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PRECONCEITO E DOENÇAS CRÔNICAS NO CONTEXTO ESCOLAR

Por:   •  29/8/2018  •  Ensaio  •  4.650 Palavras (19 Páginas)  •  206 Visualizações

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“PRECONCEITO E DOENÇAS CRÔNICAS NO CONTEXTO ESCOLAR: “AS INTERFACES ENTRE A SAÚDE E A EDUCAÇÃO”

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema o preconceito e as doenças crônicas no contexto escolar, explorando as interfaces entre a saúde e a educação. Nesse sentido, tendo em vista o meu interesse nas questões relacionadas à saúde, comecei a me questionar e resolvi buscar informações a respeito de que forma o preconceito e as doenças crônicas estão relacionados no contexto escolar, levando em consideração a grande relevância desse tema tanto para a área da saúde, quanto da educação.

O objetivo geral do presente trabalho é discutir a temática do preconceito e a sua relação com as doenças crônicas, tendo como pano de fundo o contexto escolar. Inicialmente apresentarei uma breve discussão a respeito do tema preconceito, a partir de alguns textos debatidos durante o semestre, na disciplina “Diversidade e Educação”. Posteriormente pretendo fazer algumas reflexões a respeito da relação entre o preconceito e as doenças crônicas no contexto escolar, a partir de alguns trabalhos científicos publicados sobre o tema. Por fim, irei apresentar algumas considerações da Teoria da Subjetividade no campo da saúde, que propõe uma visão alternativa à concepção hegemônica da saúde, a qual está ancorada no modelo biomédico.

ALGUMAS DISCUSSÕES A PARTIR DO TEMA PRECONCEITO

Inicio a reflexão com o texto de Demo (2005), intitulado “Éticas Multiculturais: sobre convivência humana possível”. De acordo com o autor “levar a sério o outro, em particular sua diversidade, é um dos desafios maiores da convivência humana”. Nesse sentido, acredito que essa afirmação possa ser o ponto de partida para se repensar a questão do preconceito e da intolerância entre os seres humanos.

Segundo o autor, a noção de ética seria fundamental para se falar em convivência humana e a partir de uma perspectiva sociológica, ele defende a existência de éticas multiculturais, afirmando não ser possível se pensar em uma única ética válida para todos, pois caso contrário, viveríamos uma ditadura. (Demo, 2005).

De acordo com Demo (2005), apesar de termos características comuns, somos diferentes e geramos culturas diferentes e dessa forma a convivência humana coloca, segundo ele, uma questão ética, pois não se trata de convivência de iguais, mas sim de diferentes.

Nesse sentido, concordo com o autor, quando ele defende a importância da orquestração de espaços comuns que se compatibilizem com as aspirações individuais, afirmando que:

A engenharia humana mais exigente e fina é a orquestração de espaços comuns que se compatibilizem com as aspirações individuais, o que não pode ser feito sem uma dose de conflito e sem uma dose de solidariedade. Este reconhecimento já bastaria para garantir que ética é plural e que não pode ser imposta de fora. A solidariedade é possível, além de necessária, mas não é dinâmica dialética complexa não linear. (Demo, 2005, p. 36).

Dessa forma, acredito que as colocações do autor podem nos fazer refletir sobre a necessidade de se pensar formas de construir uma convivência humana baseada em valores democráticos e formas respeitosas de coexistir e lidar com o “outro”, e as suas diferenças.

Tendo em vista a questão colocada por Demo (2005), a respeito da convivência humana e das diferenças entre os seres humanos, vale a pena falar também sobre o texto de Santos (2005): “Filosofia e as gentes - um estudo sobre a origem das diferenças”. Com o objetivo de investigar a origem do discurso sobre a diferença Santos (2005) faz uma espécie de retrospectiva a respeito do tema. De acordo a autora, o filósofo Aristóteles teria sido o primeiro a estabelecer uma hierarquia entre os seres, organizando-os de acordo com a qualidade (ou valor) na ordem da criação do mundo. Ela afirma que o filósofo fazia uma hierarquização dos valores relativos às mulheres e aos escravos, por exemplo, de forma que as mulheres eram consideradas seres incompletos e deveriam obedecer aos homens, enquanto que os escravos deveriam ser mantidos pelos senhores, com o objetivo de serem úteis às famílias destes.

Segundo Santos (2005), o pensamento de Aristóteles se manteve soberano na filosofia ocidental até o século XVIII, tendo sido referencial absoluto para muitos teóricos durante toda a Idade Média e a Renascença. Entretanto, de acordo com a autora, a descoberta das Américas e o contato com os novos povos indígenas encontrados no novo continente, fez com que surgissem muitos questionamentos a respeito desse novo povo, inclusive se eles seriam humanos ou não.

Sendo assim, ela afirma que foi durante o Renascimento que a questão da diferença, vinculada à filosofia das gentes ganhou força e estatuto, iniciando-se então nessa época os questionamentos a respeito dos direitos ou não desses “povos diferentes”. Segundo a autora, enquanto alguns teóricos afirmavam que esses seres eram “gentes”, possuíam alma e teriam direitos, outros teóricos pensavam o contrário.

De acordo com Santos (2005), por volta dos séculos XVIII e XIX a justificação das diferenças se acentuou, sendo transformada em racialismo (divisão das pessoas por raça, de acordo com o clima em que vivem e as possibilidades biológicas) e racismo (política e ideologia de exclusão baseada na diferença).

Ao abordar a questão do preconceito, a autora afirma que é necessário que tenhamos coragem de falar sobre os nossos próprios preconceitos e investigar de que forma esse singular é generalizado, pois se não fizermos isso estaremos negando fora aquilo negamos dentro de nós e repetindo os questionamentos dos renascentistas e medievais a respeito dos povos diferentes. Nesse sentido, ela acredita que corremos o risco de continuar questionando na atualidade se aqueles que julgamos diferentes de nós, ou seja, o “outro”, (principalmente aqueles que julgamos inferiores ou os pertencentes às minorias, excluídos por nós) tem direitos, ou até mesmo se é “gente como a gente”.

Santos (2005) questiona ainda a existência de uma falsa imagem de democracia existente em nosso país, onde se tem a ideia de que vivemos em um pedaço harmonioso do mundo, em que a natureza é abundante e as pessoas são boas e cordiais. Nesse sentido, de acordo com a autora, cria-se a ideologia que o Brasil seria um país menos violento do que os outros, já que a violência não faz parte

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