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O FREDERICK S. PERLS E A GESTALT-TERAPIA

Por:   •  11/4/2021  •  Artigo  •  2.038 Palavras (9 Páginas)  •  300 Visualizações

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FREDERICK S. PERLS E A GESTALT-TERAPIA

Nasceu em Berlim, filho de pais judeus, se descrevia como a ovelha negra da família, por conta de expulsões de colégio, ter repetido de ano e problemas com as autoridades durante a adolescência.

Foi trabalhando com soldados com lesões cerebrais que passou a ver a importância de enxergar o ser humano em sua totalidade. As contribuições de Perls para os estudos de personalidade abrangem mais a prática da psicoterapia que a teoria. Acreditava que uma visão holística e produtiva, das pessoas e da psicoterapia, deveria envolver uma grande desintelectualização e um incentivo ao sentir e vivenciar.Temia que suas ideias fossem reduzidas a um conjunto de truques e tentativas de curas psicoterapêuticas instantâneas.

A gestalt e a Psicanálise

Em seus estudos de psicanálise, sentiu que o trabalho de Freud era defasado na falta de uma percepção integral do ser humano e do funcionamento de seu organismo, onde o indivíduo e o meio que ele está inserido são partes de um mesmo campo que está em constante interação. Enfatizava a importância de entender o contexto que a pessoa estava inserida no presente, não apenas na investigação de seu passado.

Via sua visão se distinguir da psicanálise a partir dos estudos sobre instinto. Perls pregava que nenhum desses impulsos instintivos eram “básicos”, e que a forma de compreensão desses fenômenos pela psicanálise, se mostrava ineficaz por não incentivar uma experiência direta do material interpretado e associado no processo chamado por Freud como “associação livre''.

Entendia também que o fenômeno da resistência era compreendido por Freud de maneira equivocada, já que não levava em consideração a forma com que essa fuga se apresentava, focava apenas em seu conteúdo.

Psicologia da Gestalt

        O princípio mais importante da gestalt é que uma análise das partes nunca vai proporcionar uma compreensão de um todo. Numa comparação com o funcionamento de um relógio, observar como uma engrenagem funciona não vai te explicar como os ponteiros giram no tempo certo. É preciso observar o todo, para então entender se as partes estão funcionando corretamente. Retornando a analogia do relógio, é preciso ver para qual lado ele gira, e o tempo que ele leva para dar uma volta completa, para compreender se as engrenagens estão funcionando corretamente ou não, e quais devem ser consertadas.

        Um experimento usando clarões de luz e intervalos de tempo, levou a reformulações fundamentais nos conceitos de percepção, fazendo com que a teoria da Gestalt fosse incorporada ao estudo da aprendizagem, resolução de problemas, motivação, psicologia social e, até certo ponto, à teoria da personalidade.        

        A teoria da Gestalt também ofereceu algumas sugestões a respeito dos modos pelos quais os organismos se adaptam para alcançar sua organização e equilíbrio ideais. Ou seja, é um modelo que explica que um determinado estímulo pode ser interpretado de maneiras diferentes, de acordo com seu interesse no momento.

Existencialismo e Fenomenologia

        Ao descrever a Gestalt como uma terapia existencial, Perls queria afirmar que aspectos do seu trabalho tinham uma semelhança com os estudos desenvolvidos em muitas escolas existencialistas e fenomenológicas. Essas semelhanças se vêem presentes na afirmação de que para a Gestalt, o contexto em que um indivíduo está inserido só pode ser compreendido através da descrição direta que o próprio faz de sua situação única. Da mesma maneira, Perls queria distanciar a relação terapêutica do modelo médico-paciente, afirmando que a mesma era um encontro existencial entre duas pessoas.

        A visão sobre a dualidade mente e corpo compartilhada por Perls e pelos existencialistas também se alinhavam sob a perspectiva de que esses dois aspectos não são diferentes e indissociados, e sim que tudo convergia. Contrariando a ideia de que cada ser humano experiencia um mundo que está completamente separado de si, ao dizer que as pessoas criam e experienciam seus próprios mundos a partir da sua própria descoberta do mesmo.

        A Gestalt também se aproxima da fenomenologia ao implicar que todas as ações provêm de uma escolha, e explicações de causais, ou seja, aquelas que dizem que fenômeno B só pode acontecer devido a ocorrência do fenômeno A, não são suficientes para justificar as ações de uma pessoa ou suas escolhas.

Um organismo como um todo

        Para além da visão holística do ser, onde se observa o todo e não as partes, Perls também defendia que a interação interno/externo estava equivocada. Ou seja, a relação indivíduo ambiente, na visão de Perls, não tinha muito sentido quando a discussão era que existiam forças internas e externas que guiavam um indivíduo.

Defendia que existia um limite fluído de contato entre a pessoa e o meio, que incentivava o contato e o afastamento da pessoa com o seu ambiente. Contatar era a formação de uma Gestalt, de uma percepção específica de mundo que estava ligada a suas necessidades momentâneas, e afastar era o seu fechamento. Num indivíduo neurótico, as funções de contato e afastamento estão perturbadas, e ele se encontra frente a um aglomerado de gestalt em que estão de alguma forma inacabadas, nem plenamente formadas nem plenamente fechadas.

Perls sugeriu que os motivadores para este ritmo de contato e afastamento são estabelecidos por uma hierarquia de necessidades. As necessidades dominantes como primeiro plano, a ação efetiva é dirigida para a satisfação de uma necessidade dominante.

Conscientização

        Para compreender a conscientização temos que definir rapidamente mais dois conceitos, a ênfase no aqui e agora, e a preponderância do como sobre o porquê. Que são, respectivamente, a capacidade de uma pessoa considerada saudável de viver o presente, sem estar sempre focado no passado ou futuro. E uma ênfase no como a ação é realizada, em relação ao que motivou a mesma, sendo o segundo de menor importância em relação ao primeiro, pois este segundo têm várias formas, são várias razões que podem nos levar a ter um comportamento.

        Dito isto, o processo de crescimento, para Perls, é um de expansão das áreas de autoconsciência. Sendo o fator mais importante que inibe o crescimento psicológico a fuga da consciêntização. Segundo a teoria da Gestalt, Perls sugeriu que o princípio da hierarquia de necessidades está sempre operando na pessoa. A necessidade mais urgente, a situação inacabada mais importante, sempre aparecerá se a pessoa estiver consciente de si mesma o tempo todo.

        Perls sugeria que para cada indivíduo existem três zonas de consciência: consciência de si mesmo, consciência do mundo e consciência do que está “entre”, um tipo de zona intermediária da fantasia. Ele considerava o exame desta última zona (que impede a conscientização das outras duas) como a grande contribuição de Freud.

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