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O Fichamento de Weber

Por:   •  4/6/2020  •  Resenha  •  2.951 Palavras (12 Páginas)  •  191 Visualizações

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FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

JOÃO LUIZ BONAFÉ

FICHAMENTO TEXTUAL V

QUINTEIRO, Tânia, et. al. Um toque de clássicos, p. 107-154. (M. Weber)

Ribeirão Preto - SP

2020

"Na investigação de um tema, um cientista é inspirado por seus próprios valores e ideais (...) que devem ser obrigatoriamente expostos e jamais disfarçados de 'ciência social' (...) É essencial distinguir a política e a ciência e considerar que esta tampouco está isenta de valores. (...) a ciência é um produto da reflexão do cientista, a política é do homem de vontade e de ação" BARBOSA; QUINTANEIRO. Um toque de clássicos, p. 108)

Neste trecho podemos começar a entender o que defendia o filósofo Max Weber. Segundo ele, bastante inspirado e influenciado pela obra de Marx e Nietzsche, a ciência seria uma reflexão baseada em estudos de seu autor, enquanto a política refletiria a vontade de seu estudioso, por assim dizer, o autor defende que é essencial para o estudo das ciências que seja anulado aquilo que seu autor pensa e defende, ao contrário do que é pedido para o estudo da política, já que este último, sim, sempre será afetado por vontades e interesses. Essa forma de pensar as relações entre as ciências da natureza e as chamadas "ciências de espírito" fez com que o trabalho de Weber fosse contrário ao pensamento filosófico com maior força de atuação à sua época: o positivismo.

Seguindo seu pensamento, o autor faz uma distinção entre o que é saber empírico e o que seriam os julgamentos morais e de valor. Segundo ele "o saber empírico tem como objetivo procurar respostas através do uso dos instrumentos mais adequados" (BARBOSA; QUINTANEIRO. Um toque de clássicos, p.109) estando diretamente ligado ao conhecimento das ciências naturais, que seriam extremamente racionais, ligados a uma lógica bastante prática que não estaria ligada ao que seria justo ou bom fazer, mas sim aquilo que poderia ser feito. Sobre isso, em seu livro "A ciência como vocação" (p. 170-171) o autor exemplifica que a "Ciência Médica tem a tarefa de manter a vida (...). Se a vida vale a pena ser vivida e quando - esta questão não é indagada pela Medicina".

Se para Weber, como dito, as ciências naturais serão sempre racionais por estarem diretamente ligadas a uma finalidade objetiva e a uma ética inerente que obriga que a pesquisa diga apenas a verdade, sem dispor das subjetividades de seus estudiosos, a discussão do alemão sobre as ciências sociais é disposta de forma diferente. Weber fala delas dispondo quatro fatores a serem considerados ao estudar a sociedade e produzir conhecimento sobre ela. São eles: 1- Estabelecer leis e hipóteses para servirem de base para seus estudos; 2- buscar entender fatos a partir da análise dos grupos sociais baseando-se em fatores históricos para conseguir chegar a compreensão dos "porquês" de dado fato; 3- ao analisar fatores relevantes ao presente de um grupo, é necessário, segundo o autor, analisar seu passado e entender a influência dele nos acontecimentos do agora e, por último 4- após concluídos os três fatores, é necessário analisar quais podem vir a ser as decisões futuras. Seguindo esses quatro passos definidos por Weber torna-se então possível que entendamos, enquanto pesquisadores, as nuances da vida do nosso objeto de estudo e assim, utilizemos da análise do passado para buscar a compreensão do presente e uma certa previsão do futuro.

Weber afirma que as ciências humanas, em especial a Sociologia, é uma ciência generalizadora justamente por seguir um caminho que leva a construção de um conceito geral sobre seu objeto de estudo; segundo ele, seria essa a maneira de tornar as ciências humanas uma ciência também empírica. Ao resultado de tal generalização, Weber chamou de "tipo ideal". "Um conceito típico-ideal é um modelo simplificado do real, elaborado com base em traços (...) essenciais (...) segundo os critérios de quem pretende explicar um fenômeno" (BARBOSA; QUINTANEIRO. Um toque de clássicos, p.113).

Para que toda essa reconstrução histórica tenha valor científico, segundo o autor alemão, é necessário que o sentido que se busca atribuir aos fatos esteja sempre atrelado a provas, caso contrário não poderemos utilizá-los cientificamente. É necessário, portanto, que, para que algo se torne uma lei sociológica, este seja comprovado estatisticamente. Sobre isso, Weber trata dos estudos sociológicos de Marx como a elaboração de um tipo ideal que, por mais que estejam corretas, não têm validez empírica pôr a ela faltarem mais comprovações.

O próprio autor em seu livro "A ética protestante e o espírito do capitalismo" utilizou-se da construção de um tipo ideal quando partiu de "uma descrição provisória" para seguir com sua investigação empírica e "chegar à sua forma definitiva apenas no final do trabalho". Neste caso, "o tipo ideal é utilizado como instrumento para conduzir o autor" (BARBOSA; QUINTANEIRO. Um toque de clássicos, p.113)

"A ação é definida por Weber como toda conduta humana (...) dotada de um significado subjetivo dado por quem a executa e que orienta a ação" (BARBOSA; QUINTANEIRO. Um toque de clássicos, p.114). O tipo ideal agiria com um "limite" para essas ações, justamente por serem puramente conceituais e não dotados da essência humana. Para organizar os diferentes tipos, podemos utilizar uma escala que varia entre racionalidade pura e irracionalidade: "com base no reconhecimento de que, durante o desenvolvimento da ação, podem ocorrer condicionamentos irracionais (...) Weber constrói quatro tipos puros, ou ideais, de ação: a ação racional com relação a fins, (...) com relação a valores, a ação tradicional e a ação afetiva" (BARBOSA; QUINTANEIRO. Um toque de clássicos, p.115).

Quando um indivíduo possui um objetivo e, por conta dele, busca meios possíveis para alcançá-lo, sua ação poderá ser classificada como racional. A racionalidade em relação a valores está diretamente ligada àquilo que a pessoa acredita, suas convicções pessoais, valores morais passados por um ou outro meio e adotados como corretos para sua vida, "daí que às vezes exista nesse tipo de procedimento uma certa irracionalidade" (BARBOSA; QUINTANEIRO. Um toque de clássicos, p.116) visto que algumas vezes esses valores não são pensados racionalmente pelos indivíduos que os adotam e sim arbitrariamente adotados quando do pertencimento a determinado grupo.

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