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O Holocausto Brasileiro

Por:   •  22/11/2018  •  Resenha  •  1.141 Palavras (5 Páginas)  •  178 Visualizações

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Holocausto Brasileiro

         Holocausto Brasileiro é um livro reportagem escrito pela jornalista Daniela Arbex, conta a história do maior hospício do país conhecido como Colônia, localizado na cidade de Barbacena em Minas Gerais.

        O nome do livro sintetiza bem a realidade do Colônia, era um campo de concentração nos modelos da Alemanha nazista, no interior do Brasil. As semelhanças físicas como a existência de uma linha de trem que levavam vagões de carga cheios de pessoas para o local(trem de loucos), os dezesseis galpões onde se amontoavam de maneira cruel milhares de pessoas; e o rito de descaracterização e perda de identidade logo na chegada quando se raspava os cabelos e  deixavam todos nus para depois receberem o “famoso” uniforme azul desbotado.

        O Hospício foi criado em 1903, era mantido com ajuda da igreja e pelo governo, projetado inicialmente para duzentas pessoas, em épocas de superlotação chegou a registrar mais de dezesseis mortes por dia devido aos maus tratos e condições desumanas. No livro, estima- se que sessenta mil pessoas morreram no Colônia até seu fechamento em 1980.

        É grande o número de pessoas que foram mandadas para o manicômio sem possuir nenhum tipo de doença mental, dados dizem que cerca de 70% das pessoas não tinham o diagnóstico de doente mental, ao contrário, eram enviadas para longe do convívio social por serem indesejadas pela sociedade, apenas eram diferentes ou ameaçavam a ordem pública. O livro conta história de pessoas que foram mandadas pra lá por serem tímidas, tristes, como forma de castigo para moças que contestavam a autoridade de seus pais, mulheres indesejadas pelos maridos, alcoólatras, mães solteiras, homossexuais mendigos e os chamados loucos; pessoas que sofriam de epilepsia em sua maioria.

        A maioria apresentava o perfil de pessoa pobre e negra. É o retrato da política de limpeza social, que buscava eliminar aqueles que não se encaixavam nos padrões. Muitos destinos foram roubados pela falta de informação e crueldade de autoridades. Este quadro não se difere muito da atual estrutura social da criminalidade, que segrega e estigmatiza o indivíduo pobre e negro para depois trancá-lo em cadeias superlotadas sem respeito e dignidade.

        A rotina dos internos era degradante, dormiam no chão em “camas” de capim, acordavam de madrugada não importando o clima e eram mandados para o pátio onde ficavam o dia todo. O frio característico da cidade cortava a pele dos internos que na maior parte do tempo ficavam nus, não possuíam cobertas ou qualquer coisa para cobrir o corpo, como instinto de sobrevivência se juntavam para que o calor dos corpos pudesse os aquecer.

 Recebiam “terapias” para acalmar que na verdade eram verdadeiras práticas de tortura como os choques elétricos aos quais muitos não sobreviviam, as lobotomias e o jatos de água fria em pressão. Os pacientes podiam até entrar em boa saúde, mas os anos de sobrevivência no tratamento infernal os marcavam com sequelas e levava à loucura.

        A alimentação era digna de porcos, uma observação feita por um dos repórteres que adentrou o Colônia para registrar imagens daquele lugar que mais parecia saído do inferno de  Dante.

Além de rala, mal feita e servida com descaso, comida também era escassa, apesar dos registros de compra mostrarem grandes gastos para a instituição. Muitos pacientes ao extremo de sua existência chegavam a comer ratos e pombos. Várias pessoas ficavam desnutridas e tantas outras morriam de diarreia.  A água era longe de ser ideal para consumo, imagens mostram um homem agachado bebendo do esgoto que corria pelos pavilhões.

        As incontáveis mortes resultantes dos maus tratos ainda eram exploradas de maneira lucrativa com a venda de cadáveres. O professor universitário Ivanzir Vieira conta em e-mail à autora, o dia que presenciou a chegada dos corpos do Colônia nos portões da Universidade de Juiz de Fora. Cerca de 1.853 corpos foram vendidos para inúmeras faculdades de medicina. Quando a venda sessou iniciou-se o hábito e jogar ácido nos corpos para que pudessem vender também os ossos. Ao longo do livro relatos de cadáveres deixados ao acaso em decomposição em meio aos habitantes do hospício que se arrastavam no chão, o cortejo fúnebre dos companheiros para enterrar os mortos no cemitério em cova rasa evidenciam que mesmo após a morte a indiferença ainda castigava aqueles desafortunados.  

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