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As Cidades e os Espaços Urbanos

Por:   •  23/3/2016  •  Resenha  •  1.711 Palavras (7 Páginas)  •  448 Visualizações

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As Cidades e os Espaços Urbanos

        Desde a revolução industrial, no início do século XVIII, os aspectos populacionais do mundo sofreram mudanças drásticas, as zonas rurais passaram gradativamente a deixar de ser o lugar de preferência para se viver e rapidamente as cidades se tornaram maiores e mais populosas. Com a migração das pessoas do campo para a cidade novos estilos de vida foram formados, os grandes centros eram considerados o berço da cultura e das oportunidades, mas que também deram lugar à desconfiança, ao preconceito e à violência. Surgindo esses tópicos surgiu também a necessidade de estudar e compreender os fenômenos sociais ligados à urbanização.

        Os primeiros estudos acerca do tema surgiram em Chicago, cidade que de 1830 a 1900 passou de um povoado quase que inabitado à uma cidade com mais de 2 milhões de habitantes. As ideias se dividiram, basicamente em dois conceitos, um chamado de “ecologia urbana” e outro de “modo de vida”.

        Na “ecologia urbana”, Park faz um comparativo do desenvolvimento das sociedades humanas com as sociedades animais, onde a distribuição de espaço segue um padrão de necessidade e funcionalidade. Notamos que geralmente um povoado se inicia às margens de um rio ou fonte de matéria prima, porém a medida que a população cresce e a cidade começa a se formar a expansão territorial começa a tomar forma, selecionando os indivíduos que ocupam determinado bairro por sua função, necessidade ou classe social.

        Levando em conta a urbanização como “modo de vida” Wirth faz um comparativo entre a vida na cidade grande e nos pequenos povoados, definindo a diferença das relações interpessoais, onde nos grandes centros as relações quase sempre têm um interesse, quase nunca pelo contato propriamente dito. Esta visão acaba por se tornar um tanto quanto exagerada visto que toda sociedade sempre manterá seus vínculos mais próximos (família, amigos, relativos) e algumas até se desenvolvem a partir dessas relações.

        Algumas teorias mais recentes sugerem que o urbanismo não é um processo autônomo, mas sim que deve ser analisado de acordo com os padrões políticos e econômicos. Segundo Harvey, o urbanismo é um aspecto do ambiente criado gerado pela difusão do capitalismo. A diferença entre cidade e zona rural começa a se atenuar na modernidade devido aos processos de industrialização dos serviços e os espaços passam a ser constantemente reestruturados, sendo controlados pelos locais onde as grandes empresas instalam suas industrias, centros de pesquisas, etc. Castells ressalta que a forma espacial de uma cidade está intimamente ligada aos mecanismos gerais de seu desenvolvimento, ele enxerga as cidades não como uma localização distinta mas como uma parte integral dos processos de consumo coletivo. As cidades são ambientes quase que totalmente artificiais, formados a partir das vontades da classe alta mas também através da luta das classes menos favorecidas por seus direitos e condições de vida.

        No período entre as Guerras Mundiais a população da Grã-Bretanha começou a se deslocar das grandes áreas urbanas para os recém desenvolvidos subúrbios, aglomerando-se em torno das novas estradas e metrôs que permitiam o transporte dos trabalhadores para o centro. Já nos EUA, o processo de suburbanização teve início nas décadas de 1950 e 1960, quando as famílias brancas começaram a se mover para os subúrbios tentando escapar da lei que estabelecia a mistura racial nas escolas. Logo depois os grupos das minorias também começam a se mudar para os subúrbios buscando as mesmas coisas: melhores moradias, escolas e atrativos. O efeito de suburbanização não diz respeito à raça, mas sim à classe social. As pessoas tentam fugir dos pobres e dos problemas que vêm com eles.

        Com a mudança de grande parte das famílias de maior renda para fora da cidade implica na perda da receita dos impostos locais, que acaba por repercutir na decadência da área urbana. A pobreza, a violência e os antagonismos étnicos estão constantemente gerando conflitos nas grandes cidades o que acaba por gerar um desafio para os governos. A renovação urbana busca revitalizar as áreas urbanas e promover um crescimento sustentável para as regiões afastadas. O processo chamado de reciclagem urbana, que consiste no reaproveitamento de construções antigas, transformando-as em áreas mais bem aproveitadas para atrair os moradores de alta renda, enobrecendo o perímetro urbano. Um dos fatores que promovem a reciclagem urbana é redução da criminalidade, levando maior segurança aos grandes centros deixa os moradores mais seguros e confiantes de viverem na região.

        Com o crescimento da população urbana as megacidades se tornam um dos principais aspectos da urbanização, não apenas por seu tamanho, mas por sua ligação entre a enormes populações humanas e a economia global. Castell fala que essas megacidades funcionam como um ímã para os países ou regiões que estão localizados, atraindo um grande fluxo de pessoas e oportunidades. O crescimento dessas cidades é relativamente maior nos países subdesenvolvidos devido ao crescimento populacional mais elevado e as altas taxas de migração interna, fazendo com que a maioria das megacidades projetadas estejam nesses países.

        Um dos grandes problemas gerados pela urbanização é a chegada de grandes massas de trabalhadores rurais não profissionalizados, que acabam por gerar seu sustento a partir de trabalhos informais. A economia formal tenta receber este influxo de trabalhadores não especializados, porém na maioria dos casos a economia informal é a recorrência deles, o problema é que essa economia, além de ser menos produtiva, não paga impostos e não é regulamentada.

        Com a demanda interminável de pessoas migrando para os grandes centros a falta de habitação e o saneamento básico se tornou um problema sério para os governos. É comum nos depararmos com loteamentos e habitações improvisados às margens das grandes cidades, como as famosas favelas. A falta de habitação, saneamento básico e a alta taxa de poluição são os principais problemas em termos ambientais enfrentados pela urbanização.

        O desequilíbrio etário nos países subdesenvolvidos, gerado devido a superlotação e escassez de recursos, faz com que a população com idade inferior a 15 anos seja bem maior do que a dos países desenvolvidos. Uma população jovem precisaria de auxilio, não sendo economicamente produtiva. Porém a pobreza muitas vezes força esses jovens a trabalhar em turno integral ou até mesmo chegando a mendigar para sobreviver.

        Considerando todos esses problemas pode ser difícil ter perspectivas de mudança e de crescimento, porém mesmo que as taxas de natalidade continuem altas é provável que sofram queda com o avança da urbanização. Além do que a globalização tem possibilitado a integração econômica possibilitando melhores formas de investimento e oportunidade.

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