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O JOGO DAS CORES PROIBIDAS

Por:   •  31/3/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.906 Palavras (12 Páginas)  •  1.130 Visualizações

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  1. Introdução

O presente trabalho elaborado pelos alunos do 4ºsemestre do curso de Psicologia, proposto pela disciplina de Psicologia Sócio-Interacionista, pretende investigar a habilidade da criança na utilização de instrumentos e signos durante a realização do Jogo das Cores Proibidas, pautando-se, para isso, na concepção sócio - interacionista do desenvolvimento, tal como elaborada por Lev Vygotsky.

Na concepção de Vygotsky, para que se pudesse entender o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores, como atenção, memória, cognição, não bastava apenas estudar os aspectos físicos, biológicos dos seres humanos, tal como os mecanicistas e deterministas faziam. Isso porque, para os psicólogos sócios - históricos, o indivíduo não é compreendido apenas como sendo mente e corpo, mas é também influenciado pela sociedade e cultura em que está inserido. Na visão de Vygotsky, nós, seres humanos, nascemos inseridos em uma cultura, com crenças, religiões e características específicas e, por isso, ela é uma das principais influências no desenvolvimento. Pela interação com os outros nós aprendemos e desenvolvemos capacidades de agir sobre o mundo. (OLIVEIRA, 1997).

Um conceito muito utilizado por Vygotsky é o conceito de mediação. Como descrito por Oliveira (1997), “mediação é o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação, na qual a relação passa a ser mediada pelo elemento.” (p. 26). E essas relações mediadas passam a ser mais comuns em nosso relacionamento. Essas mediações se dão pelo uso de instrumentos e signos. Os instrumentos surgiram pela necessidade de comunicação entre os indivíduos. É um elemento imposto entre o trabalhador e o objeto de seu trabalho, transformando a natureza e consequentemente se transformando. Utilizamos os instrumentos para intervir na natureza. Os signos são utilizados e auxiliam um problema psicológico, são instrumentos psicológicos, que dirigem ações psicológicas, não auxiliando em ações concretas como os instrumentos. Existem os signos externos, algo que faça lembrar; e os signos internos, representações já internalizadas. A mediação colaborou para que as ações psicológicas se tornassem mais sofisticadas, voluntárias, intencionais e controladas pelo indivíduo. Conforme o desenvolvimento vai ocorrendo através da mediação, vamos adquirindo a linguagem e internalizando os significados.

A fala é que permite a passagem para uma inteligência racional. Aproximadamente até os seis anos de idade as crianças apresentam uma fala egocêntrica, que é aquela por meio da qual elas falam junto com a ação, narram a sua ação, de modo que essa fala possa lhes auxiliar a organizar a ação que desejam concluir. “Ao longo do desenvolvimento o individuo deixa de necessitar de marcas externas e passam a utilizar signos internos, ou seja, elementos que representam objetos. Com isso, desenvolvem as chamadas representações mentais.” (OLIVEIRA, 1997, p. 35).

Vygotsky trabalha com duas funções básicas da linguagem, o intercâmbio social, que diz respeito à necessidade de comunicação com o outro; e o pensamento generalizante, no qual agrupamos objetos em uma determinada categoria, a língua se encaixa com o pensamento, nomeamos e classificamos o mundo.

Em um determinado momento do desenvolvimento da criança, o pensamento e a linguagem se unem, surgindo o pensamento verbal e a linguagem racional, e essa junção só existe quando a criança está inserida emum contexto sócio histórico. A partir desta junção, entre pensamento e fala, vamos adquirindo significado, compreendendo a palavra e dando sentido a partir de nossas vivencias individuais.

Quando nos referimos ao desenvolvimento de uma criança, o que buscamos compreender é “até onde a criança chegou”, em termos de um percurso que será percorrido por ela (OLIVEIRA, 1997). Quando a criança já sabe realizar determinada tarefa sozinha, etapas já consolidadas, dizemos que a criança já esta no nível de desenvolvimento real. Existem tarefas que a criança ainda não consegue realizar sozinha, e que precisa da mediação de outra pessoa para conseguir concluir e então internalizar a tarefa. Esta situação, na qual a criança apenas consegue desempenhar certa tarefa com o auxilio de outras pessoas, consiste no que Vygotsky chama de nível de desenvolvimento proximal. As funções que ainda estão em processo de amadurecimento para se tornarem consolidadas, Vygotsky chama de zona de desenvolvimento proximal, que é a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento proximal.

Portanto, estudaremos, a partir do jogo das cores proibidas, as habilidades de diferentes crianças, analisando suas ações e fala durante a brincadeira, de modo a verificar se elas se encontram no nível de desenvolvimento real ou no nível de desenvolvimento proximal.

  1. Descrição do trabalho
  1. Participantes

O primeiro participante foi um menino de seis anos e três meses, cursando o primeiro ano do ensino fundamental. E a segunda participante foi uma menina de sete anos e nove meses, cursando o segundo ano do ensino fundamental.

  1. Local da pesquisa

A pesquisa foi realizada na residência de um dos integrantes do grupo com as duas crianças participantes.

  1. Materiais utilizados

Os materiais utilizados para a pesquisa foram oito cartões nas cores: azul, vermelho, verde, amarelo, alaranjado, marrom, branco, preto, os cartões coloridos foram confeccionados com papel cartão, sendo que a cor estava presente nos dois lados do papel; roteiro com as perguntas.

Foram também utilizados os objetos com suas cores determinadas conforme constavam no roteiro de perguntas usado no jogo.

  1. Regras do Jogo (Procedimento para aplicação)

O jogo consiste em pedir à criança que responda a um conjunto de questões relativas a cores, seguindo dois tipos de instruções: não mencionar duas cores estabelecidas no início como proibidas; não repetir cores que já tenham sido mencionadas no decorrer da tarefa. Vence o jogo quem obedecer rigorosamente as duas regras acima: responder as 18 questões sem falar as cores proibidas e sem repetir as cores já faladas. A criança deve ser orientada a responder “eu não posso falar essa cor” ou “cor proibida”,para as situações em que ela seja proibida ou repetida. As três tarefas devem ser aplicadas individualmente numa única vez.

Cada aluno desenvolveu uma determinada função, na primeira criança (menino) Josiane fez a aplicação do jogo, Camila gravou,Rodrigo, Bruno e Caio fizeram anotações e observações, Helen e Sue auxiliaram no preparo e aplicação do teste.

Na segunda criança (menina) Bruno fez a aplicação do jogo, Josiane gravou, Camila, Sue e Helen fizeram anotações e observações, Rodrigo e Caio auxiliaram no preparo e aplicação do teste.

  1. Transcrição do Questionário

Tarefa 1 – sem cartões e sem ajuda

Primeira regra: cores proibidas– amarelo e verde

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