O Comportamento Organizacional

Comportamento Organizacional

O comportamento humano é resultante de um complexo entrelaçado de fatores internos e externos ao indivíduo e que se expressa de forma diversa de acordo como ele percebe as mais variadas situações e pessoas. Como o comportamento está diretamente relacionado às vivências, subjetividade e universo simbólico de cada indivíduo desde a sua concepção, é impossível afirmar que todas as pessoas comportar-se-ão da mesma maneira diante do mesmo evento, no entanto, podemos afirmar que o controle de alguns fatores externos e do ambiente poderão induzir ou influenciar os indivíduos a assumir comportamentos similares e esperados.

A Psicologia é a área do saber que se ocupa do estudo do comportamento, porém, é importante ressaltar que além da diversidade de fatores que influenciam o comportamento, a própria visão do cientista influencia e fundamenta a sua teoria de forma diversa em relação a outros pesquisadores. Dessa forma é correto afirmar que a Psicologia não é uma ciência única e tão pouco exclusivamente positivista. Não é o foco do tema a explicação sobre as diversas teorias da Psicologia e seus preceitos mas o estudo do comportamento nas organizações, abrindo espaço para pensar sobre as intervenções que os Gestores de Pessoas poderão realizar, a fim de que, tanto as pessoas como as organizações possam se desenvolver de forma saudável.

Toda a Organização tem uma razão para existir e não se limitam apenas ao lucro, mas atender da melhor forma possível uma demanda da sociedade. Se pensarmos em uma indústria de calçados, é óbvio dizer que a sociedade precisa desse produto e que há demanda para isso, mas a forma como essa produção será feita é que se tornará na Missão da empresa.  Exemplo: A Missão da Fábrica de Calçados Jota Pé:

 “Oferecer a seus clientes e consumidores um calçado cuja a qualidade e o conforto sejam itens prioritários, sem contudo, esquecer de atender às tendências da moda. ”

Essa fábrica existe desde 1960, seu fundador José Alves de Castro, artesão naquela época, pretendia atender o mercado local mas com o passar do tempo e a melhoria de equipamentos e surgimento de novas tecnologias fizeram com que o pequeno negócio desse genial artesão crescesse a tal ponto que seus calçados são vendidos em todo território nacional e no exterior. Diferente da Missão que é algo permanente, a Visão de negócios é maleável e busca se adaptar as condições e oportunidades do mercado. Qualquer negócio só cresce em razão das pessoas que nele trabalham, dessa forma o perfil de competências dos seus colaboradores deve acompanhar e se adaptar ao plano de desenvolvimento do negócio.

Os valores da organização são os princípios morais e éticos que norteiam as decisões corporativas em sentido amplo e sustentam as mais variadas decisões. Exemplo de valores dessa fábrica:

• O amor e a determinação para se alcançar a perfeição e o estilo próprio;
• Glamour, elegância e qualidade;
• Perfeição e excelência.

O exemplo acima foi dado para explicar que assim como cada um de nós tem a sua própria crença, desejos, objetivos, princípios morais e éticos, as organizações também os tem e que o nível de ressonância da Missão, Visão e Valores da organização na subjetividade de seus colaboradores os predispõem mais ou menos a adaptarem-se e comportarem-se conforme esperado. Exemplo: A Missão da empresa fala sobre qualidade, conforto e moda. A visão fala sobre a expansão de um mercado local para um mercado global. Os valores falam sobre amor, determinação, perfeição, personalidade e perfeccionismo. Para que tudo isso aconteça é primordial que seus colaboradores atendam à esses requisitos e competências, caso contrário o resultado não será positivo. Imagine uma pessoa que não gosta de dedicar tempo e esforço para produzir as coisas com perfeição e que não tem o menor interesse pela moda trabalhando nessa empresa que tem a excelência e o perfeccionismo como valores e seguir as tendências da moda em sua Missão. Provavelmente esse colaborador não se sentirá motivado em fazer parte do ambiente e antes mesmo de se relacionar com as pessoas (relacionamento interpessoal) o seu relacionamento consigo mesmo (Relacionamento intrapessoal) entrará em choque. As chances de sua motivação para o trabalho não serem suficientes e inúmeros problemas comportamentais advirem disso são enormes.

Podemos então definir o relacionamento intrapessoal como a forma que o indivíduo se percebe consigo mesmo diante da sua própria vida em uma época, em determinado ambiente, pessoa (s) ou situações. O leitor pode identificar-se com tal proposição ao fazer uma reflexão sobre o seu próprio estado de ânimo e nível de motivação nas diferentes fases da vida, diante de empregos, pessoas, família e etc.  A Auto Percepção faz com que o indivíduo se comporte de maneira mais ou menos adequada diante de algo e de acordo com os seus próprios interesses.

Viver em sociedade é conviver com outras pessoas e para tal são necessárias as regras, os limites informais e formais. Em casa as regras são as das famílias (informais), exemplo: Hora de acordar, limpar, arrumar, fazer as refeições, tomar banho, a distribuição de tarefas e das responsabilidades. Na sociedade, a Lei foi criada exatamente para regular de forma justa as ações humanas em seu sentido amplo, ou seja, igual para todos e sem distinção de cor, raça, gênero ou credo. Toda vez que um comportamento extrapola os limites estabelecidos pela Lei uma punição é aplicada a fim de promover a reflexão, educação ou reeducação do (a) infrator (a). Diante de tal imposição as pessoas começam a estabelecer para si mesmas um padrão de comportamento, uma linha mestra de conduta que visa atender as suas necessidades (mesmo que de forma parcial) de acordo com os limites estabelecidos pela Lei, afim de não receber punições.

As organizações são regidas por um conjunto de Leis:

1. Leis formais previstas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que versa sobre os direitos e deveres tanto do empregador quanto do empregado;
2. Pelas Leis ou regras que ela própria estabelece para si em razão da Missão, Visão, Valores e Cultura Organizacional¹;
3. Pelas Leis resultantes da sua Contra Cultura² criada pelos seus próprios colaboradores.

1. Cultura é o conjunto da criação concreta e abstrata de um agrupamento social, comunidade ou sociedade em seu sentido amplo.

2. Contra Cultura é o processo de criação, reivindicação ou de aperfeiçoamento da Cultura predominante por parte de alguns membros de determinado agrupamento, comunidade ou sociedade.

1. Vamos pensar sobre as Leis estabelecidas formalmente. Essas são impostas pela CLT aos empregadores e aos empregados. Devido a extensão das Leis, abordarei aqui apenas dois aspectos para que o (a) leitor (a) perceba mais claramente a sua importância e a sua influência na adequação do comportamento dos colaboradores. Cabe ressaltar que a grande maioria das classes trabalhadoras são representadas por sindicatos, que são órgãos responsáveis por fiscalizar e fazer cumprir a Lei e os direitos dos trabalhadores.