último emprego.

Em suma, Carlos viveu uma vida simples no interior e teve pais preocupados e rigorosos que exigiam educação, comportamento e respeito. Apesar disso, Carlos levou com naturalidade esse controle exercido pelos pais. Casou-se com 22 anos e teve 4 filhos e foi descrito como uma pessoa calma e trabalhadora. Quanto ao trabalho, por morar em zona rural, Carlos começou entre os 8 e 10 anos e teve diversos empregos. Porém, por meio de sua história ocupacional pregressa, supõe-se que nenhum lhe causou acidente ou algum problema de saúde exceto o último como porteiro noturno.

Em 1993, aos 42 anos, Carlos começou a trabalhar como porteiro e permaneceu por 5 anos no estacionamento de um edifício no centro de Belo Horizonte. Trabalhava em regime fixo noturno com jornada de 12 horas em dias alternados e o seu local de trabalho era de mais ou menos 1,20m por 0,80m. Neste espaço encontravam-se um relógio, um telefone, um interfone, uma campainha, uma cadeira e um painel onde ficavam os cartões com os números das vagas, entregues aos usuários. Em seu trabalho, Carlos era responsável por controlar a entrada e saída de veículos, [...] “mas era também sujeito a um tipo de controle especialmente rígido: a cada 25 minutos, deveria acionar um relógio, caso contrário, o mesmo emitiria um sinal e o traço deste sinal poderia ser recuperado pelo supervisor, configurando sua ausência naquele momento.” Além disso, havia uma vigilância exagerada do síndico que ligava várias vezes durante a noite e acabou por instalar uma câmera de vigilância com a qual observava tudo, repreendendo os funcionários que conversavam. Percebe-se, portanto, que nesse último emprego as condições de trabalho eram insalubres e o ambiente de trabalho era precário com poluição auditiva e visual das buzinas e controles de sinais luminosos, respectivamente.

Apesar de toda essa análise não foi possível estabelecer, de forma satisfatória, o nexo causal entre certas vivências e certos distúrbios mentais. Apenas foi levantada a hipótese de que o transtorno de Carlos esteja relacionado com a organização rígida de trabalho à qual esteve submetido nos últimos cinco anos. Entre as evidências esta a tensão elevada, causada pelos mecanismos de controle – câmera, relógio e síndico -; isolamento e monotonia do posto de trabalho; conflitos nos relacionamentos interpessoais, principalmente entre subordinados e chefes; turno fixo noturno que infere nos ritmos circadianos; distúrbios de sono; entre outros.

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