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O Que é a Transferência?

Por:   •  30/3/2017  •  Trabalho acadêmico  •  818 Palavras (4 Páginas)  •  473 Visualizações

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O que é a transferência? A transferência é uma repetição bem particular: em lugar de rememorar o passado, o analisando o repete como uma experiência vivida, no presente do tratamento analítico, ignorando que se trata de uma repetição. O paciente transfere suas emoções infantis, do passado para o presente e de seus pais para o analista. No entanto, devemos deixar bem claro que o vínculo transferencial com o analista não é a simples reprodução, no presente, dos laços afetivos e desejantes do passado. A transferência é, antes de mais nada, a atualização no presente das fantasias que outrora alimentaram os primeiros laços afetivos. Portanto, convém entender que a transferência não é a simples repetição de uma antiga relação concreta, mas a atualização de uma fantasia permanente.

Ora, o manejo da transferência requer do analista não só uma grande habilidade e experiência, mas também uma constante atividade de autopercepção das fantasias que o perpassam quando ele escuta. O instrumento do psicanalista não é apenas o saber, mas, acima de tudo, seu próprio inconsciente, único meio de que ele dispõe para captar o inconsciente do paciente. Se, no complexo de Édipo, o objeto da pulsão fálica é a mãe, postularemos que, na transferência, o objeto da pulsão analítica — vamos chamá-lo assim — é o inconsciente do psicanalista. Dito de outra forma, a transferência é a atualização de uma pulsão cujo objeto fantasiado é o inconsciente do psicanalista.

A disponibilidade do analista para a escuta, que lhe permite agir com seu inconsciente, mas também expor-se ao inconsciente do outro, explica por que as produções do inconsciente surgidas ao longo do tratamento podem aparecer, alternadamente, num ou noutro dos parceiros da análise. Foi o reconhecimento dessa alternância que me levou a propor a tese de um inconsciente único. Não há dois inconscientes, um pertencente ao analista e outro ao analisando, mas um só e único inconsciente. As formações do inconsciente, cujo aparecimento se alterna entre analista e analisando, podem ser legitimamente consideradas como a dupla expressão de um único inconsciente, o da relação analítica.

A transferência impulsiona a análise, funcionando como um motor. Freud diz que a transferência é a condição sine qua non, ou seja, sem a qual não há análise; nesse sentido a transferência é o motor ou a mola propulsora da análise, mas Freud chama a atenção dizendo que este motor às vezes engasga, ou seja, a transferência passa o ser o freio da análise, pois se for deixada por si só, ela vai engasgar, daí surge a necessidade de o analista saber conduzir e manejar a transferência.

A cena em que Freud fala da transferência como um motor engasgado é o auge da cena amorosa, pois quando o amor se manifesta  entre o paciente e o analista, em seus excessos, torna-se uma espécie de estagnação do trabalho analítico; é como se o paciente naquele momento  dissesse:  não quero mais saber dele e nem do que lhe falta, pois supõe que o analista possui o que lhe falta, querendo saber apenas do amor e esquecendo o que o conduziu à análise.

Por isso, é fundamental que a transferência impulsione a análise, mas ao mesmo tempo deve ser manejada para que não a emperre; o analista conduz a transferência intensificando em alguns momentos a sua presença ou abrandando-a, ou seja, ora está mais presente, ora, mais distante em relação a este “lugar” de investimento no qual o paciente o coloca.

Outra face importante da transferência no que se refere à questão amorosa, é que o paciente tende a repetir algo da sua vida na transferência; como por exemplo: o paciente em suas relações amorosas é uma pessoa muito ciumenta, então haverá uma tendência que na sua relação com o analista também se mostre um tanto quanto ciumento; querendo saber o seu valor para o analista, se é mais importante do que os outros pacientes; ou um paciente que em sua relação amorosa tenha a necessidade de que o outro lhe diga sempre que o ama, tenderá a colocar em xeque diante do analista a atenção que este dedica ao paciente, pergunta se ele é um caso interessante ou se está realmente presente ali ou o ouvindo com atenção; Desse modo, Freud percebeu que há um quê de repetição na transferência, ou seja , não há como tratar de um paciente, sem que a própria relação que ele estabelece com o analista seja  uma relação neurótica, por assim dizer, daí Freud denominar a transferência de “neurose de transferência”, ou seja, quando o paciente fala de seus dramas, de certa forma acaba colocando em ato na cena analítica o seu próprio drama, como o impasse em relação a seus objetos amorosos, o valor que tem ou não diante do outro  ou a busca constante de reconhecimento, vai sendo levado para a sua relação com o analista , pois este é um lugar de investimento, pois sem este” lugar” uma análise não avança.

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