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Ensino De Ciclos Estudo De Caso

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Por:   •  27/4/2013  •  5.407 Palavras (22 Páginas)  •  854 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

A organização do ensino em ciclos é uma proposta vigente em muitos municípios brasileiros, cuja intencionalidade é reformular os programas escolares, a organização das classes, a concepção de ensino/aprendizagem, os processos avaliativos, possibilitando a ressignificação do tempo/espaço na escola.

O ensino em ciclos concebe a escola como tempo/espaço de formação, comprometida com o desenvolvimento integral dos alunos, considerando as suas trajetórias de vida, os conhecimentos construídos histórico e culturalmente, a apropriação dos instrumentos de mediação e também as vivências e saberes dos professores.

Este trabalho visa pesquisar como o ensino de ciclos está funcionando na visão dos professores desde a sua implementação no município de Curitiba. O objetivo é verificar de fato os ciclos contribuem para a formação do aluno e seu reflexo no processo de ensino aprendizagem.

1.1 JUSTIFICATIVA

Com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996, abriu-se a possibilidade de estados e municípios organizarem seus sistemas de ensino de forma autônoma. “... séries anuais, períodos semestrais, ciclos, grupos não seriados", diz a lei em seu artigo 23. (LDB 9394/96)

Promoção automática e progressão continuada passam a aparecer mais no vocabulário da educação nacional. Os dois instrumentos, apesar de distintos, às vezes são confundidos. A promoção automática já havia sido aplicada nas experiências de São Paulo e do Paraná, nos anos 1980, nas quais os alunos passavam da 1ª para a 2ª série sem reprovação. Porém, como em outros lugares a ideia não foi bem aplicada, passou a ser identificada como avanço que não leva em conta a avaliação da aprendizagem.

A expressão progressão continuada, então, foi adotada pelos ciclos. Nele, o estudante tem tempo maior do que o ano letivo para aprender e recebe reforço quando suas dificuldades são detectadas. Assim, pode seguir no seu ritmo. Os ciclos organizam o tempo escolar de acordo com as fases de crescimento do ser humano.

“A noção de ciclo é pedagogicamente funcional por corresponder melhor à evolução de aprendizagem da criança e prever avanços na aprendizagem de competências específicas, mediante uma organização curricular mais coerente com a distribuição dos conteúdos ao longo do período de escolarização. A adoção de ciclos tende a evitar as frequentes rupturas, ou excessiva fragmentação do percurso escolar, assegurando a continuidade do processo educativo ao permitir que os professores adaptem a ação pedagógica ao diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos, sem, no entanto perder a noção das exigências de aprendizagem referentes ao período em questão.” (MEC, 1995, p.11)

Além disso, afirma Guimarães (2007) “a eliminação dos mecanismos de reprovação escolar, própria de uma sociedade excludente e competitiva, vem também para redefinir o papel da família com relação à aprendizagem. As políticas educacionais têm como grande objetivo manter a família envolvida com o processo de aprendizagem, dando-lhe a oportunidade de fazer uma análise crítica do desempenho dos alunos durante os Conselhos de Classe. O conhecimento e o entendimento dos avanços e das questões que precisam ser aprimoradas com o auxílio de todos os envolvidos no processo, contribuem para que se alcancem com mais rapidez os objetivos pretendidos, ou seja, o conhecimento sistematizado historicamente produzido.”

A implantação dos ciclos como forma de organização do ensino requer não apenas uma nova estrutura curricular, mas também necessita de uma participação mais ativa da comunidade escolar (pais, alunos, professores, pedagogos, diretores).

A organização dos ciclos na Rede Municipal de Ensino da cidade de Curitiba tem por premissa ao final de cada ciclo, que tem duração de dois ou três anos, que o aluno seja “retido” se não possuir os pré-requisitos necessários para poder frequentar o ciclo seguinte.

Mas podemos perceber vários pontos que contradizem a teoria na efetividade de sua implementação.

A Secretaria Municipal de Educação de Curitiba (1999) propôs um projeto de implantação pelo qual se respeitariam as diversidades culturais de cada região e todos os envolvidos no processo teriam ampla participação; porém, a forma como se efetivou esse processo não condiz com o discurso de uma sociedade democrática, pois os objetivos a serem alcançados já estavam predeterminados e a comunidade escolar (principal agente dessa dinâmica) não participou diretamente da discussão (com exceção de algumas lideranças das regionais que estiveram em encontros para discussões).

A proposta de implantação dos ciclos em Curitiba propunha a realização de seminários com vistas à formação da comunidade escolar no sentido de prepará-la para a nova situação que iriam vivenciar fato este que acabou não acontecendo da forma como foi planejada. Essa atitude demonstra que a autoridade prevalece sobre a autonomia, na medida em que a experiência já é parte da prática e poucas mudanças são percebidas.

É comum assim escutar os alunos dizerem: “para que estudar, seu eu vou passar...”, “não reprova mesmo” ou então os pais se referirem à escola “... como é que ele passou, se ele não sabe nada...”. Parece estar presente em grande parte da comunidade escolar a ideia de que não há mais necessidade de dedicar-se ao estudo.

Além da falta de interesse da comunidade escolar, o desenvolvimento dos ciclos também vem apresentando situações que não contribuem para o aprimoramento de uma aprendizagem com qualidade.

Sabe-se que nem todas as crianças aprendem da mesma forma; um aluno é diferente do outro, a história de vida e de conhecimento dos alunos é diferente e, portanto, a forma como desenvolvem sua aprendizagem é diferenciada. E então, o que fazer com alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem e ao final dos ciclos não conseguiram superá-las? A proposta de implantação dos ciclos prevê um apoio educativo para alunos que apresentarem tais dificuldades, mas será que apenas isso é suficiente? E como está sendo feito esse apoio?

Ao se ter contato com a realidade escolar, pode-se perceber:

- Crianças que tiveram progressão continuada nos primeiros anos do ciclo, e se encontram no 4º e 5º ano, apresentando dificuldades que deveriam/poderiam ter sido sanadas durante os

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