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A cidade como um jogo de cartas

Por:   •  8/5/2017  •  Resenha  •  892 Palavras (4 Páginas)  •  4.733 Visualizações

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A Cidade como um Jogo de Cartas

O autor do livro Carlos Nelson Ferreira Santos foi um arquiteto e urbanista nascido em 1943. Teve uma vida curta, morrendo aos 46 anos em 1989, porém, uma vida cheia de contribuições. O autor escreveu diversos livros, artigos e até mesmo filmes que foram publicados no Brasil e no exterior. Foi coordenador da pesquisa “A Apropriação de Espaços de Usos Coletivos” em um Centro de Bairro, realizada no Centro de Pesquisas Urbanas. Essa pesquisa deu origem ao livro Quando a Rua Vira Casa, escrito por Arno Vogel e Marco Antonio da Silva Mello, publicado em 1981. O livro Quando a Rua Vira Casa rendeu um filme, dirigido por Maria Tereza Porciúncula de Moraes. Com essa bagagem considerável escreveu “A cidade como um jogo de cartas”, tal livro foi publicado um ano antes da sua morte, em 1988.
O livro em análise trata de uma tentativa de resolver questões através de um roteiro básico, cujo objetivo é orientar os planos para cada uma das novas cidades criadas em Roraima, no caso seis cidades tais como: Alto Alegre, Mucajaí, Normandia, Bonfim, São Luiz e São João da Baliza. Além de roteiro, o livro é também uma exposição de princípios a serem levados em conta na fase de projeto urbanístico. Carlos Nelson escreve de uma maneira bem didática permitindo o leitor compreender as indagações feitas pelo autor no decorrer do livro. O autor utiliza de muitas figuras e de um personagem que, a meu ver, se passa por um cidadão fazendo questionamentos precisos e interessantes. 
A cidade como um jogo de cartas é dividido em vários capítulos e, cada um deles tenta traduzir o papel do arquiteto urbanista e da população no cenário urbano e, quando digo população está incluso também os cidadãos que regem a cidade. Nelson recorre, no decorrer do livro, a vários autores como Hillier e Hanson e Francoise Choay. Logo no início de seu livro o autor deixa claro a metáfora, que vai se construindo ao decorrer do seu trabalho, entre os jogos de poder que acontecem na cidade e sua relação com o baralho. “O jogo urbano se joga sobre um sítio determinado que é a sua “mesa”. Aí se juntam parceiros que se enfrentam segundo os grupos e filiações a que pertencem”. É a partir desse ponto de vista que vai destrinchar cada item do projeto urbano, como os lotes, quarteirões, ruas, bairros e sua infraestrutura até chegar no cenário da cidade.
Outro ponto bem frisado por Carlos Nelson é que o exercício de viver o presente pensando no futuro não é um fato espontâneo, é preciso muita disciplina que quando praticada se torna cada vez mais natural. Nesse aspecto o autor se permite uma comparação da disciplina com a ginástica.
Voltando a sua metáfora, Nelson coloca bem pontuado que para o desenvolvimento digno de uma cidade é preciso que cada cidadão se torne um urbanista seja trabalhando, se deslocando ou vivendo, pois, desta forma o cidadão está contribuindo para refazer o espaço urbano. Para isso acontecer não se pode jogar com vários baralhos, com regras diferentes, sem um campeonato limpo ou ficar dependendo daquele que se diz o dono das cartas e que só admite jogadas de seu interesse. Desta forma, cabe ao especialista (urbanista, planejador, arquiteto) assumir um papel dentro dessa perspectiva, pois, é ele que segue a partida com interesse e procura esclarecer as dúvidas e pontos obscuros, ou seja, o especialista funciona como um mediador, aconselhando como deve ser o modo de agir de uma população, em geral.
No decorrer do livro o autor apresenta o significado e como se dá a inserção dos componentes necessários (lotes, quarteirões, bairros, equipamentos urbanos, infraestrutura entre outros) no espaço urbano. A forma bem dinâmica que Carlos Nelson apresenta a parte de construção de um espaço urbano está relacionada com a facilidade de despertar o interesse do leitor em ficar a par dessas questões simples que se não aplicadas com disciplina e um planejamento prévio podem se tornar complexas. Sendo assim, fica bem clara a composição do nosso cenário urbanístico. Indo mais especificamente vemos que os quarteirões são formados de 20 a 43 lotes, já a vizinhança é formada por 04 quarteirões e 36 quarteirões formam um bairro. Tendo a cidade um bom planejamento, levando em consideração a dimensão e a significância desses fatores, a expansão seja devido ao crescimento populacional e/ou ao adensamento e saturação de áreas centrais se dará de uma forma mais fácil e organizada.
O autor termina o livro mostrando um anteprojeto de lei de urbanismo e edificação, no qual contêm várias normas gerais e padrões para uma cidade. Esse anteprojeto se subdivide em capítulos que vão desde parcelamento do solo á edificações. Desta maneira, a população tem de maneira simplificada e fácil os requisitos urbanos e as normas de procedimento tanto para a criação quanto para o desenvolvimento de uma cidade em expansão.
Em suma, percebemos que no livro apresentado o desafio deixado pelo autor é para arquitetos e urbanistas, os quais devem atender às necessidades dos moradores das cidades em que vivem. Assim, o fundamental é que os projetos dos arquitetos permitam reavaliações contínuas feitas por eles e pelas pessoas que irão viver nos lugares projetados por esses arquitetos. Portanto, é preciso retomar e rever linguagens; encontrar os meios para fazer com que o conhecimento popular e o erudito se encontrem e dialoguem.

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