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A Epistemologia da ciência

Por:   •  28/11/2017  •  Resenha  •  1.689 Palavras (7 Páginas)  •  286 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
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CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

DISCIPLINA EPISTEMOLOGIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS – 4º PERÍODO

PROFESSOR: ANTONIO MACEDO

ALUNO: RUY CAVALCANTE DE OLIVEIRA SOBRINHO

10.04.2017

Trabalho final. Síntese textual.

Referência:

MORIN, Edgar. O conhecimento do conhecimento científico. In: MORIN, Edgar, Ciência com consciência, cap. 2. Tradução de Maria de Alexandre e Maria Alice Sampaio Dória – Ed. Revista e modificada pelo autor 4ª ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000, p. 37 a 93.

Capítulo 2 – O conhecimento do conhecimento científico

Edgar Morin realiza nesse capítulo uma exposição, partindo dos problemas do conhecimento cientifico que havia anteriormente destacado, tomando como ponto de partida as discussões propostas pelos positivistas do Circulo de Viena. Segundo ele, tais cientistas, lógicos e matemáticos viam a ciência como modelo e levantaram o seguinte problema:

O que é a ciência?

Eles acreditaram ter encontrado um fundamento e este fracassou (MORIN, 1998, p. 38). Seguem os tópicos principais dessa abordagem:

  • Segundo Whitehead nenhum sábio poderia endossar sem reservas as crenças de Galileu, ou as de Newton e nem mesmo todas as suas próprias crenças científicas de dez anos atrás. (p. 38) Pois, a cientificidade não se define pela certeza, mas sim pela dúvida.
  • Tomando o principio dos positivistas do Circulo de Viena, mas diferenciando-se deles Karl Popper apresenta significativas contribuições no campo científico ao afirmar que “O que prova que uma teoria é científica é o fato de ela ser falível e aceitar ser refutada.” Ele disse: “Não basta que uma teoria seja verificável, é preciso que ela possa ser falsificada.” (p. 38)
  • Não é suficiente que uma tese seja verificada para ser provada como lei universal; (...) é preciso que possamos testá-las e que, efetivamente, possamos refutá-la. (p. 39)
  • Nenhuma teoria cientifica pode ser provada para sempre ou resistir para sempre à falseabilidade.  (p. 39)

Depois de Popper, surgiram todos os problemas que o positivismo lógico pensava ter resolvido (p. 39).

  • O que entra em cena agora é a questão da objetividade, que se apresenta nas teorias cientificas como absolutamente incontestável. Uma teoria se fundamenta em dados objetivos, mas não é objetiva em si mesma.  
  •  A objetividade é o resultado de um processo crítico desenvolvido por uma comunidade/sociedade científica num jogo em que ela assume plenamente as regras.  
  • Para Popper a objetividade dos enunciados científicos reside no fato de eles poderem ser intersubjetivamente submetidos a testes.
  • Popper acrescenta que “a ciência é a aceitação pelos cientistas de uma regra do jogo absolutamente imperativa.” (p. 40)

O trabalho do cientista é uma atividade seletiva a classificatória.

A teoria científica é uma atividade organizadora da mente, que implanta as observações e que implanta, também o diálogo com o mundo dos fenômenos. (p. 43)

A atividade científica mobiliza muito a imaginação do cientista, e por isso há crenças e experimentos não testáveis ao lado das teorias.

Neste sentido, Holton fez alguns estudos sobre o tema da imaginação científica e propôs a noção de themata, que é uma preconcepção fundamental, estável, largamente difundida e que não se pode reduzir diretamente a observação e ao cálculo analítico. Os themata têm a característica de estimular a curiosidade e a investigação do pesquisador.

Os cientistas que são impulsionados por themata sentem um tipo de gozo quando acham que o universo responde à intenção que os incita.

Com base nisto, Thomas Kuhn trouxe a noção de paradigma, que é aquilo que está no princípio da construção das teorias, é o núcleo obscuro que orienta os discursos neste ou naquele sentido.

As grandes mudanças de uma revolução científica acontecem quando um paradigma cede seu lugar a um novo paradigma, há uma ruptura de uma teoria para outra.

Mudamos de universo quando passamos do universo newtoniano para o universo einsteiniano, quando passamos do einsteiniano para o universo da física quântica.

Então percebemos que a história das ciências, assim como a história das sociedades, conhece e passa por evoluções.

Neste contexto Lakatos traz a ideia do conceito de programas de pesquisa. Na concepção de Lakatos existem grupos de teorias ligadas, umas às outras, por princípios e postulados comuns.

  • Então, teoria, themata, programa de pesquisa, paradigma etc. são noções que introduzem na cientificidade os elementos aparentemente impuros mas, repito, necessário ao seu funcionamento.
  • Desde o século XIX, o desenvolvimento da ciência está ligado ao desenvolvimento de uma nova camada social, a intelligentsia científica dos sábios e pesquisadores. (p. 41)

Diferentes tipos de conhecimento científico

  • Existem tipos diferentes de conhecimento científico; diferentes porque são impulsionados por interesses diferentes. Há o interesse técnico (domínio da natureza), o interesse prático (o controle, especialmente da sociedade) e o interesse reflexivo (quem somos, o que fazemos?).
  •  O interesse reflexivo motiva a emancipação dos homens, enquanto os outros interesses conduzem à dominação e a sujeição.
  •  Hanson, diz que “qualquer ato específico de descoberta traz consigo a capacidade de considerar o mundo da realidade sob uma nova luz (...)”. (p. 48)

Peirce e a invenção das hipóteses explicativas

  • Indução e dedução como insuficientes. Para compreender o desenvolvimento do pensamento a noção de abdução era indispensável.
  • Problemas de estratégia na pesquisa: o inventor é imprevisível e relativamente autônomo com o próprio meio científico. Sempre foi assim. De maneira que, se a invenção fosse programada, não existiria.
  • Ex.: Newton descobriu a gravidade pelas circunstâncias da Universidade fechar as portas e ele ter de ficar vagando, olhando as macieiras.
  • “Quando pensamos na pesquisa com suas atividades da mente, com o papel da imaginação e o papel da invenção, nos damos conta de que as noções de arte e de ciência, que se opõem na ideologia dominante, têm algo em comum. Chegamos a essa ideia por um meio inesperado, o da inteligência artificial, na qual de alguma forma, graças aos atuais sistemas especializados, centralizou-se a ideia de G.P.S. (General Problem Solver - Solucionador de Problemas em geral)”.  p.50-51

Evolução científica

  • Popper fez uma teoria “darwiniana” da evolução teórica; Kuhn fez uma oposição a esse evolucionismo com um revolucionismo, operado pelas mudanças de paradigmas, onde o “dominante” tem cada vem mais dificuldade em dar conta dos fenômenos observáveis.
  • A evolução é mais complexa.

A ciência

  • “... está sempre em movimento, em ebulição e, talvez, o próprio fundamento de sua atividade [...] é ser impulsionada por um poder de transformação. É preciso abandonar a ideia [...] do progresso linear das teorias que se aperfeiçoam mutuamente.” (p. 52)
  • É o conflito entre pontos de vista (teorias) que fundamenta e expressa a vitalidade e o desenrolar da ciência, seja de maneira evolutiva, evolucionista, revolucionante ou revolucionária.  
  • “... A ciência é um lugar onde se desfraldam os antagonismos de ideias, as competições pessoais e, até mesmo, os conflitos e as invejas mais mesquinhas.” (p.52)
  • “O conflito é fecundo e podemos dizer que a ciencia está fundamentada na complexidade do conflito: ela tem quatro pernas, independentes entre si: empirismo e racionalismo, imaginação e verificação”. (p.53)  
  • Assim: motor da ciência é feito de oposições.
  • Simultaneamente: unitária e diversificante, estabelece fronteiras e barreiras, funda-se em compartimentos e separações entre disciplinas.
  • A respeito dessa dialética e/ou dialógica de uma atividade científica: “As grandes teorias são teorias que fazem a unidade onde só se vê heterogeneidade. De um lado, a ciência divide, compartimenta, separa e, do outro, ela sintetiza novamente, ela faz a unidade”. (p. 53)

Ciência como comunidade/sociedade

  • Fenômeno normal a todas as sociedades organizadas;
  • Trata-se de uma comunidade epistemólogica unida por princípios fundamentais comuns (objetividade, verificação e falsificação) que aceita as regras do jogo e está inscrita numa mesma tradição histórica com o mesmo ideal de conhecimento.

Ciência e democracia

  • A natureza da democracia consiste na aceitação das regras de um jogo onde os conflitos de ideias são produtivos e a ciência se pauta numa verdade não-absoluta, mas sim provisória e sucessiva.  
  • Na democracia, propriamente científica, a regra é a investigação, onde o “papel positivo” do negativo eclode via refutação de erros. Assim, o falibilismo torna-se a marca da ciência.  
  • A regra do jogo científico é institucional e mental, simultaneamente. Ela é garantida pelas instituições -  beneficiadas com as grandes descobertas igualmente a sociedade moderna – mas antes o próprio sistema detestava a democracia e a ciência por constituir-se meio de debate em sua pluralidade.

Algumas ideias conclusivas

  • 1ª: Devemos continuar a considerar a ciência como uma atividade de investigação e de pesquisa.
  • “A ciência não é só isso e, constantemente, ela é submergida, inibida, embebida, bloqueada e abafada por efeito de manipulações, de prática, de poder, por interesses sociais etc. Ela continua sendo uma atividade cognitiva.” (p.58)
  • 2ª: A ciência não é uma operação de verificação das realidades triviais, ela é a descoberta de um real escondido.
  • A ideia de certeza teórica enquanto verdade absoluta deve ser abandonada.
  • Para que haja uma aproximação e um diálogo entre a inteligência do homem e a realidade ou a natureza do mundo, são precisos sacrifícios enormes [...] a objetividade científica não exclui a mente humana, o sujeito individual, a cultura, a sociedade: ela os mobiliza [...] se fundamenta nos poderes construtivos de fermentos socioculturais e históricos.  (p. 58)
  • 3ª: A ciência como impura.
  • “A ciência não só contém postulados e themata não-científicos, mas que estes são necessários para a constituição do próprio saber científico, isto é, que é preciso a não-cientificidade para produzir a cientificidade, do mesmo modo que, sem cessar, produzimos vida com a não-vida.”
  • “É preciso desinsularizar o conceito de ciência. Ele só precisa ser peninsularizado, isto é, efetivamente, a ciência é uma península no continente cultural e no continente social.” (p. 59)

Antes da intervenção final presente no texto, Morin finalmente conclui sua exposição com as seguintes assertivas:

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