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OS BOIS DE PARINTINS: UM ESTUDO SOBRE O IMPACTO NA VIDA DO COTIDIANO DAS PESSOAS QUE FREQUENTAM O FESTIVAL

Por:   •  12/5/2015  •  Projeto de pesquisa  •  2.932 Palavras (12 Páginas)  •  437 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM[pic 1]

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – ICHL

MUSEU AMAZÔNICO – DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL –

PPGAS/UFAM

LINHA DE PESQUISA 5: Cidade, Patrimônio e Praticas culturais urbanas

MAX DEULEN BARAÚNA NOGUEIRA

OS BOIS DE PARINTINS: UM ESTUDO SOBRE O IMPACTO NA VIDA DO COTIDIANO DAS PESSOAS QUE FREQUENTAM O FESTIVAL

MANAUS

 2013

INTRODUÇÃO[pic 2]

Todo o ano acontece um festival folclórico no meio da floresta amazônica, numa ilha que fica na margem direita do caudaloso rio Amazonas, de povo simples e humilde que faz da arte seu maior reconhecimento.

A cidade dos Bumbás Caprichoso e Garantido, mas também uma cidadela simples que impõe atitude pelas diversas particularidades que possui e que encanta qualquer visitante que procura hospedagem na cidade. Hospitalidade, alegria, devoção e simplicidade são as chaves do sucesso dessa cidade.

O modo de vida do parintinense é fruto de uma cultura mágica, difícil de explicar. Sem a euforia dos bastidores que antecedem o grande festival folclórico, Parintins é apenas uma aldeia de gente muito simpática, que anda pelas ruas de bicicleta, que pinta as fachadas das casas da cor do boi que faz pulsar a paixão, que conversa das tardes ao anoitecer em cadeiras de embalo nos batentes das portas e que também veste a melhor roupa, aos domingos para reverenciar na belíssima Catedral a santa do lugar, Nossa Senhora do Carmo.

É um cotidiano simples, mas ao mesmo tempo repleto de artes. O povo de Parintins já nasce com dons especiais. São artistas que compõem, cantam, esculpi, pintam com muita habilidade e até criam novos rumos para o português, inventando um linguajar próprio. Bastam um visitante chegar que eles querem demonstrar carinho, fazendo sentir-se em casa, chamando logo de parente (o mesmo que cara ou irmão), mostrando a cidade e seus talentos com orgulho. Afinal, Parintins é repleto de personalidades e de mitos como seu Valdir Viana, famoso curandeiro; Dona Maria Ângela, a mulher que tem a casa e os objetos todos em vermelho em homenagem ao boi Garantido, ou até o sábio e folclorista Simão Pessoa, praticamente o engenheiro intelectual do bumba Caprichoso.

É dessa gente cheia de magia, que encanta quem a visita, é dessa festa repleta de surpresa que faz qualquer um se apaixonar e inspirar até falar por ela, na mais simples tradução de dividir seus sentimentos com outras pessoas.

Como indica Darcy Ribeiro (1968), as novas culturas populares nascem do entrelaçamento entre o novo e o arcaico, de acordo com o contexto histórico, político, social e econômico. Desta forma, o óbvio aconteceu com o boi-bumbá na Amazônia e especificamente em Parintins, ele se transformou incorporando, ou dando ênfase em elementos do cotidiano amazônico.

1.2        PROBLEMA

        Que influência tem o festival de Parintins na vida do cotidiano das pessoas?

1.3         Objetivos

Descrever e identificar em o quê o festival influencia na vida do cotidiano das pessoas.

1.3.1         Objetivos específicos

  • Examinar a etnografia como fontes documentais e bibliográficas;
  • Transcrever a historia transmitida pela oralidade de seus frequentadores;
  • Investigar o papel dos bois no contexto histórico cultural da região amazônica;
  • Pesquisar as comunidades relacionadas ao movimento bovino nas redes sociais.

2         JUSTIFICATIVA

Não são apenas 03 dias de festas, o calendário bovino é o ano todo, quando acaba um festival no dia 1 de julho com o resultado do campeão, e posterior comemoração e carreata da vitória, do outro lado também, tem a passeata da derrota, para contabilizar os prejuízos e rever os erros para o próximo ano e algumas semanas depois, depois dos festejos da padroeira da cidade já começa de novo a preparação para outro festival no ano que vem.  

Esse trabalho tentar mostrar o ser social frente aos momentos pós-festival folclórico de Parintins, e o ano todo, seus bastidores e até o pré-festival de Parintins quando começa tudo de  novo.

O festival folclórico de Parintins reflete a sabedoria e a habilidade do parintinense de misturar ingredientes certos, nas quantidades certas, nos momentos certos: criatividade, ousadia, tradição, inovação, resgate, conflito, conciliação, equilíbrio, instabilidade, emoção, entra tantos outros. Muitos desses ingredientes, aparentemente antagônicos e contrários, quando manipulados pelos bois de Parintins, no entanto, produzem uma explosiva fórmula de sucesso onde enfrenta desafios, quebra paradigmas e busca soluções que levaram à sua plenitude maturidade e que, certamente, o conduzirão a um futuro ainda mais promissor. Como nos conta Simão Assayag, historiador e folclorista:

É sobretudo uma festa de integração onde parintinenses e visitantes nivelam-se, social e espiritualmente, numa harmonia abençoada por Tupã e todos os credos. É um ponto de encontro regional de amigos e parentes que há muito não se via. É a alegria de um povo insular, criativo e cooperativo que vibra ao se comunicar com o estrangeiro que o vem visitar. (Assayag, p.94, 1995).

     

O espetáculo encenado por Caprichoso e Garantido é a sequencia de inesperados piques de emoção que explodem na plástica das alegorias ricas em mitos e crendices, que surgem ora dos céus, ora dos portais, por vezes das arquibancadas, exibindo a magia de nossos rios, florestas e animais. Caprichoso e Garantido é ao mesmo tempo contrários, porém disputam cada noite acirradamente pra ver quem é melhor em arte, músicas, alegorias, criatividade e folclore, sendo muito equilibrada que só os mínimos detalhes fazem a diferença e que se completam no semblante do visitante que transborda em felicidade. Segundo o autor Sergio Ivan Gil Braga em seu livro Os Bois-Bumbá de Parintins:

O festival folclórico de Parintins é considerado por seus cultuadores como “um dos maiores espetáculos da terra”. É difícil avaliar o sentido dessa afirmação, embora seja possível reconhecer que observações semelhantes são feitas ao Rio Amazonas, como “o maior rio do mundo”, ou à floresta amazônica é o “Pulmão da humanidade”, ou seja, existe uma tendência entre as pessoas da região em destacar as potencialidades naturais da região e por analogia a festa do boi, convidando as pessoas de outras localidades para que venham conhecer a Amazônia e Parintins. (Braga, 2002: 21).

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