Resenha O capital

MARX, Karl. O Capital, Livro I Volume 1, Capítulo 2. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996.

Fichamento: O capital: O processo de troca (p. 209- 217) Capítulo II.

Em sua obra O capital, Marx faz uma análise do Capitalismo e as formas de sociabilidade que constituem o mundo moderno. No capítulo segundo, expõe suas ideias acerca do processo de troca existente na sociedade à época.

Segundo Marx, as mercadorias existentes servem como produtos de troca. Quem as detém em quantidade superior a que lhes é necessária, usa esse excedente para trocar pelo que lhe é faltoso, trocando com alguém que necessite delas e tenha o que lhe é necessário, realizando assim o que chamamos hoje de comércio.

Assim, não era necessário que se tivesse moedas (ouro e prata, o que equivaliam ao nosso dinheiro hoje) para que se adquirisse o que precisava, bastava que tivesse uma mercadoria de interesse do outro, o qual era possuidor do que era de seu interesse, para que houvesse a troca. Esse processo de troca só era válido quando, segundo o autor, a mercadoria comprovava o seu valor, assim também era tido o trabalho, pois “Se o trabalho é útil para outros, se, portanto, seu produto satisfaz as necessidades alheias, somente sua troca pode demonstrar” (Marx, 1996: p. 210).

Dessa forma, a mão de obra era disponibilizada àqueles que tinham a sua disposição, excedente que o trabalhador necessitava a sua sobrevivência, tornando a troca um processo individual, não tendo um valor específico, sendo que cada negociação tinha a sua individualidade, se adaptando as necessidades de ambos. Nesse tipo de negociação, não há muita diferença entre o trabalho escravo, pois o trabalhador disponibiliza sua mão de obra para obter apenas o que lhe faz falta e o contratante tem a mais do que necessita.

De acordo com Marx, a importância da mercadoria está na sua existência, e não no seu valor de uso, pois para seu proprietário, o seu valor está na troca, e não em ficar com ela, visto que é um excedente, e seu real valor está na possibilidade de utilizar para adquirir o que precisa. Assim, com o tempo, cria-se esse excedente apenas para troca, ou seja, o indivíduo produz o que sabe, em quantidades maiores que o necessário a seu uso, para que possa continuar realizando essas trocas, as quais são benéficas a sua vivência, o que Marx aponta como “a separação entre a utilidade das coisas para as necessidades imediatas e sua utilidade para a troca.”

Com essas práticas, percebeu-se a mercadoria como equivalente do dinheiro, visto que satisfaziam as necessidades de ambas as partes no momento da troca, pois “Que o dinheiro seja mercadoria é, portanto, apenas uma descoberta para aquele que parte de sua forma acabada para posteriormente analisá-la.” (Marx, 1996: p, 214)

As relações, assim, tornaram-se cada vez mais sociais, pois a comunicação entre os interessados fazia com que estivessem sempre em contato uns com os outros buscando conhecer o que o outro necessitava e quem tinha a disposição o que lhe era necessário, fazendo com que o significado das relações sociais decorrentes das trocas fossem considerados como produto arbitrário da reflexão dos homens.

Volta-se ao valor das mercadorias, analisando que, segundo Marx, sobre o dinheiro sabe-se seu valor, mas cada mercadoria tem valor de própria grandeza, determinado pelo tempo necessário a sua produção, bem como a matéria-prima utilizada a sua produção, a qual também é adquirida por meio de trocas. Assim, além do valor da mercadoria em si, está o valor do trabalho em produzi-la, e, ao contrário do dinheiro que “Quando entra em circulação (...) seu valor já está dado” (Marx, 1996: p. 216), a mercadoria é analisada a cada caso e depende do que será por ela trocado.