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Trabalho Sobre o Filme Zuzu Engel

Por:   •  18/8/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.640 Palavras (7 Páginas)  •  239 Visualizações

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CAMPUS UBERLÂNDIA

Curso de DIREITO

Professor: Júlio C. de Oliveira

Disciplina: Inter IX

Filme: Zuzu Angel

Componentes Do Grupo

Ficha técnica do filme

Ano de produção: 2006 - Diretor: Sergio Resende - Duração: 104 min. - Gênero: Drama - Local da produção: Brasil

Análise interna do filme

  1. Qual o tema trabalhado no filme?

Em um plano secundário, mas não menos importante, temos o tema genérico do desaparecimento de cidadãos brasileiros, nos anos de chumbo da ditadura militar. Em primeiro plano, temos o drama vivido por uma mãe, que tem seu filho insurrecto preso, torturado e morto por militares da aeronáutica.

b) Qual é a mensagem do filme? (qual é o olhar do narrador do filme sobre a situação representada?)

Vemos a luta de uma mãe que luta incansavelmente para ver alguma “justiça humana” feita, na verdade um paradoxo, porque justiça humana não há. Primeiro a procura pelo paradeiro, depois a constatação do óbvio, e por último o desgosto extremo de nem ter um corpo para sepultar. A história de Zuzu Angel se tornou famosa, já que ela buscou forças morais para tentar enfrentar os carrascos de seu filho. Como era mulher bem relacionada, sua luta foi bastante conhecida e difundida. Talvez por isso, por sua notoriedade, que seu acidente tenha sido orquestrado e manipulada pelas forças opressoras.  Ela estava chegando perto demais de certas verdades que jamais poderiam vir a tona na época. As forças dominantes jamais admitiriam uma mudança do Status Quo.

Análise externa do filme (análise da relação do filme e o contexto de produção)

Qual o diálogo do filme com as questões e polêmicas do seu tempo (ano de produção)

Durante a ditadura tínhamos duas espécies de resistência: a armada e a desarmada. Sobral Pinto, foi um expoente dessa segunda, homem influente, inteligentíssimo, lutou contra o Sistema, dentro de moldes que o tornariam “intocável” (esse detalhe não pertence ao filme, é apenas um preâmbulo para introduzirmos o braço armado da luta). A opção de não violência de Sobral Pinto, o resguardou de certos perigos, o que não tirou nem por um ínfimo segundo o valor desse nobre homem.

Stuart Angel por seu lado filiou-se ao MR-8. Ao analisarmos fatos sociais, não podemos nos afastar do método científico para analisar os momentos e blocos históricos pelos quais passamos. Temos que manter a distância necessária do objeto estudado, sem paixão, sem envolvimento, tal qual Descartes nos deixou como instrução no Discurso do Método. Sendo assim, é inegável que as forças subversivas utilizavam jovens fervorosos como carne de canhão. Isso é inegável. Todos os exércitos fazem isso, no passado e ainda nos dias atuais, e os combatentes contrários ao regime militar não poderiam deixar de fazê-lo. Stuart foi um desses jovens marcados para morrer.

No dia 14 de maio de 1971, Stuart foi preso, e nunca mais foi visto pela mãe.

Com todo o respeito devido aos mortos que lutaram contra o regime, o problema principal que levou ao seu massacre e derrota foi  o modus operandi de seus confrontos, que era eivado de empáfias e desafios, que só serviam para alertar os inimigos, no caso os militares e policiais que atuavam no DOPS/DOI-CODI, sob a égide da Operação Bandeirante, além dos outros atores da repressão, que tinham guarida no judiciário, executivo e até no empresariado. Vemos por exemplo no movimento subversivo do Vietnã, uma luta dura, feroz, sem ações ostensivas e de desafios, luta fiel aos princípios de Guerrilha desenvolvidos e elencados por Mao. Tal método derrotou a maior potência do mundo na época, com um preço em vidas humanas devastador, é claro.

 A falha e insucesso da oposição ao regime militar, adveio principalmente  pelo fato dos “cabeças” no comando dos guerrilheiros brasileiros serem compostos de  burgueses revoltosos. O Burguês (eles combatiam o que teoricamente eram, diziam ser do proletariado mas na sua maioria não o eram)  tem como característica o combate “romantizado”, com viés “heroico”. Isso fica lindo e funciona apenas em livros de ficção e manifestos. Na vida e luta real isso não cabe, só chama a atenção, mobiliza, porém atenção e holofotes é exatamente o que não se deseja em um movimento subversivo (os que se fizeram uso dessa premissa, o combate velado, venceram). É notório que em movimentos assim, geralmente os combatentes que tiverem sua origem em lares e comunidades pobres e miseráveis, tem uma dureza e perspicácia muito mais apropriadas ao tipo de combate subversivo. A própria “Natureza” das suas origens, com todos os tipos de dificuldade, criados em meio violento e hostil, traz uma tempera bruta, uma adequação maior a guerrilha. A formação do combatente nada mais é que a desumanização do mesmo, ondem substituímos a civilidade pelo instinto, fazendo o homem retroceder a um estado animalesco, combinado com a razão humana. Um guerreiro destituído de instinto animal, está completamente fadado ao fracasso.  No caso de Stuart, vemos um moço criado por uma senhora estilista/costureira, que no contexto da época, devia ser de classe média, bem relacionada. Era um moço preocupado com o “social”, com o bem de seus semelhantes. Stuart tinha o ideal, tinha vontade, tinha garra, mas não tinha a ferocidade e a maldade que tem que ser inatas para o sucesso no tipo de vida que ele almejava.

Como em qualquer análise, temos que separar informes de informação, fatos de fantasias, realidade, de lendas urbanas. Uma das falhas do movimento subversivo, foi a de descrever situações, que se bem analisadas, veremos que não carecem de fundamento. Talvez para tentar mensurar e transmitir a dor que sofriam no cativeiro, ou tentar tornar mais impressionável seus relatos. Porém isso também prejudicou sua luta. Deixamos claro que em nenhum momento estamos minimizando os crimes nefastos cometidos pelas forças dominantes. Jamais. Só estamos tentar chegar perto de uma verdade real, nada mais.

O filme traz uma situação, que Stuart teria sido arrastado por uma viatura, e daí teria advindo sua morte. Para quem já foi da caserna, principalmente da antiga, sabe que esse não é procedimento em casos de tortura. Arrastar alguém num pátio seria produzir dezenas ou centenas de testemunhas (ora, um aquartelamento pequeno não tem menos do que 300 militares, sendo que existem batalhões com mais de 800). Geralmente as mortes vinham por parada cardíaca, de um corpo combalido, desidratado, cansado, ferido. Como eles diziam: “erraram a mão”. Provavelmente, o pobre Stuart não resistiu as torturas infligidas, e teve falha em algum órgão vital. A tortura tem dois finalidades principais: a busca de informações e delações, e a desmoralização do combatente em si, sendo que o mais interessante é que ele fique vivo, e que na sua saída, espalhe a seus companheiros os horrores que passou, para que isso sirva de elemento dissuasor.

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