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A Identidade cultural na pós modernidade

Por:   •  16/10/2018  •  Resenha  •  1.464 Palavras (6 Páginas)  •  304 Visualizações

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Leandro Olívio, Luan Zanette e Maiara C. Marafon

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós modernidade. Rio de Janeiro, DP&A, 2006.

A obra “A identidade cultural na pós-modernidade”, de Stuart Hall, nos traz a problemática de que se existe ou não uma crise de identidade, e se sim, quais os fatores que levaram a isso, principalmente em relação à globalização. O autor começa sua obra analisando a identidade cultural, como vem se construindo no contexto histórico até a pós-modernidade. Aponta que foi a modernidade que provocou a “crise de identidade” do homem, fragmentando-o e descentrando-o, mudando seu próprio entendimento de ser humano sobre si e o que o cerca: etnia, raça, nacionalismo e gênero.

Desta forma, no primeiro capítulo do livro o autor define três concepções de identidade cultural do sujeito: o sujeito do iluminismo, que é dotado de razão, centralidade, fixo em uma identidade, o qual nasce e se desenvolve permanecendo com a mesma identidade; o sujeito sociológico, que é aquele que tem sua identidade formada através da relação com outras pessoas, pois estas são mediadoras de valores, sentidos e culturas, portanto tem sua identidade alterada por esse fatores culturais que lhe são oferecidos; e o sujeito pós-moderno, cuja identidade é composta por várias identidades, a partir dos momentos vivenciados, construídas e transformadas a partir da história. Assim aborda processos de mudanças nas sociedades modernas, os quais, para o autor, formam o sujeito pós-moderno.

Hall, mostrando “O que está em jogo na questão de identidades?” exemplifica a questão de um juiz negro, conservador, da Suprema Corte do Estados Unidos, o qual foi acusado de assédio sexual. O autor aponta que o que estava em discussão era “o ‘jogo de  identidades’ e suas  consequências políticas” (p. 20) e não a culpa ou inocência do juiz: a população que o julgava ou o apoiava era feito em consequência à identidade de raça (negros), de sexo (homens) ou em oposição ao feminismo (mulheres). O autor conclui que “as paisagens políticas do mundo moderno são fraturadas dessa forma por identificações rivais e deslocantes” (p. 21), ou seja, aquela do sujeito iluminista, centrado no eu e que na era pós-moderna tem-se uma identidade fragmentada por absorver novas identidades.

No segundo capítulo o autor continua com mais questões de concepção de sujeito, além destas, onde traça um paralelo com a história. Assim, o sujeito do iluminismo do século XVIII tinha como característica a racionalidade, ou seja, uma identidade centrada e estável. Na primeira metade do século XX surge o sujeito sociológico a partir das sociedades modernas e cada vez mais complexas, e com a biologia darwiniana e as novas ciências sociais há uma interação entre indivíduo “interior” e a sociedade “exterior”.

Assim, o autor esboça cinco avanços da teoria social que causaram um descentramento do sujeito, através de filósofos que embasam esta questão: os escritos de Karl Marx, que acreditava que o indivíduo tinha de agir conforme suas condições históricas e culturais; a descoberta de Freud sobre o inconsciente, este formado conforme nossas vivências ao longo do tempo; as teorias de Saussure sobre a língua ser social e não individual, formada a partir de vários fatores sociais e não que dependam somente do sujeito; Foucalt ao discutir o poder disciplinar; e o impacto do feminismo como crítica teórica e movimento social nos anos 1960, junto à outros movimentos revolucionários, como questões de sexualidade. Com isso o autor nos faz entender que a identidade não é inata ao homem, mas sim formada ao longo do tempo, por processos inconscientes do indivíduo.
        De acordo com o autor a nação é fonte da construção de identidade de um país. A cultura nacional torna o idioma oficial, por meio do qual o sujeito deve ser guiado em um sistema de educação padronizado. A representação nacional por meio da cultura também é vista como uma ferramenta de criação de sentidos, que produzem identidades que são disseminadas em todo o espaço territorial. A identificação local, por exemplo, passa pela cultura dos imigrantes, como sendo algo próprio do sujeito.

Há três chaves para o entendimento da crítica de Hall, a primeira é denominada narrativa da nação, que absorve a literatura, os fatos históricos da nação e o modo como é divulgada nos meios de comunicação de massas. Essas estórias são disseminadas em forma de símbolos e sons, que criam e fortalecem o conceito de nação. A tradição, segunda palavra chave para Hall, é vista como um elemento de continuidade, ou seja, os símbolos nacionais são estruturados para serem observados como verdades absolutas. Ainda de acordo com o autor, há a invenção da tradição por terceiros, entretanto a veracidade das ideias são ideologias que podem ser extremamente recentes, validadas como algo antigo e agregado de valores inalienáveis.
        A palavra nação tem como significado a criação do Estado Nação. Partindo do entendimento de nação é possível observar a tentativa de sobreposição a outras culturas, como foi possível ver nas duas grandes Guerras Mundiais. As identidades nacionais são divididas por incongruências, entretanto, continuam juntas pelo fato de pertencimento à nação. A palavra etnia, o autor a baliza para abastecer os aspectos culturais, línguas, religião, costumes que são ofertados aos sujeitos. Quando falamos sobre o termo raça, Hall nos condiciona ao entendimento de que a identidade nacional também não encontra base sólida sob este significado, pois este não possui prova concreta.
        O deslocamento das identidades culturais nacionais, segundo o autor, passa pelo processo de globalização, e a influência desta palavra situa-se na disseminação em escala ampla, pois atravessa as fronteiras nacionais e a profusão de informação faz com que as identidades nacionais se modifiquem em relação ao entendimento do tempo espaço. Conforme Hall, o tempo e o espaço são pontos no plano cultural, coordenadas pelo sistema de representação, como a escrita, a música, etc. Antes do advento da internet, os atores se encontravam fisicamente, pois as atividades tinham como pré-requisito o encontro, e a modernidade proporcionou o relacionamento virtual, deixando de lado o contato face a face. Adentrando o fato de que a globalização dissemina ideias importadas para os mais diversos cantos do mundo, o autor constata que as identidades nacionais estão enfraquecendo e a conexão dos sujeitos cria fluxos culturais, a partir da ideia de consumidores da cultura importada.

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