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PERSPECTIVAS ACERCA DO EMAGRECIMENTO EM GESTALT-TERAPIA

Por:   •  14/9/2022  •  Trabalho acadêmico  •  5.182 Palavras (21 Páginas)  •  152 Visualizações

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 PERSPECTIVAS ACERCA DO EMAGRECIMENTO EM GESTALT-TERAPIA

Rafaela Monteiro Andrade de Oliveira[1]

RESUMO

As mudanças de comportamentos e estilo de vida da civilização pós-desenvolvimento tecnológico implicaram aumento de condições de sedentarismo e obesidade, sendo frequente a necessidade de abordagem do processo de emagrecimento nas psicoterapias e outras abordagens multiprofissionais da saúde. Este artigo realiza uma reflexão sobre o processo de emagrecimento e quais as contribuições que a Gestalt-Terapia proporciona para melhor compreensão da relação emagrecimento/emoções. Para alcance dos objetivos realizou-se uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados da Scielo e Google Acadêmico, enfatizando a importância da Awareness nesse processo, bem como a importância das emoções associadas a alimentação durante o emagrecimento. Concluiu-se a importância de ter equilíbrio emocional para que ocorra um processo de emagrecimento eficaz, de modo a garantir que o processo seja vivenciado de maneira plena possibilitando bem-estar e saúde física e mental.

Palavras-chave: Emagrecimento; Emoções; Gestalt-Terapia; Pilares do Emagrecimento; Awareness.

1.0 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento tecnológico no contexto atual corresponde a diversas mudanças de comportamentos e estilo de vida da civilização, dentre elas, a modificação das forças produtivas para padrões automatizados, não exigindo do homem grande esforço físico para sua sobrevivência. Dessa forma, o consumo de calorias que passou a ser superior ao gasto energético diário, associado à perda de massa magra gerada pelo sedentarismo, tem levado a humanidade a uma condição generalizada de obesidade e sobrepeso que associados a outros fatores de risco, como o tabagismo e a alimentação inadequada, são responsáveis por mais de 50% do risco total de algum tipo de doença crônica além do aumento na incidência do desequilíbrio psicológico (BRASIL, 2002).

Caldeira (2000) expõe alguns fatores que influenciam a formação de novos hábitos alimentares: os motivos sociais; os fatores geográficos; e os modismos (TV, rádio, revistas, etc.) O corpo é um dos objetos que assume valores simbólicos relevantes na atualidade, despertando grande interesse das pessoas e da mídia, podendo ser interpelado, também, pela lógica da cultura do consumo. Le Breton (2006) indica que o corpo é o vetor semântico, por meio do qual a relação do indivíduo com o mundo é construída, ocorrendo através do contexto cultural e social em que o indivíduo se insere.

O acúmulo de gordura no organismo pode ser medido através do Índice de Massa Corporal (IMC), com a fórmula IMC = peso/altura². De acordo com esse indicador, o IMC entre 25 e 29 indica sobrepeso, e acima de 30 indica obesidade (GODOY-MATOS et al., 2009). Penido (2019) apresenta dados do Ministério da Saúde que apontam um aumento no número de obesos no Brasil em 67,8%, entre 2006 e 2018, sendo que 55,7% da população tem excesso de peso, entendendo-se este como sendo o estágio anterior à obesidade, em que o peso está além do considerado saudável.

O CID-10 (OMS, 1994) classifica a obesidade entre as doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas e, de acordo com o DSM-V (APA, 2014), a obesidade está inserida no eixo de condições foco de atenção clínica, não sendo caracterizada como um transtorno psiquiátrico. Ainda assim, faz-se necessário considerar os fatores psicológicos associados à obesidade e ao processo de emagrecimento, em conjunto com os fatores médicos, nutricionais e fisioterapêuticos. É nesse contexto que se verifica a importância da psicoterapia como auxiliar importante no referido processo.

Diante deste contexto, construíram-se as questões que nortearam este trabalho: As relações interpessoais (ambiente externo) e pessoais (ambiente interno) interferem no processo do emagrecimento? Quais são as colaborações da Gestalt-Terapia frente aos impasses relacionados à interação emagrecimento-emoções. a fim de proporcionar elementos que favoreçam o sucesso desse processo?

Na visão da Gestalt-Terapia sobre a obesidade Castro (1998, p. 51) indica:

A obesidade desenvolve-se na ausência e/ou precariedade do fluído compartilhar em relação a si e aos outros – servindo de máscara protetora e prisão. Ela é um sintoma da fome de amor não saciada, da raiva não expressada, do medo de rejeição e da solidão, escondidos por um silêncio ‘recheado’ de comida.

Ao falar de transtornos alimentares sob o olhar da Gestalt-terapia, falamos sobre o processo de adoecer, utilizando perguntas de como ocorreu esse adoecimento no lugar de procurar os porquês desse processo. Fundamentando-se na base fenomenológico-existencial desta abordagem e percebendo o homem a partir de sua existência, subjetividade e potencial que vive em continuo crescimento e auto regulação, o adoecer é visto como uma etapa de um ajustamento criativo disfuncional, capaz, muitas vezes, de proteger a pessoa de determinadas experiências insuportáveis. Vale ressaltar que cada pessoa vai desenvolver um processo de ajustamento criativo que consegue em cada situação da sua vida e com os recursos que lhe estão disponíveis ou acessíveis no momento. O estar doente é um momento e não algo permanente, sem perspectiva de transformação, ou seja, a pessoa “estar” doente, ela não “é” doente, portanto, esse processo é uma vivência individual de cada pessoa (POLITO, 1999).

Cada indivíduo busca se autorregular para melhor se adaptar às suas relações com seu meio envolvente. Porém, nem sempre a auto regulação acontece de uma forma funcional. Podemos definir o ajustamento criativo, como um processo em que o individuo se relaciona de maneira criativa e ativa com o seu meio, buscando se equilibrar, se satisfazer, sendo, dessa forma, “um processo de adaptação em que não há primazia de um sobre o outro, e sim uma negociação entre ambas as partes, como um acordo que se cria entre o indivíduo e meio” (MATTOS, 2000, p.16).

Em contrapartida, a Saúde, em Gestalt-terapia, compreende-se como viver de uma maneira mais autêntica, espontânea, criativa, estar livremente fluindo no momento presente. É importante destacar que cada pessoa tem seu modo de existir, sua forma de estar no mundo que é singular, e que essa não se resume a sua doença. Portanto, para além desse sintoma, existem diversos comportamentos que o indivíduo expressa, tanto quanto verbalmente ou de forma não verbal, através de movimentos e expressões. Não podemos olhar de maneira simplista para cada indivíduo e seus sintomas, pois eles trazem uma historia intensa e singular recheada de significados, sendo assim, é importante ressaltar que devemos ver o individuo a parti da sua totalidade, como um ser único, tornando-se fundamental ver além do sintoma apresentado, e trabalhar como esse processo se mantém (NUNES & HOLANDA, 2008). Desta forma, pode-se descrever como caminho da saúde:

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