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Hematologia

Por:   •  3/6/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.253 Palavras (6 Páginas)  •  322 Visualizações

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POLICITEMIA VERA [pic 1][pic 2]

A presente revisão aborda a policitemia vera (PV), seu diagnóstico diferencial, os recursos propedêuticos disponíveis, os avanços e perspectivas. Trata-se de doença de prevalência considerável, sendo comumente citada e encontrada na prática clínica diária.

É uma desordem mieloproliferativa adquirida que causa produção aumentada das três linhagens de células hematopoiéticas, principalmente os eritrócitos. Prevalência citada de 1,9 a 3,5 por 100.000, tendo maior incidência descrita em judeus (1,8,22). Brubaker encontrou maior incidência da doença (6%) em familiares de pacientes com PV. A idade média ao diagnóstico é de 60 anos, sendo 60% do sexo masculino. É rara antes dos 40 anos de idade (5).

As doenças mieloproliferativas são causadas por anormalidades das células tronco hematopoiéticas produzindo síndromes bem definidas, podendo também, ocorrer formas híbridas. Todas podem progredir para leucemia mielóide aguda.

DESORDENS MIELOPROLIFERATIVAS

 

LEUCÓCITOS

HEMATÓCRITO

PLAQUETAS

MORFOLOGIA
HEMÁCIAS

Leucemia Mielóide Crônica*

  

N

N ou  

N

Mielofibrose

N ou  ou  

N ou  

 ou N ou  

Anormal

Policitemia Vera

N ou  

 

N ou  

N

Trombocitose essencial

N ou  

N

  

N

 : aumento  : diminuição N : Normal * Presença do Cromossomo Philadelphia

O DIAGNÓSTICO DA PV REQUER A EXCLUSÃO DE OUTRAS CAUSAS DE POLICITEMIA

Causas

Comentários

Congênita

Diagnóstico em jovens; história familiar

Espúria

Policitemia relativa, presente geralmente em homens de meia idade, obesos e hipertensos em terapia diurética. Em geral hematócrito < 60%.

Secundária
Hipóxica
Carboxihemoglobina
Aumento secreção de eritropoietina

Cardiopatias,pneumopatias;altas altitudes.
Fumantes.
Raro. Tumores de fígado, cerebelo e rim; pós-transplante renal, rim policístico.

A fisiopatologia da doença permanece incerta. Estudos dos genes reguladores e produtores de eritropoietina e de seu receptor demonstraram que estes estão intactados na PV, indicando que a doença não envolve alterações genéticas (11). Sugere-se a existência de hipersensibilidade das células tronco a vários fatores de crescimento hematopoiéticos ainda não esclarecidos (6).

Os sintomas decorrem do aumento da viscosidade sangüínea: cefaléia (48%), fadiga (47%), prurido (43%), tonteiras, zumbidos, visão borrada, parestesias, sudorese noturna, e epistaxe. Ao exame físico encontra-se esplenomegalia (75%), pressão arterial sistólica maior 140 mmHg (72%), pletora facial (67%), engurgitamento de conjuntivas (59%), hepatomegalia (40%) (8,9,22).

Das complicações da PV, a trombose é a principal causa de morbidade e mortalidade: 19 % dos pacientes apresentam trombose em 5 anos. Risco de trombose aumenta com idade. Sangramentos também podem ocorrer, sendo alta a incidência de sangramentos gastro-intestinais (9).

No hemograma a marca registrada é o aumento do hematócrito: acima de 60% em homens (53% para mulheres). Hemoglobina tipicamente entre 18-24 g%. A morfologia dos eritrócitos é normal. Leucócitos estão elevados, geralmente até 10 a 20 x 103/mm3. Basofilia é freqüente. A contagem de plaquetas é variável, freqüentemente elevada, e com morfologia normal. A medula óssea é hipercelular, pan-hiperplásica, com aumento de megacariócitos. Níveis de Vitamina B12 e ácido úrico estão elevados. A saturação da hemoglobina é normal.

Níveis séricos da eritropoietina (EPO) estão geralmente supressos ajudando, na caracterização da PV e no seu diagnóstico diferencial; entretanto, níveis normais desta não excluem a doença (18). A fosfatase alcalina leucocitária (FAL) encontra-se elevada na PV em 80% dos pacientes, e paradoxalmente baixa na leucemia mielóide crônica (8,9,18).

Critérios diagnósticos estão disponíveis (Polycythemia Vera Study Group), entretanto, casos iniciais da doença podem não se encaixar (7).

No diagnóstico diferencial com as demais doenças mieloproliferativas destaca-se a pesquisa do cromossomo Philadelphia (translocação do cromossomo 9 e 22) que está presente na Leucemia Mielóide Crônica (22).

A dosagem da EPO, da FAL e o cariótipo para pesquisa do cromossomo Philadelphia são realizados no Instituto Hermes Pardini.

A flebotomia (sangria) é o tratamento padrão da PV. Como método único fornece sobrevida de 12,5-13,5 anos (7). Nenhum outro tratamento é necessário em pacientes com baixo risco de trombose (menores de 60 anos, e sem história de trombose).

Tratamento mielossupressor é indicado a pacientes com alto risco de trombose (3). Hidroxiuréia é usada como complemento à flebotomia, mostrando redução da incidência de trombose: 9,8% para o grupo hidroxiuréia versus 33% do controle. Infelizmente, não determina aumento da sobrevida ou diminuição da conversão à mielofibrose ou leucemia aguda. Esta droga foi associada a úlceras de membros inferiores. Existe crescente suspeita do potencial leucemogênico da hidroxiuréia. A presença de neutropenia ou plaquetopenia pode levar à suspensão da droga (4,12,19,21). Nestes casos, o Alfa-interferon (IFN) é alternativa ao tratamento citotóxico. Reduz a freqüência das flebotomias (82%), a esplenomegalia (77%) e o prurido (81%). O IFN pode retardar ou evitar conversão para mielofibrose (14,15). Estudo que compara IFN e hidroxiuréia foi recentemente inciado. Anagrelide tem sido utilizado para redução das plaquetas. Após 10 anos do uso de Anagrelide a ocorrência de eventos trombóticos foi de 20% na trombocitose essencial (18). Mais caros que hidroxiuréia, estas duas drogas têm seu papel ainda não definido (7, 16). O uso do ácido acetil salicílico (AAS) em doses altas e do dipiridamol deve ser evitado, pois aumenta o risco de sangramento sem redução da incidência de trombose. Doses baixas de AAS (40mg/dia) parecem ser benéficas, sem aumento do risco de sangramento (10,15,17). Encontra-se em curso estudo europeu (ECLAP) que avalia o papel do AAS na PV (13). Alopurinol e anti-histaminicos são utilizados para controle da hiperuricemia e do prurido, respectivamente (20).

A sobrevida média excede 16 anos; 30% morrem de eventos trombóticos; 5% a 19% de leucemia aguda, e 2 a 6% de mielofibrose. Os pacientes não tratados têm sobrevida média de 18 meses (9).

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