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A CIÊNCIA ENTRE A RAZÃO E A EXPERIÊNCIA

Por:   •  1/7/2020  •  Resenha  •  1.413 Palavras (6 Páginas)  •  149 Visualizações

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A CIÊNCIA ENTRE A RAZÃO E A EXPERIÊNCIA

Michael de Oliveira

BACON, Francis. Novum Organum. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/ norganum.pdf. Acesso em: 13 mar. 2020.

DESCARTES, René. Discurso do Método. Tradução: Maria Ermantina Galvão. 3ª. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

        Francis Bacon e René Descartes foram contemporâneos do período da modernidade e ocuparam-se com a formulação de um método científico eficaz para explicar, por meio das leis da natureza, o homem e suas relações.

        Bacon nasceu em 1561 e faleceu em 1626, foi filósofo, político e cientista. Já Descartes nasceu em 1596, vindo a falecer em 1650, tendo por ocupação a filosofia, a matemática e a física. A atribuição da criação do método científico é creditada, por regra, a Descartes, entretanto sua origem é um tanto mais profunda, vindo a firmar raízes no pensamento de Bacon.

        Em meados do século XVII a ciência ainda era muito influenciada pela escolástica, é nesse contexto que se encontram Bacon e Descartes. Ambos apresentaram dura oposição à própria escolástica visando a viabilidade do progresso da ciência. A escolástica desempenhou forte poder e influência no pensamento científico pela sugestão de que a teologia era necessária para que a população pudesse compreender as escrituras sagradas, para tanto era necessário que houvesse um intérprete, por isso a importância da figura do religioso naquela espécie de comunidade.

        Era esta a experiência com que a ciência dialogava e do qual era fortemente influenciada. Bacon e Descartes surgem para protocolar uma oposição a esta obscuridade científica, onde haveria um indivíduo que se colocava como distinto dos outros obtendo o poder de diferenciar e compartilhar as “verdades” apenas entre os “melhores”.

        No Discurso do Método, em sua primeira parte, Descartes já se posiciona contrariamente à distinção de indivíduos que estavam em posição de interpretes, como já mencionado, afirmando que o bom senso deve ser distribuído de forma equitativa entre os homens. Bacon é enfático ao afirmar, no Novum Organum, que os homens distorcem as escrituras e tendem a agradar a Deus através da mentira, tal dito expõe o descontentamento deste autor em relação ao pensamento escolástico.

        A partir deste pensamento surge a necessidade de alicerçar a ciência com uma nova forma de pensar que consiga se diferenciar da ideia escolástica, donde apartava-se qualquer possibilidade de questionamento. Ambos os autores concordam com a necessidade de garantir o progresso da ciência, sendo que a sustentação de cada um possuía pontos em comum, questões coincidentes em relação ao objetivo que se esperava da nova ciência.

        Bacon, no Novum Organum, apresenta em forma de ídolos os embaraços relacionados ao progresso do conhecimento. Já no Discurso do Método, Descartes retoma um pensamento, que retoma Sócrates, onde apresenta que, por estar frente a tantas dúvidas e perceber tantos erros, mesmo tendo instrução oriunda dos melhores educandários, se percebeu mais ignorante.

        Em ambos os autores percebe-se a ideia de duplo registro em relação aos sentidos, onde passa a ter a necessidade de instrumentalização da ciência para que nenhum preconceito possa interferir em um resultado estritamente científico, desta forma se evitaria o engano. Portanto, ambos preocuparam-se em posicionar a limitação humana tendo em vista o avanço da ciência. Em Bacon, tal fato resultaria da filosofia natural enquanto fundamento, ao passo que para Descartes isto se justifica com o uso da razão.

        A lógica silogística, para Bacon, se torna fator de inutilidade do que se refere às novas ciências. Descartes concorda com tal opinião uma vez que se posiciona de maneira similar ao afirmar que, mesmo que haja bons preceitos, a lógica silogística coloca outros preceitos que se apresentam com nocividade ao estarem colocados junto aos primeiros.

        Interessante destacar que Bacon considera que o acaso foi critério de descoberta de diversos inventos que estão inseridos na realidade em que o cidadão vive. Portanto conclui que se algumas verdades da natureza conseguiram ser evidenciadas pelo acaso, outras tantas poderiam tomar forma quando um novo método se apresentar.

        Fica claro que, tanto Bacon quanto Descartes, estão ocupados com diversos pontos em comum, como a lógica silogística como algo estéril, o assentimento sem qualquer fundamentação, a multiplicação da ideia de filosofias sem nexo, dentre outros. Ao seu modo, cada um, Bacon e Descartes, propõe uma reestruturação desde bases novas que conte com métodos, da mesma forma, novos, sempre visando o progresso científico. Desta forma a ciência tomaria um rumo de uso técnico e natural deixando de ser unicamente contemplativa.

        Em Bacon encontramos o dito de que, além da busca de uma quantidade maior de experimentos, há a necessidade de se introduzir um novo método visando a promoção da experiência. No mesmo passo, Descartes coloca que nada se consegue construir de sólido enquanto baseados em fundamentos movediços. Desta forma ambos evidenciam a necessidade do método.

        Entretanto o método proposto por ambos diferenciava-se, não se identificavam um com o outro. Na medida que Descartes propunha um método racionalista, onde o saber estivesse relacionado essencialmente com a razão, o método proposto por Bacon estava pautado na experiência, onde o conhecimento deve ser oriundo da filosofia natural pelo fato de que é dali que se notam as experiências.

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