Resenha American Beauty

O filme “Beleza Americana” retrata a vida e a destruição de uma família da classe média americana, através da narrativa feita pelo seu personagem central, Lester Bunham.  Lester é casado com Carolyn, uma corretora de imóveis apegada ao extremo à imagem de bem-sucedida e reproduz todos os mantras de autoajuda possíveis, que também está em crise nos seus negócios e se vê superada e diminuída pelo seu concorrente Buddy Kane, que é a referência em vendas de imóveis da cidade. O casal tem como filha Jane, uma adolescente desajustada e fechada, a garota é observada pelo filho do novo vizinho, o jovem Rick Fitts, que não esconde suas excentricidades e o jeito esquisitão. Rick é filho do coronel Frank, um militar conservador, agressivo e homofóbico. Lester desperta a sua subjetividade, decide virar a mesa, joga tudo para o alto e muda radicalmente de vida, porem de uma forma desajeitada e inconsequente, fazendo com que todos desejem mata-lo.

A trama é cheia de rótulos dessa sociedade, e os próprios personagens dão vida a eles, a sociedade que valoriza, sobretudo a imagem e a aparência.  Lester decide virar a mesa, joga tudo para o alto e muda radicalmente sua vida. Dá as costas para o seu chefe insuportável, largando o emprego e indo trabalhar em um fastfood, desperta seu amor próprio retomando uma rotina de exercícios físicos, aceita seu lado rebelde e começa a fumar maconha, e ainda tenta seduzir a amiga da filha, durante a trama começamos a pensar se essa súbita ascensão de Lester não é por causa da garota, que também mostra interesse pelo mesmo. O nosso protagonista não tem uma boa convivência com a filha, o que só aumenta quando a garota percebe que o pai sente atração por sua amiga, Jane não consegue ver beleza em si e isso só é reforçado pela mãe que julga as pessoas pela aparência e amiga Angela que reforça a estranheza que Jane sente por si, ao destacar o quanto sua vida sexual é ativa, como sempre há diversos homens adultos, incluindo aí o Lester, interessados por ela. A garota começa a se envolver com o vizinho Rick, e expõe seu incomodo e raiva diante as ações do pai, e o garoto se oferece para mata-lo. Percebemos que Lester esta passando por uma crise de meia idade, se sentindo incapaz e estagnado, ele rompe com essa falta que sentia ter dentro de si mesmo, uma falta e um sofrimento que muitos sentem e não têm coragem para assumir diante da sociedade, depois dos 30 anos principalmente, sente que não conquistou nada de importante na vida e nunca á aproveitou corretamente, e muda seu estilo de vida exatamente por isso, esta frustrado com o casamento, emprego, vida social e sexual, está numa jornada de autoconhecimento, de busca da sua verdadeira identidade, aquela distante de se adequar a uma expectativa social do que se espera de um adulto por volta dos quarenta anos.

O impulso sexual que ele sente pela adolescente amiga de sua filha é somente um gatilho que desemboca todo o seu processo de libertação das amarras sociais e que o faz explorar novas possibilidades dentro da sua realidade como fumar maconha, malhar, ser franco com sua esposa e perceber que os seus sonhos da juventude foram por água abaixo, mas que ainda há algo a ser explorado e aproveitado durante sua vida adulta. O coronel Fitts, talvez seja o personagem que mais demonstra esse medo de se assumir diante uma sociedade, Fitts sempre se apresenta como militar,imagem que aparentemente lhe protege de qualquer suspeita de uma prática que os outros considerem imoral. Ele sabe quem é e usa a homofobia como mascara, pois se sente repreendido pela sociedade e projeta tudo isso no seu comportamento agressivo. Quando recebe informações incertas do seu filho sobre a possível homossexualidade do seu vizinho ele rompe sua insegurança e confronta Lester em sua garagem, mas é dispensado, fazendo com que seu auto repúdio e agressividade se intensifique. Fitts mata Lester no final da trama.

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