Fundamentos de Antropologia e Fundamentos de Sociologia

Centro Universitário Internacional UNINTER

Curso: Bacharelado em Serviço Social

Disciplina: Fundamentos de Antropologia e Fundamentos de Sociologia

Orientador Educacional: Bárbara

Nome do aluno/a: Ana Cristina Martins Machado                 RU:2816574                            

Texto: SILVA, Sydnei da. A migração dos símbolos: diálogo intercultural e processos identitários entre os bolivianos em São Paulo.

São Paulo em perspectiva. Vol.19 no.3 São Paulo julho- setembro.2005

É fato notório, que o movimento migratório, gera conflito entre os habitantes locais e os chamados “estranhos” devido a vários fatores a saber: disputa pelo mercado de trabalho e entrechoque cultural dentre outros. O caso dos migrantes bolivianos em São Paulo tem ilustrado isso de forma patente .Sendo estes inseridos no mercado de trabalho paulistano, através do ofício da costura, sendo em alguns casos aliciados e explorados pelos próprios compatriotas, e muitas vezes sem a garantia da obtenção dos direitos trabalhistas previstos pela legislação brasileira ,procuram se consolidar no espaço metropolitano em bairros da zona central da cidade ,enfrentando resistência e   preconceito tanto no que se refere a ocupação espacial como na inserção cultural local .Embora haja entre os bolivianos uma parcela significativa de médicos, e outros profissionais liberais, isso não significa que os desafios enfrentados quanto a regularização de sua estadia no Brasil seja tranquila .A conquista dos bolivianos pela aquisição do espaço da praça Kantuta com a intervenção da prefeitura depois de alguns conflitos com moradores dos arredores ,possibilitou a manifestação de eventos culturais e gastronômicos temáticos da Bolívia com maior liberdade, garantindo assim que a cultura dos Andes continue se perpetuando através da incorporação desta pelas futuras gerações. O povo boliviano tem uma forte ligação com a “mãe terra” manifestada pela devoção a Pachamama, que simbolicamente necessita de sangue derramado e bebidas para que o ritual em sua homenagem esteja completo .Através dos símbolos eles manifestam sua peculiaridade que na verdade torna-se um misto de diversidade, e ao mesmo tempo de incorporação dos símbolos nacionais representado através do significado ritualístico do sacrifício pelo sangue derramado, como acontece no ritual da lhama branca, e tem seu correspondente nos bois-bumbás de Parintíns e nos bumba-meu-boi das regiões nordestinas .Países como o Peru e o Paraguai também tem suas versões simbólicas do uso do boi em suas festividades locais ,sendo que no Peru o ponto alto da festa está na preservação da vida do condor que deve sangrar o boi, no qual ele está pousado nas costas. Esse derramamento de sangue é sinal de vida e fertilidade daí decorre sua importância e também a importância da preservação da vida do condor nesse ritual , pois sua morte é sinal de má sorte para a comunidade .Na Bolívia, a brincadeira com o boi ,diferente do Paraguai e do Brasil, onde os festejos acontecem em junho ,ocorre no contexto do carnaval. A representatividade brasileira vem através da disputa do boi Garantido e do boi Caprichoso em Parintíns. Na cidade de São Paulo foi incorporada á festa da lhama a figura do boi como signo de “carnavalização”, indicando a existência de uma mediação cultural entre o símbolo boliviano e o brasileiro. A aceitação positiva da introdução do elemento nacional á festa boliviana, está no fato de que pessoas antes acanhadas em participar dos festejos, agora o encaram como fazendo parte de suas raízes. As novas fórmulas de diálogo propostas pela criação da migração dos símbolos muitas vezes é marcada por tensões, mas ainda assim, nos permite conhecer melhor quem promove sua vinculação.

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