TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Resenha Teorias da Administração

Por:   •  3/4/2019  •  Resenha  •  3.490 Palavras (14 Páginas)  •  87 Visualizações

Página 1 de 14

A evolução das Teorias das Organizações e, como não poderia deixar de ser, da Sociologia, onde aquelas têm a sua origem, é paradigmática do que tem sido a evolução do conhecimento científico: do conhecimento do que lhe é fisicamente exterior, o homem retorna ao conhecimento de si próprio, para melhor conhecer o que o. Tudo faz sentido apenas na medida do próprio ser humano, objeto e sujeito de/para o conhecer. Descobrindo assim que nada lhe é exterior, que nada lhe é indiferente ou neutro. São estas questões epistemológicas que, em última análise, se encontram no cerne da evolução das teorias das organizações.

Uma forma possível de “ler” a evolução das Teorias das Organizações é a de que elas se “movimentaram”, crono-epistemologicamente, de forma nem sempre linear, num continuum onde, para efeitos de maior inteligibilidade, podem ser identificados três momentos particulares.

• O primeiro momento caracteriza-se por as organizações serem, não apenas concebidas como realidades exteriores às pessoas, passíveis de estudo autónomo face aos indivíduos, mas, por virtude da sua funcionalidade, assumirem uma transcendência social que leva a admitir, inclusive, a subordinação da pessoa aos desígnios da sua operacionalidade. No seu seio, os indivíduos operam de acordo com uma racionalidade que é da ordem da necessidade. Os instrumentos teórico-metodológicos, na sua abordagem, são os da ciência positivista. As organizações prosseguem buscando fins/objetivos que são, por vezes, descoincidentes com as finalidades para que foram concebidas. As abordagens clássicas da organização são deste período.

• No segundo momento, as organizações sendo ainda entendidas como entidades exteriores às pessoas, do ponto de vista epistémico, já o não são do ponto de vista social/cultural. As organizações estão “próximas” das pessoas. São habitadas (portanto, são “lugares”) pelas pessoas. A sua racionalidade é da ordem da liberdade. Como produtos sociais, a fusão das racionalidades organização-indivíduo é a sua condição de existência percepcionada. Não existe uma racionalidade (imposta pela organização), antes existem várias racionalidades em permanente confronto. As pessoas “vivem” na organização, as pessoas vivem em organizações, sem, contudo, alienarem (-se) e exercerem o livre arbítrio, a sua liberdade de agir no seu seio. As organizações não são já realidades transcendentes, são apenas resultados da ação humana.

• O terceiro momento, de que se vislumbram já alguns sinais, nas contribuições pós-modernistas de algumas abordagens das organizações tem, como aspecto fundamental, o pressuposto da fusão sócio-epistémica indivíduo-organização. Retomando o sentido da condição social do homem e a percepção de uma sociedade organizacional total, agora numa perspectiva intrinsecamente humana, tal fusão implicará a aceitação de que as organizações estão/são/no próprio homem. Decorrente deste postulado, encontra-se o imperativo teórico de que a possibilidade do estudo das organizações implica a necessidade/possibilidade de estudo da pessoa humana. O estudo das organizações passa pelo auto-estudo, pela auto-reflexão humana. A existir alguma racionalidade, ela irá para além da ordem da liberdade, será da ordem da afetividade. As organizações são produtos, não apenas sociais/culturais, mas igualmente simbólicos, cuja existência apenas faz sentido no autoconhecimento e consequente autoprodução.

Classificação das Teorias das Organizações

A linha evolutiva das teorias das organizações, “arrumando-as” em 6 grupos de referência: a) Teorias Clássicas; b) Relações Humanas; c) Teorias de Sistemas; d) Teoria da Contingência; e) Sistemas de Ação Concreta; f) Teorias Emergentes.

TEORIAS CLÁSSICAS

Neste grupo, incluímos a Abordagem Clássica; o; a Gestão Industrial e o Estruturalismo; o Movimento da Gestão Científica e as Organizações como Burocracias; os Tradicionalistas); a Teoria Clássica da Organização; a Gestão Científica, a Teoria da Burocracia e a Teoria da Administração; a Burocracia Weberiana e os Círculos Viciosos Burocráticos e a metáfora Organização como Máquina. Neste particular, concordamos com a classificação de Burnes, Lunemberg; Ornstein e Morgan, que incluem o modelo burocrático de Max Weber nas teorias clássicas, ao lado de Frederick Taylor e de Henri Fayol. Como mais adiante se explica, incluímos, também, a teoria dos círculos viciosos burocráticos na sua componente não apologética, isto é, excluindo Michel Crozier. Sendo quatro abordagens (redutíveis a três, se agregarmos as duas últimas) diferentes; pelos centros de interesse sobre que se debruçam, elas fundam-se nos mesmos princípios epistemológicos. Existe uma ordem universal que transcende o homem, nas suas relações entre si e com o mundo. O homem é, apenas, uma minúscula peça na grande engrenagem, que são as organizações. Nestes termos, torna-se imperativa a descoberta das leis e princípios que regulam e determinam o seu agir no seio das organizações. A análise de tarefas realizada pelo casal Gilbreth, a separação da concepção da execução das tarefas (TAYLOR), os princípios gerais de administração de Fayol e a normalização e despersonalização burocrática (WEBER), remetem todos para a um único objetivo que é admitida a preexistência de uma ordem, de uma harmonia (BURNES), à procura da melhor forma de funcionamento da organização. O “One best way” procurado pelos clássicos era de natureza determinística e técnica. De tal forma que se dissipavam quaisquer conflitos entre os membros da organização: eles apenas tinham de se submeter aos ditames das regras, leis e princípios descobertos. Assim, com a organização científica, os verdadeiros interesses das suas partes são os mesmos; a prosperidade do empresário não pode realizar-se se não for acompanhada da do trabalhador, e vice-versa; é assim possível compatibilizar o que ambos desejam: ao operário, salários maiores, e ao patrão, uma mão-de-obra barata (TAYLOR). Segundo Fayol, “a saúde e o bom funcionamento do corpo social dependem de um certo número de condições designadas indiferentemente de princípios, leis ou regras”. Do mesmo modo, a universalidade do modelo burocrático de organização é defendida por Weber: Em princípio, esta organização é igualmente aplicável - e é também historicamente comprovável (aproximando-se mais ou menos do tipo puro - às empresas lucrativas, às empresas não lucrativas ou a qualquer outro tipo de empresa, prosseguindo objetivos privados, ideais ou materiais (WEBER). Por seu lado, a Teoria dos Círculos Viciosos Burocráticos deteve-se na análise das disfunções do modelo burocrático weberiano. Ao detectar a inevitabilidade de comportamentos desconformes à rigidez e à impessoalidade burocrática, ao surgimento de castas no seio da organização, aos mínimos burocráticos, a disfunções no processo de delegação de poderes e à deterioração das relações pessoais, a teoria dos círculos viciosos procura encontrar explicações e soluções para esses fenómenos sem, no entanto, colocar em causa os fundamentos do modelo: Se as diferentes racionalidades que se defrontam podem estar na origem de disfunções, estas últimas nunca põem em causa a unidade funcional e o equilíbrio da organização. Elas obrigam, acima de tudo, à adopção de técnicas visando uma melhor integração dos indivíduos na organização. As três formas de abordagem, sendo complementares, permitem estabelecer um conjunto de ideias centrais acerca da abordagem clássica das organizações: a) Existe uma forma óptima para todas as organizações serem estruturadas e funcionarem; b) As normas e regras fundamentam a autoridade gestionária; c) As organizações são entidades racionais que, de forma congruente, perseguem objetivos e metas; d) As pessoas são motivadas apenas por interesses materiais; e) A falibilidade humana e as emoções podem ser eliminadas através da aplicação de leis e a eficiente organização do trabalho; f) A forma adequada e eficiente de organizar as atividades é conseguida com a divisão técnica e administrativa do trabalho, a diminuição da autonomia do trabalhador e o aumento do seu controlo.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (24.4 Kb)   pdf (192.9 Kb)   docx (241.4 Kb)  
Continuar por mais 13 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com