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O Surgimento da Psicologia

Por:   •  13/2/2023  •  Resenha  •  2.528 Palavras (11 Páginas)  •  53 Visualizações

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                                                                                 História da Psicologia            Psicologia – Noturno      


Linha do Tempo
Surgimento da Psicologia segundo Luís Claudio Figueiredo


   Luís Claudio Figueiredo é Docente em Psicologia Geral pela Universidade de São Paulo.                            Segundo ele houveram duas pré-condições para o surgimento da psicologia com ciência independente no século XIX:
1-a) A concepção ou surgimento de uma subjetividade privada.
2-b) A crise dessa concepção de uma subjetividade privada.
     Durante a Idade Média (séc. V-XV) vivia-se sob um sistema feudal, onde a Igreja Católica detinha
 todo o poder, somente nela se encontrava a verdade, tudo girava ao redor de Deus, representado pela Igreja, ou seja, uma forma Teocêntrica de ver e entender o as coisas, os homens e o mundo. Podemos entender os homens desse período como crentes, no sentido que acreditavam em tudo que a Igreja lhes dizia, não contestavam em nada até então, pois isso não cabia a eles, somente ao clero (monges) que dominava a escrita e consequentemente faziam suas interpretações das escrituras e as aplicavam como entendiam. Existia também, na Idade Média, a idéia de corpo social que reforça a divisão social da época, uma vez que consiste em um tipo de hierarquia onde os membros mais “altos” protegem os mais “baixos” e esses respondem fiel e plenamente na mesma medida às justas demandas de seus superiores.
      Uma forma que pode representar esse período se comparado a tal, é uma grande engrenagem, onde Deus está ao centro regendo o homem e o mundo. Ao Seu redor elos que estão ligados entre si e regidos por Deus.
No campo da religião, o homem se deparava com uma Igreja extremamente hierárquica e fortíssima, que ao longo desse período, foi perdendo foi sendo alva de diversas críticas e questionamentos aos abusos de relíquias, às indulgencias, à imoralidade do clero e a crise enfrentada pelo papa.
     Foi também durante esse período que começaram as grandes navegações, a brindo espaço para o encontro entre o mundo dos feudos e novos povos, culturas, idéias e verdades; deu-se então, a Passagem da idade Média para o Renascimento (séc.XVI) onde o homem buscava a liberdade(esta que lhe foi cerceada durante a idade Média|), surge então a Concepção das Subjetividade privada.

     Durante o período Renascentista, o homem motivado pelos diversos dilemas enfrentados durante a Idade Média foi ao encontro de sua liberdade, vislumbrando um mundo até então desconhecido, onde passa a se conhecer melhor e a ser dono de seu próprio caminho.Configura-se então uma forma Antropocêntrica de se ver o mundo.
     Uma imagem que retrata bem esse período (renascentista) é a Feira de Rua, ainda que essa já existisse na época Medieval, agora  é diferente  pois marca a abertura da Europa à diversidade cultural do mundo conhecido. A própria idéia de comércio expressa bem o movimento da época. Contudo, ao se deparar com outras culturas, idéias e verdades o homem ocidental renascentista primeiramente espantou-se, aquilo não fazia parte da sua realidade vivida até então. Diante dessa situação esse homem pode considerar essa diferença u erro ou então colocar em questão a própria verdade, não a fim de substituí-la, mas torná-la não mais como única, mas como uma dentre as possíveis. Tudo isso levou o homem renascentista a “perder suas certezas”, a exposição à outras culturas e às verdades de cada uma dessas culturas acabou por confundi-los forçando-os a construir suas próprias verdades e caminhos.
     Toda essa nova valorização do homem junto a toda dispersão do mundo levarão à tentativa de criação de mecanismos para o domínio e formação do eu. Como exemplo de construção de identidade podemos citar Dom Quixote de La Mancha, personagem de Cervantes, que se identifica com o ideal do cavaleiro andante medieval e procura afirmar-se, neste exemplo já podemos notar que a afirmação de uma identidade coesa pode assemelhar-se com a alucinação.
     Voltando agora ao campo religioso podemos citar Santo Inácio de Loyola cujo procedimento para a firmação da identidade sobre a dispersão do sujeito é guiá-lo de volta a Deus: “O homem é livre para ser o que é e parece estar perdido; ele precisa e pode, portanto, dirigir sua vontade ao caminho correto para se encontrar.” Em sua obra “ Os Exercícios Espirituais” são propostos uma série de procedimentos com duração de 28 dias, cujo cumprimento religioso deverá levar o praticante à iluminação. Parte daqui a inspiração de um gênero literário de bastante sucesso no final do século XX, chamado “Psicologia de Auto-Ajuda” onde se ao fim do procedimento (no caso 28 dias) a iluminação não chegar, isso não se deve a uma falha do método, mas certamente a pouca fé e à fraqueza da vontade do exercitante.
     Outro exemplo de procedimento de afirmação do sujeito é a obra de Maquiavel, “O Príncipe”. Seu princípio é de que o mundo é volúvel, sem memória, egoísta e, enfim, mau, sendo necessário então a imposição de um sujeito forte, não tendo outra opção se não à força, criar alianças mais pelo temor que pelo amor, esta seria a única forma de estabelecer uma unidade á dispersão (poder centralizado).
     Ainda no século XVI, há uma série de autores que criticam a pretensão do homem em ser tão ideal e que apontam, como já fizera Maquiavel, para uma eventual maldade e vaidade humanas. Podemos citar aqui dois autores: Montaigne e Shakespeare. O Primeiro, diante da instabilidade e insegurança de tudo acaba por fazer renascer um dos movimentos gregos, o ceticismo; para ele o eu não é uma referência a priori, como o será para Descartes, mas sim algo inconstante e sempre inacabado, formando-se continuamente num processo reflexivo. O segundo, em sua obra Hamlet, expressa uma característica essencial da Modernidade: a interioridade. A reflexão, o desdobramento sobre si, cria a possibilidade de um diálogo construtivo, contudo, esse mergulho para dentro de si se dá às custas da ação. A consciência de si traz ao homem a consciência de sua vaidade e um distanciamento melancólico (em um misto de lucidez e loucura) da experiência imediata.

      Agora no século XVII, o “eu” chega a seu ponto de máxima afirmação com Descartes, levando à produção de um conhecimento objetivo, neutro, independente da subjetividade: a Ciência.
Poderíamos dizer que o século XVII tentou organizar racionalmente a desordem do século anterior. Descartes em sua busca por idéias claras e distintas (até certo ponto assemelhando-se muito ao ceticismo) percebe que uma a uma as coisas iam se mostrando enganadoras, duvidosas, parecendo-nos que Descartes vai ficando cada vez mais acuado. Com esse movimento de recuo metódico aparentemente chegaria ao ceticismo, contudo, é justamente esse o ponto em que os pensamentos de diferem, Descartes diz que realmente, tudo o que tomou como objeto de seu pensamento era incerto, mas que algo lhe parecia indubitável: enquanto duvidava seguramente existia ao menos a atividade de duvidar e se havia esta ação, ela deveria ter um sujeito, um “eu pensante”. (deste modo Descartes escapa ao ceticismo.)
Descartes também define o “eu” como a consciência, e esta habita um corpo. A existência do corpo é deduzida a partir do “eu”, mas em primeiro lugar deduzirá a própria existência de Deus, como causa necessária para a existência do homem. Porém “eu” e “corpo” são coisas bem distintas, corpo é uma substância cuja essência consiste no pensar e parece não ser dependente de qualquer coisa material.  
     O método Cartesiano assemelha-se em partes com o de Santo Inácio de Loyola, ambos acreditavam que o caminho para a verdade é acessível a qualquer um, desde que todos são livres para dirigir sua vontade ao caminho correto. A diferença é que em Santo Inácio a verdade é Deus e o caminho é a meditação; enquanto que em Descartes refere-se à verdade enquanto tal e o caminho encontra-se no correto uso das leis matemáticas e geométricas.
Cabe aqui dizer, que a busca pela afirmação do “eu” acaba por gerar uma zona de exclusão representável pela loucura (ou natureza animal do homem). A obra “A história da loucura” de Michel Foucault faz referência ao tema. Segundo Foucault a nossa forma atual de relação com a loucura surgiu somente no século XVII, pois antes disso a forma de se compreender o que se passava com essas pessoas era diferente, não havia o medo que temos hoje do louco ou a idéia de que isso fosse uma doença e sobretudo não existia a idéia de que ele devesse ser afastado do convívio social e isolado num hospício. O louco pode ter sido tomado como um visionário, como um possesso pelo demônio ou simplesmente como um bobo. A partir do século XVII (depois de Descartes) qualquer coisa que pudesse por em questão a lucidez e a estabilidade do “eu”, seria tomada como altamente ameaçadora. Como forma de defender a estabilidade do “eu” é que nesse momento o louco é afastado do convívio social por medo, pois este perdeu a identificação com o “eu” e sua racionalidade.
     Outra obra que cabe como referência aqui é a “Do Cidadão” de Thomas Hobbes, nela ele descreve o homem fora da sociedade, em estado natural. O homem não é adaptado para o convívio social, dada as observações entre homens e animais políticos em seus ambientes sociais.  Alguns homens tinham interesse em apenas o que lhes fosse necessário, ou seja, ao que fosse somente de seu interesse, buscando o bem para si. Portanto, para Hobbes a origem de todas as sociedades grandes e duradouras não provém da boa vontade recíproca que os homens tivessem uns para com os outros, mas sim do medo que uns tinham dos outros.

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