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Resenha: Os Ensaios - Dos Canibais (Montaigne)

Por:   •  13/4/2015  •  Resenha  •  975 Palavras (4 Páginas)  •  4.873 Visualizações

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Resenha Crítica

Obra: Os Ensaios, Livro I, Capítulo XXXI – Dos Canibais         

Autor: Michel de Montaigne (1533-1592)

Os Ensaios – Dos Canibais

        O texto se apresenta com uma linguagem um tanto complexa, e exige do leitor mais de uma leitura para que se inicie a absorção do conteúdo. A obra interpreta e compara os diferentes mundos que se apresentam. O Velho e Novo Mundo são colocados frente-a-frente em todos os aspectos que compõem uma sociedade humana. A primeira vista acredito ser errôneo classificar uma estrutura social “superior” a outra, pois ambas mostram complexidade quanto ao funcionamento da mesma.

        Ao se dispor a estudar toda a estrutura social do então “objeto de estudo” que aparece no texto, eu evidencio uma passagem no mesmo que considero a chave para o início de todo o processo do estudo antropológico: “(...) Isto prova que nos devemos guardar das opiniões vulgares e julgar pelo caminho da razão e não pela voz geral.”. A partir desse posicionamento, nos despindo de nossos preceitos, preconceitos, dogmas e todos os demais juízos de valor, se torna possível um estudo antropológico mais fidedigno.

        No início do texto, o autor descreve com o maior detalhamento possível (e em minha opinião, com deslumbre), a extensão territorial, as riquezas naturais evidentes e de um ponto de vista bélico, a relevância quanto ao posicionamento para a costa e as proteções naturais montanhosas quanto às possíveis invasões vindas do interior do novo continente. A primeira descrição do habitante desse novo mundo tentou ser mais clara possível, descrito como “(...) simples e rude”, mas sem um tom pejorativo inicial. “(...) creio que não há nada de bárbaro ou selvagem nessa nação, a julgar pelo que me foi referido;”, diz o autor em sua defesa.

        O conceito de barbárie então é apresentado, que na visão do autor o classificado bárbaro “(...) o que é alheio aos nossos costumes”, uma vez que “(...) não temos da verdade e da razão outro ponto de referência que o exemplo e a ideia das opiniões e usos do país a que pertencemos.”. E expõe de forma propositiva a inversão do valor do que seria selvagem, enaltecendo o naturalismo de tudo aquilo que ainda não foi modificado pela sociedade.

        Por fim então o exercício da antropologia prática. A comparação é inevitável, a estrutura da sociedade, ordem jurídica, conhecimento das ciências que estão fortemente enraizadas nas sociedades modernas do Velho Mundo, mas que a primeira vista é irrelevante para os habitantes desse novo continente. Em parte o crédito do biótipo desses habitantes se deve ao local, onde o autor diz “(...) Vivem numa região do país muito aprazível e tão saudável que, segundo me dizem meus testemunhos, é raro encontrar-se lá uma pessoa doente.”. Logo em seguida, com mais detalhamento, são descritos os hábitos de alimentação, a abundância e variedade presente na fauna e flora local, como é realizado o preparo dos alimentos, sem a utilização das especiarias para a conserva e o tempero.

        A estrutura social, que evidencia o papel de cada um no convívio da coletividade. As mulheres no preparo dos alimentos e bebidas, os homens voltados para a caça e as possíveis ameaças como tarefas diárias. A ritualização do dejejum e as festividades. O asseio quanto a imagem, mantendo seus cabelos e barbas sempre uniformes. Sua arquitetura também é evidenciada, assim como seus instrumentos de caça e guerra. A espiritualidade também está presente, ao acreditarem na eternidade das almas, e mesmo que de forma inconsciente, no julgamento e destino daqueles que praticaram atos gloriosos ou reprováveis.

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