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Resenha Crítica - Acidente e a Organização

Por:   •  11/4/2018  •  Resenha  •  655 Palavras (3 Páginas)  •  366 Visualizações

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Os autores franceses Llory e Montmayuel apresentam a análise organizacional da segurança com uma abordagem didática, de fácil entendimento, mesclando termos especializados com uma linguagem bem prática. O livro é destinado para todo o público que trabalha em ambientes industriais de risco, e para quem possui interesse em riscos e perigos no espaço público.

Analisando e reanalisando um grande número de eventos graves, incidentes e acidentes, os autores pintam um "retrato típico" de um acidente industrial. Longe de considerar o erro humano como fator explicativo final, evidenciam as falhas profundas da organização que levam, após um período de incubação, à catástrofe. Eles desenham, assim, o "retrato falado" da organização disfuncional. A partir de casos clássicos de acidentes, eles lançam as bases de um novo e eficiente método de análise das organizações de alto risco, e desenham as vias do fortalecimento da segurança industrial.

Segundo os autores, os acidentes estão no centro da obra por serem grandes reveladores das disfunções organizacionais, além de motores poderosos de reflexão, dado que questionam nossa capacidade de análise e de diagnóstico. Esse questionamento incide diretamente a explicação mais freqüente para acidentes, sejam eles industriais, em ambiente público, graves ou rotineiros: o erro humano. É necessário ir além de culpar o comportamento dos empregados no final da cadeira organizacional. Deve-se desenvolver uma análise organizacional aprofundada baseada em problemáticas, conceitos, conhecimentos, métodos e referências. Um método citado e utilizado pelos autores é estudar e aprender com acidentes ocorridos na história. Aprender com o passado, adquirindo experiências que colaborem com a redução do risco de repetição dos mesmos acidentes.

Os autores ainda apresentam os riscos englobados em um sistema como um todo, e não somente a uma fração ou componente. Esse sistema é retratado como bem mais complexo e tem no seu centro o trabalhador. Dessa forma, os acidentes são colocados como resultado da relação entre todos os componentes inseridos nesse sistema, sendo necessário adaptá-lo para a implantação das ações sem riscos, onde é prioritária a auto detecção e o autrocontrole dos mesmos, uma vez que, é necessários ensinar a identificá-los e corrigi-los. Para eles, o acidente deve ser visto como fenômeno revelador de defeitos das organizações e que podem permanecer escondidos por muito tempo até participarem em seus desencadeamentos ou evolução. Nesse período, os acidentes acabam enviando anúncios do que está por vir. Esses anúncios podem tomar múltiplas formas, como o aumento na ocorrência de incidentes envolvendo subsistema mal planejado; acidentes potencialmente muito mais graves que acabam com desfecho quase sem gravidade, entre outros. Se os encarregados da gestão de segurança não constatam ou, ainda, se entendem esses avisos como falhas individuais dos operadores e não como suspeitas de alterações sistêmicas, acabam contribuindo para futuros desfechos fatídicos.

Em resumo, os autores criticam drasticamente ao chamado paradigma do erro humano (PEH), que decorrentemente procura explicar falhas de comportamentos presentes em acidentes como efeito de escolhas racionais, livres e conscientes de operadores que poderiam ter agido de suposto “jeito correto”.

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