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A Pobreza Nos Vales De Jequitinhonha E Mucuri : Um Estudo De Caso Na ASCANOVI

Artigo: A Pobreza Nos Vales De Jequitinhonha E Mucuri : Um Estudo De Caso Na ASCANOVI. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  10/3/2015  •  3.092 Palavras (13 Páginas)  •  483 Visualizações

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A POBREZA NOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI: UM ESTUDO DE CASO NA ASCANOVI

Camille Gonçalves

Elane Gomes

Jéssica dos Reis

Manuelle Nick

Maricléia Lisboa

Marielle Riveres

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como tema central a pobreza. Como recorte foi realizado um estudo de caso em uma associação de catadores de materiais recicláveis localizada na cidade de Teófilo Otoni – MG, o contexto de trabalho e de vida dos associados.

O artigo tem como objetivo contextualizar o termo pobreza a partir de um estudo bibliográfico das origens da pobreza. Posteriormente na segunda parte do artigo será desenvolvido um estudo bibliográfico sobre a pobreza no capitalismo e, por fim, na terceira parte do artigo será o descrito o estudo realizado na ASCANOVI, Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis Nova Vida de Teófilo Otoni, relacionando esse estudo aos referenciais encontrados pelos pesquisadores do termo pobreza.

1.1. A historicidade da pobreza

Segundo Rahnema (2000) a trajetória do conceito de pobreza se apresenta como um problema social que se desenvolveu a partir da evolução da economia mercantil, das transformações ocorridas no meio urbano, proporcionando a uma pobreza intensa.

Antes desse período, a pobreza, na idade média, por exemplo, era considerada como algo natural e divino, no qual, se um individuo nasceu pobre, isso se devia a vontade de Deus, e não havia ascensão social para esse individuo, ou seja, quem nascia pobre “morria pobre”. Até mesmo contestar a pobreza era considerado heresia. (Cassini, 2010)

Com a transição da idade média para a idade moderna ocorre o fenômeno da desfiliação dos pobres e o que também pode ser chamado de desnaturalização da pobreza. Em relação a desfiliação os pobres migram em busca de novos postos de trabalho, desvinculando-se dos seus laços sociais tradicionais e de seus locais de origem. (CASSINI, 2010)

Com o surgimento do capitalismo e a migração dos indivíduos do meio rural para o meio urbano os pobres começaram a pertencer à classe dos “menos favorecidos” em relação à falta de bens e posses que os ricos conseguiam almejar.

Segundo Mocelin (2010), na transição da sociedade feudal para o capitalismo, a pobreza é uma separação entre os sujeitos menos e mais favorecidos em termos capitalistas, e a aquelas que não se encaixam em nenhum desses perfis, pois são pessoas que possuem uma carência maior e necessidades especificas. Para essas pessoas que não possuíam nem mesmo os meios para a sua própria subsistência a ajuda era dada principalmente pela Igreja Católica, por meio das damas de caridade.

Essa divisão entre pobres e ricos, ou entre burguesia (detentora dos meios de produção) e proletariado (vendedores da força de trabalho aos burgueses), ou então, classes sociais, passa a existir a partir da ascensão e consolidação do capitalismo como sistema econômico vigente, levando ao início de diferenciações e de acesso a bens e serviços pela população.

O que determina as condições de pobreza são as desigualdades sociais vividas pela população e não remete somente a questão da renda, mas em todos os aspectos que giram em torno de uma estrutura social, econômica e cultural. Portanto, a pobreza está vinculada a falta de acesso a essas questões, ocasionando uma condição de instabilidade financeira e sociocultural, no qual impõe essas pessoas a serem exploradas no seu ambiente de trabalho. (SILVA, 2008)

1.2 A pobreza no capitalismo

Desde o nascimento do capitalismo a pobreza atraiu o interesse intelectual e político, fazendo com que governos e grupos dirigentes tivessem que definir as necessidades dos pobres em relação a suas rendas. Em tempos prévios à Revolução Industrial, na Inglaterra e na Europa, dirigentes de pequenas áreas – como paróquias, por exemplo – desenvolviam formas de alívio voltadas aos pobres que viviam dentro e fora de suas instituições. Posteriormente, no período de industrialização no século XIX, este tipo de iniciativa passou a ser insuficiente, pois a miséria explodia na classe trabalhadora urbana (CODES, 2008. p. 12).

O capitalismo é um tipo de sociedade que tem como base a expropriação dos meios de produção, a exploração da força de trabalho do trabalhador sendo que esses dois fatores resultam na acumulação de capital, através da mais valia que é o valor excedente não pago ao trabalhador que se concentra nas mãos dos capitalistas. (TELLES, 1993)

A autora Vera Telles diz que:

“Portanto”, mesmo com os avanços ocorridos desde a Revolução Industrial, que inseriu as indústrias para melhorar a economia do país trazendo consigo inovações tecnológicas e avanços no meio urbano há nessa sociedade um nível alto de pobreza e que está em constante crescimento. (Telles, 1993)

Isso ocorre por meio do processo do capitalismo, que é mantido pelas relações coisificadas (fetichismo da mercadoria), no qual o trabalhador é visto como mercadoria, e que necessita vender sua força de trabalho em troca de um salário para sobreviver, porém o “motor” que impulsiona essa sociedade é o exército industrial de reserva, ou seja, esse exército é o principal responsável pelo movimento capitalista.

Para ter mais clareza do assunto é interessante exemplificar: há mais força de trabalho a ser vendida do que necessita o mercado, fazendo com que uma grande parte da população integre esse exército, assim o capitalista se vê em uma posição confortável, pois, haverá sempre pessoas aptas para substituir os outros.

Para Marx

A acumulação capitalista tem relação com a questão social. A lei geral da acumulação capitalista, enunciada por Marx demonstra isso: "Quanto maiores à riqueza social, o capital em funcionamento, o volume e a energia de seu crescimento, portanto também a grandeza absoluta do proletariado e a força produtiva do seu trabalho, tanto maior o exército industrial de reserva. A força de trabalho disponível é desenvolvida pelas mesmas causas que a força expansiva do capital. A grandeza proporcional do exército industrial de reserva cresce, portanto, com as potências da riqueza. [... E] quanto maior, finalmente, a camada

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