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Seminário de Planejamento Urbano e Regional

Por:   •  21/7/2021  •  Projeto de pesquisa  •  1.884 Palavras (8 Páginas)  •  165 Visualizações

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Equipe Estibordo

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Por Nikos Salingaros [*]

“Le Corbusier, o Arquiteto Desonesto” (tradução livre) do engenheiro estrutural Dr. Malcolm Millais, é uma obra que traz uma análise inovadora de uma figura influente que moldou a arquitetura de nosso tempo. Millais faz severas críticas a Le Corbusier. Um de nossos escritores mais perspicazes, Dr. Theodore Dalrymple, publicou uma resenha brilhante sobre o novo livro de Millais, desmistificando com toda a sinceridade Le Corbusier e seu trabalho. Isso atinge o “nervo central” da trilionária indústria de construção civil global. A presente resenha sustenta a tentativa de Millais de esclarecer o que esteve oculto por décadas, já que conflita com pressupostos tidos como verdades absolutas na cultura arquitetônica.

As faculdades de Arquitetura ensinam aos estudantes uma gama de opiniões, técnicas de projeto e fundamentos da filosofia da habitação humana. Muito desse conteúdo não costuma fazer sentido para pessoas comuns, mas essa tem sido a maneira que a cultura arquitetônica tem operado por décadas, e tem prosperado. Uma crença principal, todavia, é clara e sem nenhuma ambiguidade: Le Corbusier foi um grande gênio que ajudou na fundação da arquitetura e urbanismo que quase todos praticam hoje. Criticar suas obras ou sua pessoa equivale a ser um apóstata religioso. Na academia, mais do que na prática da profissão, qualquer um que ouse criticar “Corbu” arrisca ter o fim repentino de sua carreira.

Pelo menos uma (geralmente mais) hagiografia densa[1] e bem escrita por um respeitado crítico de arquitetura aparece todos os anos. Le Corbusier supostamente salvou a humanidade de seus retrógrados e teimosos hábitos de construir moradias. Assim como outros profetas antes dele, ele revelou leis imutáveis para as massas ignorantes, como a nostálgica bobagem de enfeitar suas casas, e a futilidade de desejar criarem seus filhos em jardins e espaços amigáveis.

Dr. Millais, por outro lado, fornece uma opinião contrária: “A verdade é que ele [Le Corbusier] foi uma vergonha, uma fraude, um charlatão cujo único dom era o da autopromoção”.

Millais usa fatos e argumentos concisos para mostrar que Le Corbusier era um ignorante sobre tectônica, já que seus edifícios canônicos vêm desmoronando desde o dia de sua conclusão. Millais coleta exaustivamente resultados de muitos outros pesquisadores; sendo alguns dados biográficos cruciais descobertos em 2015, quando Le Corbusier fora exposto como um colaborador antissemita e nazifascista.

Um lado obscuro da sociedade humana é que ela está mais do que disposta a encobrir — e até suprimir — o comportamento reprovável de pessoas que são consideradas importantes. Então eis a questão: o trabalho de Le Corbusier ofusca seus abusos de mulheres e coisas que ele escreveu como “Hitler pode coroar sua vida com um trabalho magnífico: a reconstrução da Europa”? (Isso em 1940!) Um exame crítico dos fatos nesse livro mostra o contrário. Frustrando aqueles que desejam proteger sua imagem imaculada, não há graça salvadora nas ideias ou produção efetiva de Corbu.

As contribuições originais de Millais revelam que o sistema proporcional de design de Le Corbusier, conhecido como o Modulor, é apenas mais uma farsa entre muitas outras. O Modulor é um sistema místico que Le Corbusier afirmou, quando usado para medições de um edifício, resultar num desenho perfeito. Eu detalhei a falácia matemática por trás do Modulor (veja em “Applications of the Golden Mean to Architecture” — artigo em inglês), enquanto Millais cuidadosamente mediu os edifícios de Le Corbusier para encontrar poucas, para não dizer nenhuma, escalas Modulor!

Millais analisa numerosas falhas estruturais no icônico bloco de apartamentos Unité d’Habitation de 1952 em Marselha, França. Aqui se encontra o modelo original para corredores internos escuros, tristes, e apartamentos com um lado escuro e outro com entrada de luz ínfima. Seguidores fiéis reproduzem tal design como um protótipo perfeito, considerando que a conclusão competente de Millais é condenável. Como uma construção contendo tantos erros de design e construção — na maior parte devido as ideias que nunca foram testadas — tenha recebido aval? A resposta é que o Ministro de Habitação revogou todo o código de obras. A cultura arquitetônica ignora esses erros deliberadamente, enquanto os críticos repetem incessantemente as mentiras egoístas que o próprio Le Corbusier inventou para encobrir sua ignorância e seus erros.

O projeto não construído para abatedouros de Le Corbusier para o empresário francês Max Du Bois foi reciclado para se tornar o Unité’ d’Habitation (como foi registrado pelo biógrafo H. Allen Brooks, que descobriu que o próprio Le Corbusier escondeu essa referência). Mais tarde, Le Corbusier revisitou esse tema sinistro em sua ideia para o Pavilhão Philips, uma construção financiada pela Companhia Holandesa de Eletrônicos Philips para a Feira Mundial de Bruxelas em 1958 (Expo 58). Corbu descreve sua ideia assustadora: “Deve parecer que você está prestes a entrar em um matadouro. Então, uma vez dentro, bang, um golpe na cabeça e você já era”. Então, a esquete The Architects Sketch de Monty Python (1987), estrelando John Cleese, foi impecável, afinal.[2]

Não incluso no livro de Millais é o seguinte episódio revelador. Pandit Jawaharlal Nehru[3] convidou Le Corbusier para a Índia, com infelizes consequências para Chandigarh. Madame Manorama Sarabhai contratou o arquiteto para projetar uma quinta privada em Ahmedabad, mas expressou sérias preocupações sobre a falta de corrimões no terraço e nas varandas. Esta foi a resposta de Le Corbusier, conforme relatado pela jornalista Taya Zinkin:

“A boa mulher temia que, quando seus filhos se casassem, seus netos pudessem caír e acabar morrendo, como se eu me importasse. Como se eu, Le Corbusier, fosse comprometer o projeto por causa de seus pirralhos não nascidos”!

Passando para outros ícones arquitetônicos, a Capela de Notre Dame du Haut em Ronchamp na França é amplamente reconhecida como o mais inspirador e recente exemplo de arquitetura religiosa no mundo. O padre Marie-Alain Couturier ingenuamente acreditou que ele estava contratando Le Corbusier para erguer um templo para adoração cristã. No entanto, Millais documenta que a missa dificilmente poderia ser celebrada nesta capela "liturgicamente disfuncional". O arquiteto presunçosamente construiu um templo para si mesmo. Estudantes de arquitetura

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