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Caso De Sucesso Sebrae - Arô Buona Sera!

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Por:   •  27/6/2014  •  4.168 Palavras (17 Páginas)  •  245 Visualizações

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Roger Kayasima, no final de 2000, havia acabado de aprender uma lição: não dava para transferir a uma filial o sucesso que tinha tido na matriz. Fechar a primeira e única filial de sua rotisseria havia sido uma decisão difícil, porque era dar um passo para trás. Era uma experiência nova e de- sagradável para um dekassegui que trabalhara até 14 horas por dia no Japão. Havia sido uma grande ousadia para um nikkey (nome ge- nérico de todo descendente de japoneses) assumir o controle de uma típica rotisseria italiana. A dedicação e a atenção com os detalhes fizeram com que o estabelecimento, agora sob a direção de falsos italianos com olhos puxados, não apenas mantivesse, como também ampliasse a freguesia herdada da antiga proprietária. A idéia de crescer com a abertura de uma filial parecia a mais certa. Afinal, bastaria repetir as mesmas fórmulas de pre- paração e de administração que já eram praticadas no estabele- cimento de Mogi das Cruzes (SP). O que poderia dar errado? A realidade foi outra. As vendas não decolaram. Não havia outra saída: era necessário tomar uma decisão difícil. Menos de dois anos após a abertura da rotisseria em Suzano (SP), Roger cerrou as portas da filial, antes que os problemas contaminas- sem o ambiente da matriz, em Mogi. Roger estava desanimado. Precisava descobrir o que não havia funcionado, pelo menos para não repetir os mesmos

ARÔ, BUONA SERA!

Eduardo Koji Fukuyama, analista do Sebrae/SP, elaborou o estudo de caso sob a orientação do professor José Antônio Lerosa de Siqueira, da Universidade de São Paulo (USP), e coordenador do Centro Minerva de Empreendedorismo da Escola Politécnica, integrando as atividades do Programa Dekassegui Empreendedor - Sebrae/BID e do Projeto Casos de Sucesso 2008, do Sebrae.

Luiz Prado

ROGER COM A MÃO NA MASSA!

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erros. Sentia-se incapaz de, sozinho e sem orientação, mudar sua estratégia empresarial. Colocava em dúvida até mesmo a razão do sucesso. Se a filial, funcionando exatamente de acor- do com os mesmos processos da matriz, não trouxera a am- pliação esperada dos negócios, qual seria o caminho que deveria ser trilhado para o crescimento? Essa era uma questão que não saía de sua cabeça.

DE PROGRAMADOR A “ROTISSEIRO” Roger Kayasima era o segundo filho de cinco homens, de mãe professora e pai funcionário público, ambos aposen- tados. Começou a trabalhar aos 13 anos com o tio, na feira, vendendo plantas ornamentais. Mais tarde, passou a ajudar sua mãe, que abriu uma loja de produtos importados do Paraguai. A cidade onde sua família morava, Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, recebeu forte influência da colonização japonesa. De cada 20 habitantes, um era descendente de ja- poneses. Em 2008, tinha a quarta maior concentração de des- cendentes nipônicos no Brasil, logo atrás de São Paulo, Curitiba (PR) e Londrina (PR). Mogi das Cruzes era conhecida por fazer parte do chamado “cinturão verde”, responsável pelo abastecimento de grande parte dos legumes, verduras e frutas consumidos pela região metropolitana de São Paulo. Roger sentia orgulho dos pais, que conseguiram fazer com que todos os filhos terminassem um curso superior. Ele consi- derava sua mãe, Iris Kayasima, arrojada e empreendedora, além de uma fonte de inspiração. “A minha dedicação e o meu comprometimento na vida profissional são frutos da lição que recebi de minha mãe. Minha empresa pode fechar por qual- quer motivo, menos por falta de garra”, disse ele. Após se formar em Ciência da Computação e trabalhar du- rante três anos como programador, Roger desanimara-se com

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o seu futuro. As perspectivas profissionais pareciam limitadas demais. Por isso, decidiu embarcar para o Japão como dekas- segui em busca de capital para, no retorno ao Brasil, abrir um negócio próprio. O irmão mais novo, Wiliam, acompanhou-o. Os irmãos Kayasima submeteram-se a trabalhos árduos, su- jos e às vezes perigosos em linhas de produção de produtos eletrônicos, em fábricas de autopeças e em postos na constru- ção civil. Trabalhavam até 14 horas por dia. Sempre juntos, Ro- ger e Wiliam também tiveram durante um curto período alguma experiência no setor alimentício, na preparação de ben-tô, prato rápido com forte apelo visual vendido em lojas de conveniência. No início, Roger, maravilhado com os produtos eletrônicos japoneses, gastava grande parte de seu salário em artigos ele- trônicos e de informática. Quando viram muitos amigos vol- tando com uma boa poupança, os irmãos perceberam que haviam perdido momentaneamente o foco, a razão para esta- rem lá. A tempo, descobriram que um dos segredos para for- mar o pé-de-meia no Japão era assumir o compromisso de remeter todo mês certa quantia mínima para o Brasil. Também era importante ter uma pessoa de confiança para aplicar o capi- tal. “Eu mandava todo mês uma quantia mínima e minha mãe investia. Assim eu era obrigado a fazer economia”, contou ele. Após quatro anos de longas jornadas de trabalho, os irmãos voltaram para o Brasil, dispostos a seguir o mesmo ritmo. “Se no Japão eu trabalhava até 14 horas por dia, por que não in- vestir o mesmo tanto de tempo no meu próprio negócio?”, argu- mentou Roger. “Se lá eu lavava o chão, aqui eu não vou ter vergonha de fazer o mesmo.” Roger acreditava que a área alimentícia tinha uma margem alta de lucro e era um mercado sempre crescente. Afinal, as pessoas sempre precisam se alimentar. Porém, tirando a breve passagem pela fabricação de ben-tô, ele não tinha tido nenhu- ma experiência na área alimentícia. Mesmo assim, em 1994,

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Roger, Wiliam e mais alguns familiares compraram uma rotis- seria em Mogi das Cruzes, seguindo a sugestão de sua mãe, que conhecia a antiga proprietária. Em homenagem a ela, a rotisseria passou a se chamar Iris Massas Rotisseria. Roger se transformara de programador em “rotisseiro”.

RUMO AO SUCESSO Amudança de empregado para patrão trouxe inicialmente insegurança a Roger, que não podia mais contar com um salário fixo todo mês. Tinha medo de fazer dívidas. Como rea- ção a esses temores, Roger fez questão de manter todos os as- pectos operacionais e financeiros sob o seu controle e colocou 100% de sua energia na gestão da rotisseria. O primeiro desafio foi manter

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