As Seis Lições: A Inflação

As seis lições: A Inflação

MISES, Ludwig Von. As seis lições. Tradução de BORGES, Maria Luiza. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises, Brasil, 2009. p. 61 - 76.

O livro transcreve conferências ministradas por Ludwig Von Mises nos fins de 1958, para uma serie de estudantes argentinos, onde falou sobre o capitalismo, socialismo, intervencionismo, comunismo, fascismo, politica econômica e sobre os perigos da ditadura.

Em seu capítulo IV que intitula como quarta lição, Mises começa a retrata através da comparação entre o caviar e a batata – isto é, a relação de troca entre o caviar e dinheiro, ou entre caviar e outras mercadorias - o que seria a chamada inflação. Em seguida, faz referência ao século XVI, sobre as reservas de ouro e prata que foram descobertas e exploradas na América, a fim de serem transportadas para a Europa, aumentando assim a quantidade de moeda que gerou a elevação dos preços na época. Desse mesmo modo, ocorre em nossos dias, quando o governo por algum motivo decide aumentar a quantidade de papel-moeda, a consequência é justamente a queda progressiva do poder de compra da unidade monetária e a correspondente elevação dos preços.

Porém, o problema não está no modo como o dinheiro é gasto, é antes no modo como esse dinheiro é obtido pelo governo que dá lugar a essa consequência que chamamos de inflação, ou seja, o problema não é a inflação, esta é justamente a consequência do problema, no entanto, quase ninguém pensa assim e muito menos a considera benéfica.

A situação pode ser observada da seguinte forma: as pessoas a quem o dinheiro chega a primeiro lugar têm a sua renda aumentada e diante disso continua comprando mercadorias e serviços a preços que correspondem ao estado anterior do mercado. E assim a inflação se expande de um grupo para outro. E todos os que têm acesso ao dinheiro adicional na primeira hora da inflação são beneficiados, por outro lado, as pessoas que recebem esse dinheiro por último se veem numa situação desfavorável.

Implícito todas as modificações produzidas pela inflação, está o fato de que, há grupos que são favorecidos por ela e há grupos que a exploram, mas não no sentido de refletir uma censura a esses grupos, já que só o governo pode ser considerado culpado e responsável pela instauração da inflação.

Mises diz ainda que o povo se habitua a considerar o governo como uma instituição que possui recursos ilimitados, recursos estes que devem esta à disposição da sociedade, ou seja, o governo pode tudo. Entretanto os fundamentos são precisamente estes: aumentando-se a quantidade de dinheiro, provoca-se o rebaixamento do poder de compra da unidade monetária. É exatamente isso que desagrada aqueles cujos negócios privados são desfavoravelmente afetados por essa situação. São os que não se beneficiam da inflação que dela se queixam.

O autor ainda aproveita o momento para fazer o seguinte questionamento: “Se a inflação é má, e se todos sabem disso, por que se teria convertido numa espécie de estilo de vida em quase todos os países?”. Logo, até os países considerados desenvolvidos ou ricos sofrem desse problema. Um grande exemplo é os Estados Unidos que mesmo sendo a nação mais rica do mundo e com um elevado padrão de vida, pode-se observar através de uma viaja por todo país uma incessante referência à inflação e à grande necessidade de detê-la.

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