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Série in Treatment e terapia familiar

Por:   •  20/11/2019  •  Resenha  •  1.127 Palavras (5 Páginas)  •  374 Visualizações

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           No início do artigo “A Influência das Famílias de Origem nas Relações Conjugais” (Quissini & Coelho, 2014) fala que um dos desafios presentes no casamento consiste na
bagagem das experiências familiares, o comportamento, os princípios/valores familiares, as frustrações mal resolvidas, os conflitos na infância e tantas outras vivências. Essa questão fica muito clara durante todos os episódios do casal Jake e Amy da série In Treatment. No primeiro episódio assistido há as percepções de Jake sobre a sogra e sobre a família de Amy em geral, uma esposa que ele sempre coloca em um lugar de superioridade e sucesso. Quanto as frustrações mal resolvidas, percebe-se no penúltimo episódio todas as questões que Jake carregava em relação ao seu pai, alguém que ele também colocava em uma posição superior. Ao longo da terapia, Paul, o terapeuta, ajuda Jake a perceber seu discurso e identificar que seu pai e Amy se encontravam em “um mesmo lugar” referente a sua vida, um lugar superior no qual no casamento houve uma complementaridade de papéis. Amy estava em um lugar superior e de sucesso como forma de complementar o seu lugar de fracasso que antes era preenchido pelo pai. Os conflitos na infância e as demais vivências do que ficou mal resolvido também é mostrado em relação a Amy. O fato de se sentir culpada pela morte do pai e não se perdoar por isso faz como que ela “precise” estar em um lugar de quem sempre está sendo punida. Jake realiza essa função ao longo de muitas sessões, estando sempre desconfiado, acusando-a de ser mentirosa etc. Quando Jake não corresponde mais a esse lugar, Amy tem a “necessidade” de fazer algo repulsivo para se auto punir, no caso, quando ela trai Jake com Ben, seu chefe. Quando Amy descreve o ocorrido ela fala com um ar de repulsa e nojo do que aconteceu, uma vez que foi algo que ela nem sentiu prazer, entretanto, não conseguia parar. Após confessar o que fez, Amy esperava que Jake ficasse bravo, até diz “pode me bater, eu aceito”. Jake no entanto não corresponde novamente a essa expectativa de Amy.         
           Em mais de uma sessão o casal chega dizendo que seria o último encontro pois estavam decididos a separar, entretanto, eles sempre voltavam. Segundo Féres-Carneiro, 1994 o compromisso da terapia de casal é com a promoção de saúde emocional dos membros do casal e não com a manutenção ou a ruptura do casamento. Referente a isso, Jake e Amy questionavam o terapeuta sobre várias decisões. A primeira delas foi a de que se deveriam abortar ou não o bebê da segunda gravidez de Amy. Paul fez com que eles percebessem que a questão que os levavam até ali não era simplesmente a decisão sobre abortar ou não, uma vez que isso agora é mais uma nova pauta para a manutenção do conflito e logo, para manutenção da relação. Questionavam o terapeuta sobre se ele achava que um amava ao outro, se deveriam ou não separar etc. Paul enxergava que existia um sentimento no casal ainda, porém eles passaram a enxergar apenas o que havia de pior no outro, criando um conflito que os mantinham juntos. No episódio 42 o casal diz que iria realmente se separar. Nessa sessão Amy se mostra irritada, insatisfeita com os resultados da terapia, enquanto Jake se mostra muito mais tranqüilo pois parece compreender o padrão de comportamento que estava os mantendo juntos. Com isso entende que a terapia foi eficaz por fazer enxergar que o real problema não correspondiam exatamente as pautas que levavam para discussão na sessão e sim o porquê delas estarem surgindo e a que função atendiam. Segundo Willy (1978) citado por Féres-Carneiro, 1994, “Os parceiros, antes, em suas posições polarizadas, acreditam que não tinham nada em comum. A terapia vai mostra que, com seus problemas, estão no mesmo barco. O que antes consideravam que os separava é agora o que os une”. Em relação a essa frase, Paul neste episódio ao final da sessão diz que o padrão tinha ficado claro e que, por mais que estivessem tendo perspectivas diferentes sobre como a terapia os afetaram, eles estavam no mesmo lugar, pois chegaram ali juntos. Amy um pouco antes diz sobre o quanto é necessário ser forte para conseguir se divorciar, pois parte de você é enterrado junto com esse fim. Isso vai de encontro ao que diz sobre o processo do divórcio relacionar-se primeiramente com a recuperação do eu. Recuperar o “eu” que existia antes do casamento, em relação a sonhos, expectativas, planos, esperanças etc (Carter, Betty 1995).         
          Por fim, com os 6 episódios foi possível compreender as ansiedades e posições de complementaridades inconscientes do casal proveniente das relações com a família de origem, o padrão de comportamento que os unia desde o início da relação com o que os fizeram se atrair um pelo outro até o momento em questão quando se chegam a terapia. Paul consegue identificar o que os uniu na época em que se conheceram, percebendo o fato de que conspiraram contra o marido de Amy e que quando Paul fez algo que não os agradaram (atendeu ao telefone durante a sessão) isso também foi suficiente para conspirarem contra alguém e isso os uniu naquele momento. A questão do “contrato secreto” também é identificado pelas questões advindas da infância de cada um, de forma que dentro deste “contrato” um correspondia ao outro diante as necessidades que tinham dentro do lugar que ocupavam (Féres-Carneiro, 1994). Amy complementava o lugar de fracasso de Jake e Jake antes de mudar seu comportamento, complementava as necessidades de Amy em ser culpada, acusada e punida, através dos comportamentos de desconfiança e de possessividadede de Jake.
         

Referências:
           Carter, B., & McGoldrick, M. (1995). As mudanças no ciclo de vida familiar: Uma estrutura para a terapia familiar (M. A. V. Veronese, Trad.). In B. Carter & M.
McGoldrick (Eds.), 
Mudanças no ciclo de vida familiar: Uma estrutura para a terapia familiar (pp. 7-29). Porto Alegre, RS: Artes Médicas.         

          Quissini, Cintia, & Coelho, Leda Rúbia Maurina. (2014). A influência das famílias de origem nas relações conjugais. Pensando familias18(2), 34-47.         

           Feres-Carneiro, Terezinha. (1994). Diferentes abordagens em terapia de casal: uma articulação possível?. 
Temas em Psicologia2(2), 53-63.         

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