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Resenha Morgam e Goulejac

Por:   •  4/1/2019  •  Resenha  •  2.591 Palavras (11 Páginas)  •  131 Visualizações

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS

MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL

DISCIPLINA: ESTRUTURAS E PROCESSOS ORGANIZACIONAIS

GESTÃO COMO DOENÇA SOCIAL

E

METÁFORAS DE MORGAN - MÁQUINAS, ORGANISMO E CÉREBRO

ALUNA:

SIMONE MOREIRA SOARES

Rio de Janeiro

Agosto, 2018

  1. INTRODUÇÃO

A resenha irá descrever e relacionar dois autores: Gaulejac, com seu livro Gestão como Doença Social, em especial o capitulo 10 Uma Sociedade de Indivíduos Sob Pressão, escrito em 2005 e alguns capítulos do livro Imagem das Organizações, escrito por Morgan em 1996.  Morgan se utiliza das metáforas para falar das teorias de gestão e os problemas decorridos da aplicação destas teorias na gestão das organizações.  

Gaulejac traz à tona um assunto cada vez mais alarmante; as doenças ocasionadas pelas pressões que o indivíduo sofre no seu dia a dia.  Doenças como stress e depressão, consideradas como doenças do século. Segundo o organismo das Nações Unidas, a depressão já é considerada a principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo, gerando perdas anuais de 1 trilhão de dólares.  Mas de 300 milhões de pessoas sofrem com esta doença (dados de 2015), um aumento de 18% em relação a 2005.  Como pode-se ver, o assunto abordado por Gaulejac vem piorando a cada ano.  Os indivíduos estão cada vez mais precionadospelas organizações para gerarem resultados e serem eficientes.

Os capítulos do livro Imagem das Organizações que serão abordados nesta resenha serão:  A Mecanização Assume o Comando: As Organizações Vistas Como Máquinas (Cap. 2); A Natureza Entra em Cena: As Organizações Vistas Como Organismos (Cap. 3) e Aprendizagem e Auto-Organização: As Organizações Vistas Como Cérebros (Cap. 4). Segundo Morgan (1996), “Capítulos de 2 a 9 exploram as implicações de diferentes metáforas sobre a natureza da organização. Algumas das metáforas usam maneiras de pensar familiares; outras desenvolvem ideias e perspectivas que serão bastante novas” (p.27).  

  1. A MECANIZAÇÃO ASSUME O COMANDO - AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO MÁQUINAS

Gaulejac faz um paralelo entre as inovações tecnológicas associadas às rotinas de trabalho e o esgotamento mental resultante das pressões diárias. Apesar da crença de que as técnicas modernas de gestão diminuem as demandas presenciais do homem, é observado o crescimento de novas demandas associadas a necessidade do aumento da sua remuneração e a pressão por mais resultados em menos tempo.  Isso gera uma maior responsabilidade e medo de perder o emprego.  O sucesso da empresa fica atrelado ao sucesso dos seus empregados, uma vez que esses são cobrados por seus desempenhos.

Características semelhantes foram observadas no desenvolvimento dos estudos de Morgan (1996), que traz como metáfora as organizações vistas como máquina, que utiliza a racionalidade absoluta como conceito para conquista dos objetivos almejados pelas instituições em relação a produtividade, eficiência e eficácia.

O capítulo 2 começa descrevendo a história de um velho agricultor japonês que se recusava a mecanizar sua plantação explicando que a máquina iria acabar com a simplicidade da alma e que isso poderia colocar a sua honestidade em jogo.   Será que ele estava correto?  Mecanizar seu processo não seria mais produtivo?  Pensando nisso, o livro volta a era da Revolução industrial, onde a invenção da máquina transformou os artesões em operários. As fábricas começaram a dividir as tarefas de forma a obter cada vez mais eficiência e lucro.  Os operários foram treinados para comandar as máquinas e fazerem suas tarefas rotineiras e repetitivas.  Deviam produzir de forma rápida aumentando o lucro cada vez mais, porém sem ganhar mais por isso.  Deu-se início a era da organização mecanicista, onde o homem era apenas parte do processo produtivo.  

A organização mecanicista implementou a produção em massa, onde foi determinado a importância do planejamento e a divisão do trabalho.  Max Weber, conseguiu perceber neste processo atividades iguais e rotineiras, igualmente o funcionamento de uma máquina.  Max ficou preocupado com a consequência que este tipo de produção poderia ocasionar ao homem, pois ele poderia perder sua capacidade de ação e reação, de pensar.

Surge a administração cientifica com Taylor, onde reforça a forma mecânica de trabalho.  Taylor estudou a melhor forma de se executar a tarefa para reduzir o tempo e o custo (material e esforço humano).  Não foi um teórico muito popular entre os trabalhadores, dizia que a função do gerente é pensar e do operário executar.  Com isso, o autor demonstra que o atingimento da produtividade esperada era alcançado através da exploração dos operários e de sua mecanização.  Isso fica muito claro quando o autor descreve que:

“O trabalho na linha de montagem é simplesmente entediante e alienante. Os ciclos de trabalho são em geral muito curtos e os trabalhadores, às vezes, têm que fazer um trabalho que envolve sete ou oito operações diferentes a cada 40 ou 50 segundos, sete ou oito horas por dia, 50 semanas por ano.”  E exemplifica o caso da Ford que chegou a ter uma rotatividade dos empregados de aproximadamente 380% ao ano. ” (Pag. 47)

A teoria da administração cientifica é funcional para produção simples e repetitivas, produções em massa como fast food e montadoras.  Por que funcionam neste tipo de organização?  Porque são organizações burocráticas com atividades simples e rotineiras e que precisa de pessoas de baixa escolaridade para suportá-las sem questionar e sem querer ter ideias de mudanças/inovações.  A abordagem mecanicista deixa claro as tarefas que devem ser executadas bem como as que não devem, desencorajando as pessoas de pensar e questionar as ordens recebidas.  

Como podemos verificar, o capítulo 2 descreve a abordagem mecanicista de uma organização, que tratar o homem como máquina de gerar lucro e não como ser humano parte do processo produtivo.  Isso ocasiona um descontentamento muito grande bem como o medo de perder a empresa caso não seja produtivo.

Gaulejac (2007 p. 219) trata isso em seu livro como: “uma sobrecarga de trabalho que se instala duravelmente porque é considerada como normal e aceita voluntariamente”. O indivíduo busca proteger e defender a sua profissão, que parece ameaçada, resultando em quadro constante de estresse.  Tmbém defende que nas empresas que mensuram o desempenho do funcionário apenas pelo retorno, o estresse não é considerado como uma doença profissional, e sim um dado quase natural, ao qual é importante se adaptar. Os gestores já o consideram um mal necessário, entendem que durante os momentos de estresse, há de se ter uma qualidade de gerenciamento e resistência superior para alcance dos objetivos. Saber lidar com o estresse é um estímulo positivo que favorece o desempenho, denominado o “bom estresse”.

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