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Toxina Botulínica

Por:   •  22/9/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.458 Palavras (10 Páginas)  •  696 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

A toxina botulínica é um agente biológico originado através da lise da bactéria Clostridium botulinum, a qual produz sete serótipos diferentes: A,B,C,D,E,F e G, sendo o tipo A o mais utilizado.

Embora denominada como uma neurotoxina potente e considerada uma das substâncias mais letais conhecidas na natureza, apresenta expressivo potencial terapêutico que vem sendo explorado ao longo dos anos e utilizado para o tratamento de enfermidades neurológicas, oftálmicas e também com finalidade cosmética.

A ação da Clostridium botulinum é conhecida desde o século XVII, quando foi responsável pela morte de muitas pessoas na Europa que ingeriram comidas contaminadas por ela em consequência da má conservação dos alimentos que favoreciam sua proliferação.

Em 1822, o físico alemão, Justinius Kerner, referenciou pela primeira vez o Botulismo, designando-o “envenenamento por salsicha” ao concluir que seria um ‘veneno’ a causa da doença e que a salsicha contaminada pela bactéria era a causadora desta intoxicação que levava a morte das pessoas; mais a frente, especulou o uso terapêutico para essa toxina.

Justinius Kerner foi o autor dos primeiros relatos sobre a intoxicação pela Toxina Botulínica. Evidenciou pontos importantes e algumas informações retrógradas, concluindo que a toxina se desenvolvia nas salsichas, com crescimento em meio anaeróbio; interrompia o neurotransmissor no Sistema Nervoso Periférico e Autônomo e era letal em doses mínimas; relatou alguns dos sintomas neurológicos desta toxina como vômitos, espasmos intestinais, ptose, disfagia, falha respiratória e midríase; e propôs a utilização terapêutica para esta toxina, sugerindo sua utilização na diminuição da atividade do Sistema Nervoso Simpático, quando relacionado a movimentos desorganizados, hipersecreção de fluidos corporais, lesões de origem maligna, delírios e raiva. Concluiu, após diversas tentativas de produção artificial da substância, que ela tem origem biológica e animal.

Após um surto de Botulismo ocorrido na Vila Belga de Elezelles, em 1895, o microbiologista Van Emergen isolou a bactéria responsável por desenvolver a doença, nomeando-a Bacillus botulinus, mais tarde renomeada Clostridium botulinum.

        Em sua história, a Toxina Botulínica teve destaque como um perigo biológico. Durante a Segunda Guerra Mundial, na Alemanha, surgiram tentativas de desenvolvimento de armas químicas e biológicas utilizando essa substância, porém nenhuma delas foi consagrada. Apesar de seu potencial tóxico permitir destaque como recurso de utilização para arma biológica, é uma fraca escolha para essa finalidade por possuir características que a excluem desta utilização: ela é facilmente inativada pelos Protocolos de Saneamento Básico, não é transmissível de pessoa para pessoa, sua dose letal é variável, tendo que ser ingerida em quantidades suficientes para causar efeitos e pode ser facilmente tratada com antitoxina e antibióticos.

        Ao longo dos anos foi assumindo diversas aplicações, que evoluíram e trouxeram diferentes possibilidades à Medicina, destacando-se nas áreas da Oftalmologia, da Neurologia e da Dermatologia. Na Oftalmologia, foi utilizada pela primeira vez por Alan Scott e Edward Schantz, em 1968, no combate ao Estrabismo. Sua introdução na área Oftalmológica despertou a possibilidade de utilização na Neurologia induzindo a diversas investigações e, a partir de 1990, tornou-se conhecida pelo seu lado cosmético.

        Este trabalho tem como objetivo um aprofundamento no conhecimento acerca da Toxina Botulínica, como sua etiologia, mecanismo de ação, indicações, contra indicações, possíveis complicações, utilização e importância na área da estética.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Definição

        A Toxina botulínica é uma exotoxina/ neurotoxina produzida naturalmente a partir da lise da bactéria Clostridium Botulinum, originando sete sorotipos diferentes (A, B, C, D, E, F e G). Os diferentes sorotipos produzem diferentes toxinas, as quais se dividem em grupos de acordo com suas características genéticas e fenotípicas, apresentam atividade farmacológica semelhante, mas propriedades sorológicas distintas. A toxina tipo A é a mais potente e, por isso, a mais utilizada clinicamente.

O Clostridium Botulinum caracteriza-se como um micro-organismo gram positivo, anaeróbio e esporulado, produz toxinas extremamente potentes, com capacidade de levar a morte rapidamente. Encontrado no intestino de animais silvestres e domésticos, no solo e em água doce ou salgada, seus esporos são bastante resistentes, podendo sobreviver por mais de 2 horas a uma temperatura de 100ºC, estes esporos podem ser encontrados em alimentos e, se ingeridos, podem levar ao botulismo, sendo este causado pelos sorotipos A, B e E.

A Toxina Botulínica é absorvida através do trato digestivo, atingindo a corrente sanguínea e sendo transportada para os terminais neuromusculares. No caso de ocorrer absorção cutânea a toxina é transportada pelo sistema linfático até os terminais neuromusculares.

2.2 Mecanismo de Ação

        O mecanismo de ação da Toxina Botulínica é bastante complexo e será descrito de forma sintetizada. Tal toxina exerce grande influência sobre as células nervosas com crítico efeito sobre elas, age seletivamente no terminal nervoso periférico colinérgico, inibindo a liberação de acetilcolina (neurotransmissor responsável pela contração), porém não ultrapassa a barreira cerebral e não inibe a liberação de acetilcolina ou de qualquer outro neurotransmissor a esse nível.

Ao entrar na corrente sanguínea, a toxina atinge os terminais nervosos estabelecendo uma ligação com a membrana neuronal desses terminais, ao nível da junção neuromuscular, essa ligação ativa o deslocamento da toxina para o citoplasma do terminal do axônio através de endocitose, ocasionando o bloqueio da transmissão sináptica excitatória, que leva à paralisia flácida. É essencial que a toxina penetre o terminal do axônio, de forma a exercer o seu efeito, sendo que a ligação desta é seletiva.

2.3 Indicações

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