TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Resenha Primeiro Capítulo Vigiar e Punir

Por:   •  19/3/2021  •  Resenha  •  584 Palavras (3 Páginas)  •  250 Visualizações

Página 1 de 3

Julia Kopke de Mello

Resenha sobre “Vigiar e Punir” de Michel Foucault.

Foucault inicia “Vigiar e Punir” relatando as formas de pena com o caso de Damiens, condenado por parricídio e a expansão do suplício ao longo do século XVIII. O relato da tortura é feito de forma minuciosa e detalhada, tornando o momento em um tipo de espetáculo para aqueles que assistiam. O autor narra duas formas diferentes de condenação: a primeira sendo o suplício, que era um tipo de penalidade corporal e com excesso de crueldade, também utilizado como forma de “educação” para os espectadores, na tentativa de produzir medo para supostos criminosos, já a segunda se dava através do código penal, realizada com certa sutileza punitiva, tornando a tortura antes física, e agora mental, psicológica.

Vale ressaltar que a Igreja Católica possuía grande influência tanto na política quanto nas condenações. O rei era soberano e se fazia presente em todas as acusações, seu poder deveria ser reconhecido por toda a população, nesse sentido o criminoso se tornava inimigo da Coroa.

É interessante pensar que não se tratava de uma barbárie e sim de uma técnica. De acordo com o autor, a punição só era considerada um suplício se houvesse algumas características, tais quais: era necessária a produção de sofrimento, infringir dor a um corpo proporcionalmente ao ato punido; precisava ser marcante, para que fosse visto por todos e por último, havia toda a “espetacularização” do suplício, como forma de triunfo dos soberanos e detenção de poder sobre os corpos das pessoas condenadas. Por outro lado, sobre o argumento de insanidade mental, o acusado poderia ser liberado da pena de morte, nesse caso, havia um encaminhamento para que um tratamento psicológico fosse iniciado.

O suplício era visto, também, como uma forma do Estado exibir sua força e poder sobre os corpos dos condenados e o carrasco era representada pela figura do rei, havia uma satisfação pessoal em torturar, entretanto, a partir da segunda metade do século XVIII, com o surgimento do iluminismo, essa prática se torna negativa aos olhos do público. Podemos destacar também a mudança nos tipos de crimes cometidos que se tornaram patrimoniais. A burguesia, insatisfeita, começa a cobrar do Estado punições para crimes de bens materiais.

As novas condenações, então, passaram de torturas físicas para torturas psicológicas, numa tentativa de atingir a alma. Os condenados - agora prisioneiros, eram levados a masmorras, sendo privados de alimentação básica.

Penas mais humanitárias surgiram e aos poucos os suplícios e castigos corporais foram suprimidos, as prisões eram mais comuns nas condenações. Contudo, não podemos esquecer que esse tipo de castigo se deu por conta do crescimento econômico e da sociedade capitalista. Baseada em questões econômicas, a prisão, para Foucault, é empregada como forma de controle do sujeito. Com regras e horários para tudo, na prisão o trabalho é obrigatório, gerando mais mão de obra barata para a burguesia e o Estado, além de tornar os corpos dóceis para que não haja mais reincidência. O foco era em controlar e não matar.

        “Vigiar e Punir” nos leva a refletir sobre a transição do espetáculo que era o suplício público para a punição em ambiente fechado, parte do processo de humanização, segundo a leitura da época. No geral, nos 2 primeiros capítulos, Foucault assinala a supressão do “jogo teatral” punitivo sobre os corpos condenados para o aparecimento de castigos racionais, onde antes se utilizava da crueldade e tortura corporal para exemplificar aos que assistem, agora (pós século XVIII), há controle, domesticação dos corpos, disciplina.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (3.7 Kb)   pdf (55.1 Kb)   docx (8 Kb)  
Continuar por mais 2 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com