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O TRABALHO DE MARKETING

Por:   •  23/3/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.805 Palavras (8 Páginas)  •  114 Visualizações

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                                 GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM LOGÍSTICA




                             TRABALHO DA DISCIPLINA [AVA 2]

                    GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS.


 




                                          JOSEANE LIRO DIAS

 

                                                 

                                         MATA DE SÃO JOÃO

                                                           2021

                                                         

1 INTRODUÇÃO

 Contextualizar o comércio justo no Brasil não é tarefa fácil, seja por conta do baixo número de pesquisas científicas sobre o tema, seja pela falta de uma sistematização de dados adequada que permita uma análise mais detalhada do setor (TIBURCIO & VALENTE, 2007). No entanto, iniciativas denominadas como comércio ético e solidário1, comércio justo ou fair trade, que podem ser entendidas como opções semânticas, estão se multiplicando no país, principalmente nas últimas duas década. Observa-se, também, uma crescente valorização de produtos étnicos contendo representação cultural que assumem novas funcionalidades nos grandes centros urbanos, Como peças de arte ou artefatos decorativos (REISS, 2001, p. 28; RENARD, 2003).

Levando em conta este panorama, o estudo pretende analisar o projeto  Arte Baniwa , uma iniciativa da Organização Indígena da Bacia do Içana (OIBI) e da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA), discutindo suas contribuições, potencialidades e os limites para o desenvolvimento do comércio justo no Brasil. Desde 1997, o artesanato produzido pelo povo indígena da etnia Baniwa vem sendo comercializado no âmbito do projeto de desenvolvimento de alternativas econômicas sustentáveis para a região do Alto Rio Negro.

Produção sustentável e comercialização por encomendas, de forma autogerida, da cestaria tradicional Baniwa feita de arumã, em nichos de mercado que remunerem seu valor cultural e ambiental agregado, como parte de um programa mais amplo de Pode ser entendido como “uma forma de empoderamento de trabalhadores assalariados, produtores e agricultores que estão em desvantagem ou excluídos do sistema tradicional de comércio” (FRANÇA, 2002).

   Arte Baniwa é a marca que identifica o artesanato produzido pelo povo Baniwa que habita várias comunidades espalhadas pelas margens do alto Rio Içana – afluente do Rio Negro no extremo noroeste brasileiro. O arumã (Ischnosiphon spp.), é uma planta da família das matantáceas, que cresce em terrenos úmidos ou semi-alagados e brota após o corte. É utilizada pelos povos indígenas amazônicos, a partir do Maranhão. Na região do Içana é a matéria-prima por excelência para a se fazer a cestaria usada no processame da mandioca, consolidação de direitos indígenas coletivos (BRESLER & OLIVEIRA, 2001, p. 53). Disponível em. (Acesso em 5 jul. 2009. COMÉRCIO JUSTO, SABERES)

    Artesanato de arumã ocupa um lugar central na vida dos índios Baniwa do Rio Içana. Objetos tais como tipiti (espremedor de massa de mandioca), peneiras, abanos, balaios e cestos de diferentes formas e tamanhos são peças indispensáveis na sua economia de subsistência. Além de produzir utensílios de arumã para uso doméstico, há séculos os Baniwa comercializam o excedente da produção nos centros urbanos. A troca e a venda de artesanato produzido no Alto Rio Negro para comerciantes colombianos e brasileiros que transitam pela região do Içana é parte da economia regional desde algumas décadas. Essa comercialização representa uma das principais fontes de renda e para acesso a bens básicos coma roupa e ferramentas de metal, mas submetia os artesãos Baniwa à exploração e à dependência econômica.

Como os artesãos não têm poder de barganha e a distância que separa as comunidades dos centros distribuidores daqueles produtos é grande e impedia um fluxo maior de trocas, a ideia dos artesãos era que a própria associação (OIBI) deveria ser responsável pela comercialização dos produtos, As primeiras iniciativas comerciais datam do ano de 1994, durante um evento em Manaus, onde ocorreu um contato com uma grande empresa americana de cosméticos

OIBI obteve sua primeira encomenda de cinco mil unidades de “urutus”7. Esse contato foi seguido por outros, porém com resultados econômicos pouco animadores (CALIL, 2002). O grande problema é que, por estarem inseridos no sistema de dependência econômica, os artesãos produziam objetos de má qualidade, o que prejudicava o desenvolvimento de parcerias comerciais sólidas e a possibilidade de preços melhores. Em 1997, com a conclusão do processo de demarcação das terras indígenas, muitos Baniwas tiveram de encerrar an exploração mineral e vegetal, já que a demarcação impôs novas regras legais. Neste momento, surgiu uma forte demanda por alternativas econômicas para os índios, que não poderiam mais se dedicar às atividades de extração.

 Seguindo a tradição cultural, aconfecção de cestaria convive harmoniosamente com as demais atividades econômicas de subsistência dos artesãos, que seguem dedicando grande parte de seu tempo à caça, à pesca, à roça, entre outros trabalhos típicos de seu modo vida. A confecção é realizada pelos homens, que normalmente trabalham nos intervalos das suas atividades de rotina, nos finais de semana, à tarde e à noite. Eventualmente recebem ajuda das mulheres, especialmente na fase de acabamento e embalagem. A busca de um parceiro comercial capaz de acolher as especificidades do empreendimento Baniwa aparecia como condição principal para os atores envolvidos. A primeira experiência comercial significativa ocorreu em Holambra (SP), em 1998. Uma empresa do ramo de decoração fez uma encomenda de cem dúzias de urutus de tamanho grande an um preço equivalente a três vezes o preço normalmente alcançado no mercado local.

    O empreendimento impunha, entretanto, condições especiais de negociação: vendas por encomenda, grandes lotes, prazos de entrega espaçados e pagamento pré-financiado para diluir o custo unitário de transporte e garantir a mobilização adequada dos produtores. Desde o ano 2000, essa empresa ocupa a posição de principal compradora da cestaria Baniwa, tendo acompanhado a evolução da qualidade dos produtos e da gestão da OIBI. Ela flexibilizou seus procedimentos internos relativos a prazos, quantidade de compras, etiqueta própria da associação produtora. A OIBI também teve que se adequar a alguns procedimentos.

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