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A Cultura De Um Grupo Desviante: O Músico De Casa Noturna

Por:   •  29/11/2023  •  Projeto de pesquisa  •  1.805 Palavras (8 Páginas)  •  28 Visualizações

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MÚSICA E SOCIEDADE

Discente: Edmilson Bruno do Nascimento

Capítulo: A cultura de um grupo desviante: o músico de casa noturna

Autor: Howard Becker

Palavras-chave: Outsiders, sociologia do desvio, músicos de casa noturna, carreira desviante.

TÓPICOS:                        CITAÇÕES:                                  COMENTÁRIOS:

Outsiders

Cultura –

Concepção antropológica

Cultura –

Concepção do desvio

Subculturas

Perspectiva Outsiders Visão do “Eu”

Visão externa “feita pela sociedade”

 

O Músico e o Quadrado

Reações ao conflito –

Jazzman e os músicos comerciais

Isolamento e Autossegregação

Carreira desviante – impositivos econômicos, sociais, estéticos.

Panelinhas e sucesso

Pais e esposas

“Embora suas atividades estejam formalmente dentro da lei,
sua cultura e o modo de vida são suficientemente extravagantes
e não-convencionais para que eles sejam rotulados de outsiders
pelos membros mais convencionais da comunidade.” (p. 89)

“Ao falar de ‘cultura’, temos em mente os entendimentos convencionais, manifestos em ato e artefato que caracterizam as sociedades. Os ‘entendimentos’ são os significados atribuídos a atos e objetos. Os
significados são convencionais
 e portanto culturais, à medida que
se tornaram típicos para os membros dessa sociedade
 em razão da
intercomunicação entre si. Uma cultura é, por conseguinte, uma
abstração: ê o conjunto de tipos ao qual tendem a se conformar
os significados que os diferentes membros da sociedade
 atribuem
a um mesmo ato ou objeto. Os significados são expressos em
ações e nas produções de ações, a partir dos quais o inferimos podemos assim identificar também a ‘cultura’ como a medida
que o comportamento convencional dos membros da sociedade é o mesmo para todos” (HUGHES, apud BECKER, p. 89-90)

“Mas o termo, no sentido de uma organização de entendimentos comuns aceitos por um grupo, é igualmente aplicável aos grupos menores que compõem uma sociedade moderna, complexa, grupos étnicos, religiosos, regionais, ocupacionais.” (p. 90)

“Pessoas que se envolvem em atividades consideradas desviantes enfrentam tipicamente o problema
de que sua concepção a respeito do que fazem não é partilhada por outros membros da sociedade (...) Quando pessoas que se envolvem em atividades desviantes têm oportunidade de interagir, é provável que desenvolvam uma cultura constituída em torno dos problemas decorrentes das diferenças entre sua definição do que fazem e a definição adotada
por outros membros da sociedade. Elas desenvolvem perspectivas sobre si mesmas e suas atividades desviantes e sobre suas relações com outros membros da sociedade.”

(p. 90-91)

“(...) ‘quadrado’ (...) [palavra] utilizada como substantivo e adjetivo, denotando tanto um tipo de pessoa quanto uma qualidade de comportamento e objetos. Refere-se ao tipo de pessoa que é o oposto do que todo músico é, ou deveria ser; é uma maneira de pensar, sentir e se comportar (com sua expressão em objetos materiais) oposta àquilo que os músicos apreciam.” (p. 94)

“Essa atitude é generalizada num sentimento de que os músicos
são diferentes de outros tipos de gente e melhores que eles, não
devendo assim estar sujeitos ao controle de outsiders em qualquer esfera da vida, em particular em suas atividades artísticas (...) Um extremo dessa concepção é a crença de que somente músicos são sensíveis e não-convencionais o bastante para conseguir dar verdadeira satisfação sexual a uma mulher.” (p. 95)

“(...) o desejo de auto-expressão [sic] de acordo com as crenças do grupo de músicos e o reconhecimento de que
pressões externas podem forçar o músico a se privar de satisfazer esse desejo.”

“Os músicos são hostis a seus públicos, temerosos de ter de sacrificar seus padrões artísticos aos quadrados. Eles exibem certos padrões de comportamento e crença que podem ser considerados ajustes
a essa situação. Esses padrões de isolamento e auto-segregação [sic] são expressos na situação real de execução musical e na participação no intercurso social da comunidade mais ampla.
A principal função desse comportamento é proteger o músico da interferência
do público quadrado e, por extensão, da sociedade convencional.
Sua principal conseqüência [sic]
é intensificar o status do músico como um outsider, por meio da operação de um ciclo de desvio crescente que, por sua vez, aumenta as possibilidades de dificuldades adicionais. Em regra, o músico está espacialmente isolado do público.
Trabalha sobre uma plataforma, que fornece uma barreira física e
impede a interação direta. Esse isolamento é bem-vindo, porque o
público, composto de quadrados, é sentido como potencialmente
perigoso.
O músico teme que o contato direto com o público só
possa levar a interferência na execução musical.” (p. 105)

Conceito de carreira segundo Hughes:

“objetivamente [...] uma série de status e funções claramente definidos [...] seqüências típicas de posição, realização, responsabilidade e até de
aventura.... Subjetivamente, uma carreira é urna perspectiva móvel em que uma pessoa vê sua vida como um e interpreta o significado de seus vários atributos, ações e as coisas que lhe acontecem” (HUGHES apud BECKER, p. 111).

“As ‘panelinhas’ são unidas por laços de obrigação, os membros
apadrinham-se uns aos outros na obtenção de empregos, seja
contratando-se uns aos outros quando têm poder para tanto,
seja recomendando-se uns aos outros para aqueles que fazem as
contratações para uma orquestra.
A recomendação é de grande
importância, pois
é assim que indivíduos disponíveis tornam-se conhecidos pelos que contratam; a pessoa desconhecida não será
contratada, e o pertencimento a essas ‘panelas’ assegura a um
músico que ele tem muitos amigos que o recomendarão para as pessoas certas.” (p. 114)

“Na maioria dos casos, a família ou os amigos desempenharam um importante papel imaginando o perfil da carreira e reforçando os esforços dos recruta. Proporcionaram esse reforço encorajando, ajudando a estabelecer as rotinas apropriadas, propiciando a privacidade necessária, desestimulando o comportamento anômalo e definindo as recompensas do dia-a-dia” (HALL apud BECKER, p. 124).

Outsider: Aquele que se desvia das regras do grupo, não somente um erro, mas alguém que é totalmente fora do grupo. Embora dentro da lei (das regras), o modo de vida é outsiders, o indivíduo que se desvia de uma regra imposta! Em uma visão cientifica caracteriza-se um outsider aquele que possui alguma patologia responsável por tomar um determinado ato desviante necessário...

Falência da noção de fato social: Existe um padrão social e todos devem se portar a partir desse padrão.

Em sociedade, no ponto de vista da ordem pública, se precisa seguir certos padrões sociais para manter uma certa organização da sociedade como um todo.

CULTURA É UM CONJUNTO DE ENTENDIMENTO COMUM

A cultura é o conjunto de significados convencionais que os membros de uma sociedade atribuem a ações e objetos. Esses significados, estabelecidos através da interação social, moldam a maneira como diferentes pessoas interpretam e agem em relação a elementos comuns. A cultura se manifesta nos padrões de comportamento e na produção derivada desses significados, influenciando as percepções e compreensões individuais.

Segundo o autor, desvio é criado pela própria sociedade, afinal não é a qualidade do ato em si que importa, mas sim as consequências de aplicação de regras....  Assim sendo, existe uma relatividade na prática de um ato. De acordo com Becker, o ele depende de quem o comete e de quem se sente prejudicado...

CULTURA - um grupo de pessoas que tem parcialmente uma vida comum com um pequeno grau de isolamento.

  • A cultura surge essencialmente em resposta a um problema enfrentado em comum por um grupo
  •  Pessoas que se envolvem em atividades desviantes atravessam o problema de que sua concepção de mundo não é partilhada por outros membros da sociedade
  • Culturas desviantes são chamadas de subculturas

A perspectivas acerca dos Outsiders possui duas vertentes:
1. Visão que os outsiders têm de si mesmos e de suas atividades desviantes

2. Visão que os não-outsiders tem de outsiders e suas atividades desviantes

Os termos "músico" e "quadrado" [square] se referem a conceitos que separam aqueles que são músicos e aqueles que são públicos...

  • O termo "quadrado" se refere a um tipo de pessoa ou a qualidades de comportamentos e objetos.

> o termo é utilizado pelos músicos para se referir ao oposto do modo como um músico deveria pensar, sentir e se comportar

  • Os músicos acreditam que não tem a obrigação de imitar o comportamento convencional dos quadrados
  • O quadrado é visto como uma pessoa sem dom especial, considerado
    ignorante e intolerante

> o quadrado transforma tudo em algo errado, risível e ridículo...

  • Os Jazzman enfatizam o desejo de autoexpressão de acordo com as
    crenças do grupo do músico.

> acredita que deve fazer a audiência com intensidade, mas não se submete a ela.

  • Os músicos comerciais reconhecem que pressões externas podem forçar
    o músico a se privar de satisfazer seu desejo como músico.

> considera o público quadrado, mas prefere sacrificar o autorrespeito e o respeito de outros músicos por conta das
recompensas substanciais do trabalho estável como renda maior e prestígio.

  • A função do comportamento de isolamento é proteger o músico da
    interferência do público quadrado e da sociedade convencional.
  • A manifestação desse comportamento serve como forma de intensificar o status do músico como outsider.
  • Uso de linguagem comum e terminologia adequada.
  • Uso de expressões simbólicas

> Definição objetiva: entende carreira como sequencias de posição, realização e responsabilidade do indivíduo para com a sociedade...

> Definição subjetiva: entende carreira sob uma perspectiva em que a pessoa vê sua vida como um todo...

Diferentemente do mundo dos "quadrados", no mundo dos músicos, o sucesso na carreira é visto como um movimento através de uma hierarquia de empregos disponíveis, onde impositivos econômicos, sociais, estéticos formulam e gerenciam a construção desta carreira, desde posições mais baixas como músicos de pequenos bailes e recepções, a mais alta classe, de músicos que tocam em grandes bandas reconhecidas! Como também as redes de estratégias para sobreviver, com os impositivos individuais.

 

No intuito de obter empregos estáveis, caberá ao músico pertencer as ‘panelinhas’, estar dentro da lista de indicação, pois estas o guiarão ao sucesso...

Não basta apenas estar em uma panelinha para obter sucesso, este só virá se houver um bom desempenho do próprio músico.

> O acesso as ‘panelinhas’ deve ser conquistado!

Relevância da família na carreira do músico: O autor menciona que este pertencimento vincula naturalmente o indivíduo ao mundo dos quadrados.

A convivência com familiares pode ter consequências desastrosas para a sua carreira.

O medo da irregularidade da profissão em famílias de classes mais baixas em contraposição com a ideia de levar uma vida boemia em famílias de classes mais altas podem ser fatores decisivos para a desistência do músico em seguir esta profissão ou o próprio casamento...

> Músicos com maiores responsabilidades familiares e preocupações financeiras tendem a levá-lo a desistência da carreira...

...

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