Resenha: Organização Mundial de Turismo

Resenha: Organização Mundial de Turismo. GEE, Chuck Y. & FAYOS-SOLÁ, Eduardo (orgs). Turismo Internacional: uma perspectiva global. 2ª edição, Editora Bookman: Porto Alegre, 2003.  

        Partindo da premissa de que o setor de viagens e turismo é o maior e mais diversificado do mundo, a obra em questão busca analisar os impactos positivos que o turismo pode exercer nas localidades, e sua contribuição à economia e desenvolvimento global, uma vez que muitas nações dependem da dinâmica da atividade do turismo como principal fonte de renda, emprego crescimento do setor privado e aperfeiçoamento da infra-estrutura.

        De acordo com a Organização Mundial de Turismo (OMT) – subagência da ONU e maior órgão intergovernamental a tratar de turismo – o turismo internacional difere do turismo doméstico e ocorre quando o viajante cruza a fronteira de um país. É necessário destacar o grande interesse pelo turismo internacional, justificado sobretudo por razões econômicas, já que essa forma de deslocamento desempenha importante papel nos fluxos comercial e monetário entre as nações. Entretanto, é possível dizer que o turismo internacional e o doméstico inter-relacionam-se, uma vez que as escolhas dos viajentes mudam dependendo das circunstâncias, e o turismo doméstico pode ser substituído pelo internacional e vice-versa sob a influência de fatores externos, tais como o aumento relativo da renda real, diferenças de preços entre países e condições políticas internacionais.

        O turismo tal qual conhecemos hoje teve sua base no período da Revolução Industrial (final do século XVIII e início do século XIX), devido às profundas mudanças econômicas e sociais ocorridas. As mudanças sociais provocadas pelas transformações no trabalho levaram à expansão de uma nova classe média, um aumento do temo livre e, para muitos, a demanda por viagens recreativas conduziu ao declínio da popularidade do elitista grand tour (“giro pela Europa”, antigamente obrigatório para os jovens de famílias abastadas, tido como o coroamento da realização educacional e cultural das classes superiores, que começou nos anos de 1600 e seguiu popular até as primeiras décadas de 1800).

        Nesse sentido, uma combinação de desejo, mobilidade, acessibilidade e dinheiro possibilitou o turismo de massa (o turismo moderno). Para tanto, a evolução tecnológica exerceu papel central, pois ela propiciou o aumento do temo de lazer e renda adicional, intensificou as telecomunicações e criou modos mais eficientes de transporte. Ademais, as mudanças nas características, preferências e processos de tomada de decisão dos consumidores, e as contínuas alterações em um ambiente global altamente competitivo, criaram um relacionamento cada vez mais estreito entre turismo e tecnologia da informação.

        A obra afirma que o turismo é e continuará sendo um dos setores de crescimento mais dinâmicos da economia global (o segmento de viagens e turismo reúne um grupo de atividades econômicas que, combinados, formam a maior indústria do mundo). Apesar das recessões periódicas, revoltas políticas, guerras, terrorismo e incertezas quanto ao preço e disponibilidade de petróleo, o turismo internacional constitui hoje o maior item isolado de receita do comércio exterior do mundo, sendo três vezes superior aos gastos mundiais com defesa. Não sendo mais uma atividade reservada apenas a uns poucos privilegiados, o turismo atualmente envolve milhões de pessoas que desfrutam de novos lugares, buscam mudar seus ambientes e almejam experiências significativas (a OMT prevê que em 2010 as chegadas de turistas internacionais atinjam a marca de 1,1 bilhão). Dessa forma, conforme a nova era do turismo for se expandindo, será afetada por uma série de fatores exógenos, como desenvolvimentos econômicos e financeiros, inovações e avanços tecnológicos, questões ambientais, demandas de saúde e segurança, e forças de mercado que influenciam a estrutura do setor operacional e de desenvolvimento de produto de viagens e turismo.

        Antes se pensava que o turismo era basicamente um negócio do setor privado, e o setor público, representado pelo governo, via pouca necessidade de investir recursos e capitais escassos numa atividade que beneficiava interesses privados. Contudo,isso mudou quando os governos entenderam a grande importância econômica do turismo, especialmente como gerador de empregos e fonte de impostos (entre empregos diretos e indiretos, o setor turístico emprega um em cada nove dos trabalhadores do mundo). Assim, hoje há muitos interesses ligados ao crescimento e desenvolvimento do turismo, desde empresas do setor privado, até as várias estruturas governamentais do setor público (nacionais, regionais, estaduais, municipais, etc), além de organizações nacionais, regionais e internacionais. A importância destas últimas para o turismo está relacionada a funções como a realização de fóruns de debates, a assistência em marketing e pesquisa de turismo, a remoção de barreiras ao comércio, entre outras.